O senhor está falando sério?

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Noah

Em toda minha vida eu tinha certeza que nunca escutaria três coisas e uma delas é exatamente o que meu chefe disse.

Fui pego de surpresa!

Após perceber que seu olhar é sério perante meu ataque de risos - que sempre acontece quando fico nervoso. - paro de rir na hora.

- O senhor está falando sério?

Ele não responde, apenas continua a me encarar indicando que o que ele falou é extremamente sério.

Mas por que diabos ele quer isso?

- Por quê? - Pergunto em um fio de voz.

- O real motivo não vem ao caso no momento. Só preciso que finja ser meu noivo por cinco dias.

Desapoia as mãos que antes estavam em sua cintura e senta em na cadeira.

- Não posso fazer isso, Sr. Beauchamp.

Óbvio que eu não aceitaria isso mesmo ele sendo meu chefe. Aliás, era exatamente por isso que diria não, ele é meu chefe!

- Eu te pago o dobro! Ou melhor, o triplo do que ganha. Serão só cinco dias. - Ergue sua palma da mão, indicando seus cinco dedos enquanto os balança no ar.

- Me desculpa senhor, mas isso não se trata de dinheiro e sim da minha dignidade. - Declaro ficando ofendido com o rumo dessa conversa absurda.

- Sua dignidade? - Pergunta irônico.

- Sim senhor.

- Ok, Urrea. O que você quer? É só pedir.

- O senhor não ouviu? - Pergunto já impaciente. - Não vou aceitar isso! Ah não ser...

- Ah não ser o quê?

- Que o senhor me diga o porquê dessa oferta absurda. - Digo determinado a ouvir a verdade.

- O motivo não é da sua conta. - Como sempre, ele responde rude.

- Então é não! - Meu tom de voz saí um pouco mais alto do que deveria. Me condeno mentalmente por isso.

Cruzo os braços. Não vou aceitar nada a não ser que eu tenha uma explicação para isso.

Respirando fundo, percebo que ele está se controlando possivelmente para não me assassinar agora mesmo.

- Minha tia-avó morreu e seu último desejo foi que eu noivasse antes de sua morte. Infelizmente isso não aconteceu. Nesses cinco dias será seu velório, quero que minha família veja que levei a sério seu pedido. Partiria o coração da minha avó se ela visse que não realizei seu desejo.

Tomba a cabeça para frente e em seguida me olha.

Confesso que fico sem palavras para o que disse. Caramba! Meu chefe tem coração. Deve ser difícil para ele. Perdeu a tia-avó e o último desejo dela foi que ele encontrasse alguém especial, e Josh me escolheu para fingir ser esse alguém.

Íamos mentir para a família dele?

- E sua família? - Dessa vez, pergunto um pouco mais calmo.

- Bom, isso eu resolvo depois...
Serão apenas cinco dias Urrea, nada mais que isso. Só quero que minha família não ache que sou um monstro sem coração que não deu a mínima pro pedido dela.

Sinto pena do meu chefe pela primeira vez. Lhe ofereço um leve sorriso e me sento na cadeira a sua frente.

- Eu aceito, mas com algumas condições.

- E o que é?

- Primeiro: Vai ser um chefe mais legal comigo...

- Chefe legal? Eu pago seu salário, mais legal que isso é impossível! - Me interrompe.

- Segundo: Irá parar de mandar eu fazer tarefas absurdas em prazo mínimo. Terceiro: Me elogie de vez em quando. Quarto: Vai parar de dizer que sou lento. E por fim, amplifique o meu tempo de almoço. E quero um aumento no meu salário de 4%!

- 3%. - Concluí.

- 3,5%. - Me encara duvidoso. - É pegar ou largar.

- Certo, mas não espere mais do que isso.

- Não se preocupe. - Sorrio.

- Meu motorista vai passar na sua casa Sexta-feira, às nove da manhã.

Sua atenção se volta para o notbook em cima da mesa.

- Tudo bem. - Sussurro mais para eu mesmo do que para ele. - Mas Sr. Beauchamp, e se sua família descobrir?

- Eles não vão. É só cinco dias, já disse. - Começa a digitar algo. - É só isso. Pode se retirar.

Ele olha nos meus olhos e eu faço o mesmo enquanto cruzo os braços.

- Por favor Urrea, pode se retirar. Não solicitarei mais os seus serviços.

Conforme fala, parece que está engolindo ácido só por ser educado.

Me levanto sorrindo.

- Sim senhor.

Fecho a porta atrás de mim. Parece que só agora a ficha do que acabou de acontecer caiu. Eu vou ser noivo do meu chefe diante da família dele no velório da sua tia-avó!

- Deus, eu vou para o inferno. - Sussurro para mim mesmo.

Josh

- Você mentiu para o Noah dizendo que uma tia-avó sua, que nem existe morreu, e o último desejo dela era que você noivasse? - Lamar pergunta e eu apenas continuo a comer na maior tranquilidade.

- Sim.

- Sim? É só isso que vai me dizer? E quando embarcarem em Edmonton? Ele vai perceber que não existe velório nenhum. O que vai fazer, Joshua?

Finalmente olho para meu amigo.

- Isso eu vou resolver lá. Tive que aceitar algumas condições dele. Uma delas foi um aumento de 3,5%. Nunca tinha percebido que trabalho com um mercenário. - Resmungo bebendo meu champanhe e lembrando em como meu assistente é bom em negociações.

Lamar gargalhou. Noah era muito esperto. Arrancar um aumento de Josh, só ele mesmo para conseguir isso. Com certeza seriam cinco dias bem interessantes de acompanhar!

Narradora

Josh por outro lado pensava ao contrário. Esses cinco dias para ele seriam um inferno! Ficar com sua família incluindo seu irmão adotivo, Cloe e Noah Urrea. Ele pensa seriamente em desistir da merda toda, mas seria impossível. Já se envolveu nisso quando confirmou com sua mãe que estava sim comprometido e que havia acabado de pedir Noah em noivado.

Será que teria como piorar a situação?

- Está preparado? Amanhã é sexta amigo, dia de viagem - Lamar informou animado.

Josh ignorou.

A semana passou rápido e ignorou seu assistente ao máximo. Iria passar cinco dias olhando para ele, já era demais. Josh fechou os olhos. Previa uma imensa dor de cabeça. Amanhã começaria o jogo que seu amigo idiota inventou. Nunca foi muito de preces, mais rezava para que Deus tenha dó dele e fizesse os cinco dias voarem.

Porque a partir de amanhã ele seria um homem "apaixonado".

Meu Adorável Chefe Tirano - Nosh | Mpreg! Onde histórias criam vida. Descubra agora