‣ Rage

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Raiva

Jasper consegue enfim segurar a mão dela e a puxa para casa, correndo

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Jasper consegue enfim segurar a mão dela e a puxa para casa, correndo. A mesma ainda estava vazia, o enterro estava terminado, mas Alice iria garantir que sua família mantivesse distância por mais tempo dessa vez.

Já era hora de ir embora, afinal, o único motivo que os fizeram permanecer ali fora o enterro, mas haviam duvidas se esperariam mesmo pelo resto da família para a caçada.

A certeza de que estava amando deixou Jasper um pouco anestesiado, mas como conversar sobre isso? Como convencê-la de que não está o falando apenas para que ela se sinta culpada por seu desejo de vingança? Ele não guardaria isso para sempre. É desnecessário segurar essa verdade, no entanto, não é também o momento certo para dizê-la.

Beatrice segurou a mão dele com força, os conflitos iam a torturando e ela sentia a necessidade de focar apenas em uma coisa de cada vez, embora não seja de seu feitio deixar qualquer ponta solta. Era difícil não pensar no futuro, ela gosta muito de se programar.

O casal sentia-se em maus lençóis, tinham se colocado nessa situação e não sabiam como sair dela. Tudo porque o leão se apaixonou pelo cordeirinho.

Jasper a guia para a sala, se encaminham para o sofá e se sentam lado a lado. Ela dissecaria cada informação que pudesse, a última coisa que precisava era de um julgamento no mundo sobrenatural e não podia ser morta antes de ter certeza que Charlie poderia viver em paz, no eterno luto, mas pelo menos ele não correria riscos de ter cada gota de seu sangue sugado.

— Vai me falar agora tudo o que preciso saber?— pergunta para Jasper, ainda de mãos dadas, ela as puxa e pousa em seu colo. Jasper respira fundo, sentia que precisava de tempo e uma hora sua família retornaria para casa, então a opção de ir embora com Beatrice exigiria um bater de boca direto com seus pais. Alice não poderia mantê-los longe para sempre.

— Vou se me disser que não vai sair daqui sem mim. Me diga que não quer me afastar, ou melhor, que não vai me afastar— ele enfatiza a encarando com seriedade e urgência. Beatrice tenta manter o contato visual, tenta manter a calma. Se a contar tudo que ela precisa saber, então que utilidade ele teria para ela mais tarde? O pensamento faz Jasper se sentir inseguro por um momento.

— Você saberia que eu estou fugindo no exato momento que eu pensasse em tal.

— Não fugindo, mas indo embora, seria escolha sua ficar sozinha e eu não quero que isso aconteça, porque eu sinto que terei que te deixar ir. É uma via de mão dupla, Beatrice, e eu não vou ficar no seu caminho se você não quiser— por mais que me doa, ele acrescenta em pensamento. Certeza? Ele não tinha nenhuma, mas se ela falasse para ele sair da frente, ele sairia. Ou ao menos essa é a ideia. Beatrice balança a cabeça em concordância, lentamente.

Nunca em sua vida tinha ligado tanto para o que os outros falavam, mas as vezes, palavras podiam ser mesmo uma arma e tanto. Ela sabe que Jasper não está tentando magoá-la, e por mais engraçado que isso pareça, é assim que ele a está magoando. Por ser sincero, por ter a coragem de dizer a ela que poderia deixar ela ir.

Pessoas confusas machucam as pessoas certas. Não é sobre o que sente por Jasper que ela está confusa, mas a frase certamente ainda se encaixa. Porque, conforme as horas se passam, ela vai perdendo a certeza das coisas, sua determinação oscila. São muitos sentimentos, muitas consequências a serem consideradas. E ela sabe que não é só ela que está sofrendo com isso, que ainda vai sofrer com suas escolhas.

— Eu...— ela deixa a voz morrer, dá tapinhas nas costas da mão de Jasper, nervosa— Não gosto como isso abala a gente, e também não quero ficar sem você. Você é o que me restou, mas...

— Não deveria haver um mas— ele a interrompe, Beatrice lhe dá um sorriso triste, sem mostrar os dentes, leva a mão livre ao rosto dele, passando o polegar na sua bochecha.

— E ainda há, Jazz— ela continua— Tudo se trata de uma escolha: se vamos nos separar agora ou mais tarde. Não sei se vai doer do mesmo jeito... e talvez fosse melhor a gente já lidar com isso...

— E se...— ele trinca o maxilar, isso pode desencadear uma discussão maior, ele prevê, mas não custa tentar— Não. Olha, eu não te peço para perdoar meu irmão, Tris, mas tenho que te pedir para esquecê-lo— ele fala depressa, agoniando-se quando ela tira a mão de seu rosto— Ele também deve estar sofrendo, Beatrice, ele...

— Ele matou a Bella!— Beatrice se exalta se levantando e saindo de perto do loiro para andar de um lado para o outro na sala. A raiva possui seus nervos rapidamente com a mínima lembrança do rosto de Edward.

— Exatamente— Jasper fala, se levantando, encarando-a com cautela— Ele matou a garota pela qual estava loucamente apaixonado porque a sede o domou, Beatrice!— controla a língua para não falar que foi um efeito colateral. Beatrice ainda não experimentou o sangue humano, ela não entenderia. Fora ser frieza dizer algo assim— Ele achou que tinha forças, mas não tinha, imagine o inferno que ele deve estar vivendo, ele só não queria que ela tivesse essa vida porque ele mesmo não queria...

— O inferno que ele está passando?! Ele não tinha o direito de tomar essa decisão por ela!— a morena vocifera, para de andar encarando Jasper, fica furiosa, ela queria chorar, queria botar toda a raiva para fora de qualquer jeito, que hora perfeita, as coisas transbordam, sobem no seu peito e ela não se contém— ELA ERA MINHA IRMÃ!— grita— NÃO TEM NEM COMPARAÇÃO EM QUEM A AMAVA MAIS! UMA GAROTA QUE SEQUER TEVE UMA CHANCE, UMA CRIANÇA QUE EU NÃO FUI CAPAZ DE PROTEGER, A MINHA VIDA TODA EU FALHEI COM ELA, NUNCA ESTIVE PRESENTE E EU NUNCA TEREI A CHANCE DE MUDAR ISSO PORQUE ELA SE FOI! ELA ESTÁ MORTA! ENTERRADA! ADEUS, ISABELLA SWAN!— ela sentia a dor a sufocando, afundava seu peito, sua garganta doía e não era pela sede. Jasper observa com calma a garota perder todo o controle, não há o que argumentar, Beatrice tinha se mantido "calma" em um tempo recorde— MINHA IRMÃ, SANGUE DO MEU SANGUE E EU MAL A CONHECIA! NEM TIVE TEMPO COM A MINHA IRMÃZINHA, JASPER! NÃO TIVE PORQUE NOSSOS DESTINOS SE CRUZARAM E EU NÃO FUI ESPERTA O SUFICIENTE PARA RECUAR!

Preferia que tivesse batido em mim, Jasper pensa desviando o rosto magoado mas não a interrompe. A raiva é uma das fases do luto, ele só precisa não deixar com que essa raiva explosiva dela também o corrompa.

— Isso está doendo pra caralho, eu sei que a morte de ninguém vai ressuscitar ela, eu sei! Eu mataria qualquer um para trazê-la de volta sem hesitar nem pela porra de um segundo! O mundo pode ser mágico, mas a morte vêm para todos, que maravilha!— as mãos de Beatrice tremem, ela segura o próprio pescoço, fica puta porque Jasper não está brigando de volta, fica puta porque ele está sendo racional, que ele a está escutando— Nunca mais vou ver meus pais! Eu nunca mais vou ver minha melhor amiga porque eu me apaixonei por quem não devia e eu ainda nem sei que porra que a gente é!— sua fala atrai de volta o olhar dourado do empata, Beatrice faz careta, sente-se pequena, insignificante, impotente— Ela... ela tá morta... — ela geme, se abraça e cambaleia— Eu queria... eu quero tanto ela... minha irmãzinha...

As memórias se desencadeiam, todo o tempo que ela passou sem conseguir visualizar Isabella, não serviu de nada. Ela se lembra da garota, do sorriso contido dela, da forma como corava, como se encolhia, do olhar apaixonado e fofo que dirigia à Edward Cullen. Tudo parecia ter sido a uma eternidade.

Beatrice se sente tonta e não quer pedir desculpas para Jasper porque tudo o que disse foi verdade então apenas encara ele por um longo momento.

— Antonella...— ele começa, mas isso não significa que sabe o que falar.

Ela ignora o chamado do loiro e corre mata a dentro em disparada. Precisa de ar. Jasper demora apenas um minuto para ir atrás dela. Queria ser mesmo capaz de deixá-la ir, mas talvez não conseguisse ter tamanha maturidade. Havia uma corda o puxando para ela, ela era seu destino, e ele não queria fazer nada para se livrar disso.

BEA, Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora