‣ Hand of a friend

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A mão de um amigo

A escolha de voltar para Forks ainda é mútua porque Beatrice quer ver mais uma vez como seu pai e sua melhor amiga estão, uma vez que ela não matou ninguém por quem passou perto, imagina que as chances de machucar quem ela ama estão abaixo de zero

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A escolha de voltar para Forks ainda é mútua porque Beatrice quer ver mais uma vez como seu pai e sua melhor amiga estão, uma vez que ela não matou ninguém por quem passou perto, imagina que as chances de machucar quem ela ama estão abaixo de zero. Apesar da desconfiança e do silêncio incômodo durante a viagem, eles não soltam as mãos um do outro.

Ótimo, é definitivo que ela está fodida. Não é adorável? Tantas coisas acontecem quando ela decide ser um ser humano melhor! Justo por causa do cara que ela mais odeia e ainda decidiu poupar por causa de amor.

Ela seria presa ou ainda morta porque Edward teve medo de chegar perto dela. Egoísta filho da puta.

Quando estão perto de casa, Beatrice força Jasper a parar de correr, ele a olha confuso e ansioso para que ela quebre o maldito gelo.

— Eu vou ver meu pai antes de tudo— ela fala.

— Sozinha?— Jasper pergunta.

— Sozinha— ela assente e permanece com a cabeça baixa. Jasper hesita, então a abraça e beija o topo da sua cabeça. Beatrice retribui depressa, estava ansiosa e o abraço dele era quase o mesmo que uma cura instantânea— Eu já volto— murmura no ombro dele.

— Estarei te esperando. Eu te amo.

— Eu te amo— eles se afastam relutando e Beatrice o rouba um selinho antes de ir correndo mais adentro de Forks.

Charlie Swan estaria pescando nesse domingo de manhã, mas estava apenas em casa. Sua casa absurdamente silenciosa e sem cor. Estava bebendo uma cerveja sentado no sofá, encarando fixamente uma escultura que recebeu anonimamente, tão perfeita e polida, ele sentia que esta o encarava de volta parada na mesa de centro. Beatrice chega quando ele está virando a garrafa, o corpo todo fica tenso conforme o cheiro forte e quente queima sua garganta, ela cerra os dentes e se aproxima lentamente da casa, é um ponto isolado, não precisa se preocupar que vizinhos a vejam. Ela chega perto da porta da frente e não consegue conter o impulso de pegar na maçaneta. Se congela, ouve o sofá ranger, Charlie está se levantando. Ela bufa tentando repelir o aroma e se aproxima com cuidado da janela, ela sorri brevemente quando seus olhos finalmente encontram "seu velho", mas ainda assim ele exala uma energia deprimente demais e o sorriso dela evapora. Ele é a única pessoa por quem Beatrice pediria desculpas sem parar, mesmo que nada disso seja culpa dela.

Charlie pega a escultura e a encara de perto, da tristeza, vem a raiva, viu aquilo como uma tortura, uma piadinha cruel. Onde ele estaria sorrindo e abraçando suas filhas? No céu? No paraíso? Na porra de um lugar melhor? Ah, vai se foder! Charlie solta um grito de ódio e arremessa a escultura pela janela que Beatrice estava o observando, a morena se escondeu a tempo, antes que sequer a escultura chegasse ao chão, ela estava escondida entre as árvores do bosque. A janela está quebrada agora, Charlie observa, se estressando ainda mais. Respira fundo tentando se controlar e marcha para a cozinha batendo os pés. Demora-se na frente da geladeira, cogitando acabar com essa dor, não temia mais a morte, suas filhas estão mortas, ele não tem uma esposa nem um animal de estimação, podem o substituir no emprego, seus amigos talvez até entendessem, o que está o prendendo ali, honestamente? Ele pega a garrafa mais gelada que consegue encontrar, bate a porta da geladeira e retorna para a sala. Não vê o vulto que passa na sua frente correndo de volta para o enorme buraco na janela pois está concentrado demais em abrir a garrafa, mas assim que levanta os olhos, tudo o que ele consegue ver é a maldita escultura no exato mesmo lugar de minutos antes, sem nenhum arranhão ou mancha de terra, como se nem tivesse tocado o chão. Uma brisa fria entra pela janela enquanto ele deixa a garrafa cair no chão e se estraçalhar.

Ele sai correndo de casa como que para procurar quem tinha feito aquilo, mas Beatrice já estava longe. Ela salvou a vida do pai sem saber — ou apenas a estendeu mais um pouco — porque agora ele precisa saber como isso aconteceu, estava se cansando de não ter respostas. Não vai parar até achar algum sentido, alguém para culpar. Isso era um sinal, ele entende, suas filhas não estão querendo ser esquecidas.

Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ

Katlyn Jones está sozinha no cemitério, a cacheada não é de acordar cedo, mas não consegue mais dormir desde que Beatrice morreu, pesadelos a fazem acordar chorando, ela está com olheiras enormes, mal come, mal consegue se concentrar em qualquer coisa, os "amigos" se afastaram em pouco tempo, seu ficante já está se cansando. Ela sente que perdeu uma parte de si. Ela está ajoelhada no túmulo da amiga, todos os dias, traz flores novas e fica ali, simplesmente parada, encarando a lápide de boa-filha-e-amiga. Diversas flores porque Beatrice sempre gostou de variedade. Está acabada, os olhos vermelhos e inchados, os cabelos presos num coque mal feito e desajeitado, ombros caídos e olhar sem brilho, ela esqueceu como sorrir, não usa muita coisa além do pijama e um casaco. Definitivamente essa não é a Katlyn que Beatrice bem conhece.

Beatrice demora um pouco para a achar, ouviu uma conversa desanimada dos pais de Katlyn. "Ela está no cemitério de novo", suspira o pai de Katlyn quando a mãe chama pela filha. Beatrice corre para o mesmo sem hesitar, quer se poupar de ouvir essa conversa triste, o dia já está sendo bem difícil para ela também.

— Eu... queria poder mudar essa lápide— Katlyn fala sozinha, faz isso sempre, sente que Beatrice pode a ouvir. Dessa vez é pra valer. A vinte metros, escondida entre algumas lápides mais altas. Não eram para tanto e ela teve que ficar ajoelhada. Era muito bom ver ela de novo, Beatrice só se toca do quanto sente falta da sua melhor amiga quando a vê e não pode ir abraçá-la— É assim que eles vão te definir?com isso? Você era mais do que uma boa filha, mais... d-do que uma boa amiga— ela treme com a voz embargada. Beatrice sente seu peito afundar ainda mais e ela precisa parar de encarar a cacheada para respirar fundo. O vento está a seu favor então o olfato não é lá tão preocupante. Ela ouve Katlyn soluçar e isso a machuca muito. Uma facada, como o grito de Charlie. Ela estremece e se abraça, queria chorar.

Começa a esfriar, mas Katlyn é a única que sente. Ela olha para o céu, sempre cinza, não entende a neve que começa a cair diretamente na sua cabeça. Ao redor dela e somente nela. Katlyn se levanta e Beatrice volta a olhá-la, confusa consigo mesma, sabia que era obra dela. As duas sempre amaram a neve. Claro que Katlyn chorou mais ainda e riu porque sentia saudade da melhor amiga. Sua alma gêmea.

— Oi, Antonella-Nella— ela cumprimenta erguendo a mão para o céu.

— Oi, KitKat-Katzinha— Beatrice sussurra sorrindo, a cacheada com certeza não a escutou— eu sinto sua falta, minha lufana— como queria poder dizer isso em voz alta.

— Eu amo você... sinto sua falta— ela chora, Beatrice quis ter o dom de Jasper pela primeira vez para fazer com que todos que ela ama se sentissem bem. Mesmo que só por um minuto. Ela suspira e corre para longe, de volta para a floresta que ronda toda a Forks. Katlyn vê seu vulto, não sabe o que pensar. Está num cemitério, neva sobre ela e nada além disso— TRIS!— ela grita, nem ela mesma não sabe bem porquê. Beatrice já está longe, mas não significa que ela não ouviu. De um minuto para o outro, parou de nevar.

BEA, Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora