꧁ Uma única rosa ꧂Jasper ainda quer levá-la para fora, talvez para não perderem essa noite de estrelas, quer que Beatrice veja o que o mundo tem de bonito.
— Vou fazer umas compras no vilarejo— ele diz ao sair do banho com uma toalha na cintura e outra usando para esfregar o cabelo— Roupas novas, alguma preferência?— pergunta olhando a morena escondida debaixo das cobertas. Ela mede ele de cima a baixo com o olhar malicioso. Jasper ri— A gente vai dar uma volta— ele joga a toalha na cara dela, cobrindo a cara da tentação— Sua vez de tomar banho, você vai gostar.
— Uau. Obrigada por me entregar uma toalha encharcada, meu querido, é o presente mais romântico de todos— ela ironiza tirando-a de seu rosto e bagunçando ainda mais seus cabelos sempre selvagens.
— De nada, minha querida— ele se debruça sobre ela e a rouba um selinho carinhoso, Beatrice segura seu rosto e o torna em um beijo mais demorado, quer puxar ele de volta para a cama que eles conseguiram não quebrar, mas Jasper resiste e se desvia dela, rindo— Vai para o banho, Tris!— aponta a porta do banheiro que saía um pouco de vapor. A garota revira os olhos e se descobre, Jasper a mede de cima a baixo completamente nua e contém o sorriso. Ela sabe que ele está olhando e dá um tapa na própria bunda. Jasper dá dois passos na sua direção e recua três fazendo careta— trapaça.
— Eu estou te chamando para janta, você que quer pular— ela diz entrando no banheiro e deixando a porta aberta. Jasper gargalha e balança a cabeça, se veste rapidinho com o que tem na mochila, uma blusa de manga comprida cinza e mais uma calça jeans preta.
— Eu vou me sentir tão sozinha— a garota reclama enquanto ele calça os tênis mais uma vez, o aquecedor do quarto estava em alta, até que eles estavam secos.
— Eu já volto— ele sorri de lado um tanto metido.
— Está indo sem necessidade, para início de conversa— Beatrice contesta, ele vai até a porta do banheiro e para encarando-a de longe; uma distância segura. Beatrice encheu a banheira de espuma e tem um montinho no topo da sua cabeça, Jasper ri com a cena infantil— Ah, o que é?— ela faz bico, manhosa.
— Pode ficar sozinha? Os doces estão encima do armário— ele zomba. Beatrice lhe mostra o dedo do meio cerrando os olhos com um sorrisinho cínico— Também te amo— ele a manda um beijo e penteia o cabelo com os dedos.
— Escova de cabelo— eles falam ao mesmo tempo, como um lembrete— E de dentes porque, convenhamos— Beatrice continua, arregalando os olhos.
— Preferência de roupa?— Jasper a pergunta mais uma vez.
— Não— ela dá de ombros. Ele corre para a porta.
— Comporte-se!— ele fala.
— Se não o quê? Você vai me punir?— ela sorri maliciosa.
— Vou te punir de qualquer jeito— ele sussurra e sai. Não para de sorrir enquanto caminha apressado para a direção do vilarejo. Beatrice suspira ao ficar sozinha, o silêncio fica um pouco alto demais quando ela se toca que já está com saudade dele. Isso é meio desesperador. Ela se afunda na água sem prender o fôlego e deixa a água tapar seus ouvidos. Ela deixa os olhos abertos e brinca com as espumas por baixo, fica pensativa, mas, por alguma glória, nada ruim demais.
Ela observa a água, sentia que seu dom era algo relacionado a isso, mas o quanto ele podia ficar melhor? Ela se senta de novo, queria testar uma coisa. Parecia meio grotesco gesticular com as mãos se ela sabia muito bem que podia fazer isso com a mente, mas ela o fez mesmo assim. Ela deixou a mão erguida á uns vinte centímetros da água, tinha que focar só nisso não queria que isso saísse do seu quarto. Parece que há um fio pequeno puxando uma faixa d'água como uma serpente se erguendo, ela sente como se estivesse sugando a água para sua palma, Beatrice se mantém focada e sorri.
— Ótimo, eu moldo a porra da água— ela balança a cabeça e deixa a água cair de novo, fecha os olhos, como que para meditar— Isso vai ser bom, Tris— ela murmura. Não tem dificuldade para fazer a água da banheira se agitar, ela fica trêmula e flutua devagar. Beatrice não precisa ver, já sente que dá certo, vem de dentro dela. É, em grande parte, um alívio, como se fica depois de receber uma massagem muito bem feita em cada um de seus nervos. Só não supera o sexo, mas tudo bem. Melhor assim, não é?
Beatrice respira fundo e se assusta com batidas na porta, perde todo o foco e a água despenca de uma vez, molhando todo o banheiro. Um coração batendo. Merda, Jasper não pediu para que não tivesse arrumadeira? Ela se levanta depressa e pega a toalha na cama, se seca depressa, não tem como fingir que não tem ninguém no quarto, a queda da água fez muito barulho. Há mais batidas fracas na porta, Beatrice hesita por um longo momento, enrola-se na toalha e vai para perto da porta prendendo a respiração. A entreabre com metade do rosto escondida, escondendo o olho vermelho, o cinzento não deve assustar tanto. Por uma fresta pequena, ela olha para frente não vê nada, mas então desce o olhar, e vê a garota da noite anterior, sua vizinha.
— Oi— ela sussurra, nervosa.
— Você é muito bonita— é a primeira coisa que ela fala, Beatrice sorri confusa.
— Você também é— admite, a garota está ainda mais perto, Beatrice fecha a mão com força e a pressiona contra a parede, se jogaria para longe dela se necessário.
— Eu vi seu namorado saindo, ele é seu namorado, né?— ela tomba a cabeça de lado, o olhar curioso— Isso é lente de contato?
— Sim, para as duas perguntas— Beatrice ri, tensa.
— Eu... vi essa rosa e pensei em você— ela puxa a rosa das suas costas, rosas tem espinhos, Beatrice cerra os dentes implorando mentalmente para que a garota não furasse o dedo. Ela pega a rosa vermelha da mão da garota tomando cuidado para não tocar os dedos dela, a rosa ainda está nova, aberta e muito bonita mesmo— Eu roubei da recepção— ela admite. Beatrice sorri.
— Só para me dar?
— Você falou comigo ontem— a pequena dá de ombros enfiando as mãos nos bolsos, nenhum corte— Obrigada.
— Você é uma garota muito inteligente, dá para ver— A Swan está realmente impressionada, a menina sorri tensa.
— Eu só queria te dar isso— Felicity recua e vai embora correndo. Beatrice sorri de canto e fecha a porta devagar encarando a rosa. Tomou isso como se fosse um sinal de que esse era o caminho certo.
Beatrice as vezes acredita que recebe dicas do universo, não é uma crença absoluta e firme, mas ela sabe que algumas respostas — se não todas — são muito sutis quando você está se perguntando demais e não ganha nada. Uma garota que ela quase matou ter os olhos de sua irmã morta, que gracinha de piada. Essa foi muito boa, universo. Mas a rosa...?
Beatrice se senta no chão do lado da porta. Não é sua flor favorita e ela nem sabia se era a de Bella, mais ainda assim se lembrou da sua irmã enquanto a encarava. É uma flor que ela levaria para o túmulo de Bella. Uma única flor para uma única alma. Bela e pura.
Raiva, tristeza, mais raiva, depressão e, por fim, acomodação. São sentimentos que oscilam no controle pela próxima meia hora em seu peito. Ela não aceitou, apenas... se acomodou. Ela não pode seguir na vingança se isso vai arriscar com que ela perca Jasper. Não quer magoá-lo e ele é tudo que ela tem agora. Beatrice leva a rosa aos lábios, perguntando-se se Bella amou Edward mesmo quando soube que ele não pararia. Beatrice fecha os olhos com força e a raiva retorna, mas ela consegue domá-la. Por Bella, e principalmente por Jasper, ela decidiu que não iria atrás de Edward. Ela vai viver por quem está vivo, decidiu e colocou a rosa no chão ao seu lado.
— Descanse em paz, Bells— sorri triste. Que bom que está sozinha agora.
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BEA, Jasper Hale
FanfictionAcima de tudo está o amor verdadeiro. Este que vai além da razão e do senso. O que lhe faz agir muito antes de pensar e faz com que você se sinta vivo, para variar. Eles não esperavam encontrar o amor, tampouco esperavam senti-lo dessa forma. Ele...