Acima de tudo está o amor verdadeiro. Este que vai além da razão e do senso. O que lhe faz agir muito antes de pensar e faz com que você se sinta vivo, para variar.
Eles não esperavam encontrar o amor, tampouco esperavam senti-lo dessa forma. Ele...
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Eles chegam deslizando como se seus pés nem tocassem o chão quando o entardecer chega. A maioria em capas cinzas, os outros, claramente os principais, vinham no meio com capas pretas. Todos usando suas toucas e escondendo seus rostos, só param de andar até estarem a cinquenta metros de distância. A desvantagem do lado dos Cullen era clara e isso logo botou um sorriso discreto nos lábios dos irmãos Volturi que rapidamente os desfizeram ao baixarem as toucas.
— Talvez a gente devesse matar todos eles— Beatrice tinha sussurrado para Jasper mais cedo, quando eles estavam criando um rastro de maneira lenta.
— Talvez— Jasper concorda, cerra os olhos, pensativo, pega a mão de Beatrice. O silêncio os envolve numa bolha e eles caminham pela floresta calmamente, cansados de preencher o vazio com palavras de consolo. Eles só estavam esperando ter sorte.
Apesar de todas as afirmações e esforço, a ansiedade de Beatrice a corrompe e ela caça obsessivamente por Edward, o olhar vidrado, ela treme e cerra os dentes, aperta a mão de Jasper tentando se focar. Não encontra Edward escondido atrás de Aro com a cabeça baixa como muitos outros, de mãos dadas com April e Jane. Carlisle toma a frente da família, como sempre. É agora, é agora, Beatrice fica repetindo em pensamento, o tempo desacelera bruscamente. O julgamento vai começar.
— Aro, meu velho amigo!— cumprimenta Carlisle em voz alta— Que prazer é vê-lo de novo!
— Carlisle, mas que recepção calorosa esta que me preparou!— ironiza Aro. Beatrice o encara com desgosto. Aro não é nada do que havia imaginado, ela se surpreende com o quanto alguns vampiros podem ser feios.
— Uma grande recepção para uma grande visita— Carlisle sorri, apontando para a guarda.
— Claro que saberia que viriamos— os olhos leitosos e vermelhos cintilam na direção de Alice com ânimo— mas sabe como é, sou um homem importante, não posso ficar desprotegido...
— Eu entendo— o doutor responde, assentindo. Um silêncio estranho se segue, mas nada que Aro não possa preencher.
— Creio que sabe porque vim até aqui— ele procura por Beatrice juntando as mãos diante do peito com ansiedade, não quer enrolar— Vi como vocês tem uma companhia interessante. Beatrice Swan, está correto? Pode se aproximar, querida?— Aro tem uma presença de uma criança, Beatrice pensa, uma criança criativa, pequena e manipuladora. Mais uma vez, todos os olhos se voltam para ela, Aro sorri e bate palminhas quando ela e Jasper andam para frente, para o lado de Carlisle.
O nome Swan faz Edward erguer a cabeça, curioso. Sua família o identifica rapidamente com tristeza pelos olhos vermelhos e a face cansada. Ele também olha diretamente para Beatrice, e quando a garota foca nele, o campo se esvazia. Um único alvo existente, o assassino de sua irmã, Beatrice só enxerga seu demônio. A raiva a sufoca e nubla o céu, a respiração fica irregular e trêmula, os ombros tensos. Trovões rompem no céu escuro, a terra treme. Todos se impressionam, um burburinho começa do lado das testemunhas dos Volturi. Edward franze a testa, se lembra de Beatrice e por consequência se lembra da outra garota, mas isso não o leva a lugar algum.
Ele a encara confuso pelo ódio óbvio da garota direcionado a ele. Aro se põe na frente de Edward, quer a atenção de Beatrice, ele é o foco de tudo. Surpreende-se que a garota tenha tido a exata reação esperada do rapaz, lá no começo.
— Isso é você, imagino— Caius diz com um sorriso presunçoso apontando o céu— Mas não é só isso que consegue fazer, não é? Eles não te protegeriam tanto se você só fizesse chover— o loiro caminha para a frente, se aproxima com pose destemida exatamente porque sabe que Alec e Jane vão acompanhá-lo. Ele avança confiante, ultrapassando a linha invisível que separava eles de nós.
Beatrice sequer o olha, estaria com dor de cabeça no tanto que está em conflito, a sua sede de vingança retornou a toda, ela quer ir até ele, quer afundar a cabeça de Edward no chão. Quer tanto matá-lo.
— As marcas estranhas...— Aro aponta para Jasper— Você ainda as tem?
— Não. Elas demoram para curar, mas é apenas questão de tempo— Jasper diz puxando o braço de Beatrice.
— Como funciona?— Caius pergunta, dez metros de distância— É só rotina, digamos assim, o que você é?— ele cerra os olhos para Beatrice. A garota se segura para não revirar os olhos ou mandá-lo para a casa do caralho. Concentra-se em proteger Jasper com seu escudo, mas logo o estende também para Alice e Esme. Suspira, desistente, ela precisaria de todo mundo imune caso algo desse errado então protege todos do seu lado. A surdez que atinge Edward logo o agita, e como foi induzido a tal, não teve outra escolha se não avisar imediatamente seu mestre. Ele toca a nuca de Aro lhe passando as novas informações, Aro se surpreende, ninguém naquele momento parecia ter um escudo além de Beatrice... Seria possível? Ele fica cada vez mais interessado.
— Eleazar— Aro cumprimenta, mudando todo o foco da pergunta que Beatrice não queria responder. Nem sabia como— Pode se aproximar, meu caro? Gostaria tanto de ter uma opinião mais... Objetiva.
Eleazar por sua vez permanece no seu lugar, do lado de sua esposa.
— A garota possui mais de um dom— ele diz sem mais delongas. Mais uma onda de surpresa na guarda— Imaginamos que a cor diferenciada de seus olhos seja uma dica do seu poder. Talvez uma nova espécie?— ele sugere dando de ombros— Não posso ver muito além....
— Por conta do escudo dela, imagino— Aro completa a fala do homem que apenas baixa a cabeça. Aro pega a mão de Edward e o puxa para seu lado causando um agito raivoso em cada membro da família Cullen— Fascinante! Mais de um dom... — ele fala para sua guarda e testemunhas, querendo aproveitar mais daquela novidade— E seu criador não tinha nada de tão importante, então talvez seja algo apenas seu...— ele pensa em voz alta. Sabia bem em que situação James estava— Ah! Espere, eu tenho uma coisa para você, não podemos esquecer de um dos propósitos da reunião: seu presente de boas vindas para essa nova vida!— ele anda, Edward e April o ladeando, Beatrice se agita lutando para permanecer no seu lugar. O escudo de Aro os segue a distância segurando uma caixa, eles só param do lado de Caius e os gêmeos. Estão perto, uma ofensiva: olhe como estamos confortáveis perto de vocês, são uma piada!
Beatrice tenta manter-se fria, ela respira fundo, Edward a olha fixamente e como válvula ela se lembra de Jasper. Não do pedido de Rosalie ou Esme, mas o de Jasper. Para ficar com ele. Beatrice olha para o loiro, Jasper já está a encarando. Ele sabe o que ela está tentando, e a gratidão o inunda. Ele gostaria que ela pudesse ler seus pensamentos para que ele pudesse se expressar. Gostaria de pedir desculpas e dizer obrigado. Beatrice sabe pelo olhar dele e assente apenas. Encolhe-se do lado de seu marido apoiando o queixo no ombro dele.
Por favor, me tira daqui, ela pensa.
— Venha, querida, se aproxime e receba teu presente— Caius convida exalando cinismo. Aro olha para Jane e assente, quer pôr sua teoria em prática. Jane dá um sorriso suave e encara Beatrice que se solta de Jasper para avançar sozinha. Aro solta a mão de Edward, pega a caixa com seu escudo também assentindo para ela, Beatrice supostamente não conseguiria se aproximar de Aro se tivesse a intenção de matar ele ou qualquer um próximo, não tem como eles saberem se o escudo de Beatrice pode contra o deles.
Mas, como Jasper sempre afirma, não há nada que Beatrice não possa fazer.
