Temos que superar.

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Deixa a estrelinha

Boa Leitura!



O fim de semana passou silencioso e quieto. Changmin ficou os dois na casa de Chanhee, não queria voltar para casa ou correr o risco de sua mãe descobrir. Usou dois dias com o amigo para descansar, assimilar o ocorrido, buscar forças para seguir, mesmo que difícil inicialmente. Com pouca insistência, Hee conseguiu tirar informações, precisamente nomes. Nenhum dos dois tinham problemas com Jacob ou seus amigos, o que fazia a cabeça de Chanhee dar voltas e mais voltas atrás de explicações. Um queria esquecer o que passou e o outro, justiça.

O Choi havia conseguido convencer o Ji a contar ao diretor da escola o ocorrido. Changmin hesitou muito em concordar, não queria se envolver em encrenca, não queria preocupar sua mãe, muito menos dizer a Juyeon que tinha sido seu colega de time a deixá-lo naquele estado, o que acabou virando uma condição para o garoto. Nada de contar ao Juyeon o que aconteceu. 

Chanhee não pensou duas vezes em concordar com o amigo, o importante era que Changmin denunciasse o caso. Sempre que Juyeon perguntava se ele já havia contado, Choi sempre respondia o mesmo “ele precisa de mais tempo”. Estava certo, Juyeon não iria forçá-lo, foi difícil o suficiente para o garoto passar aquela situação, só esperava que Changmin não demorasse tanto, estavam as poucas semanas do fim do ano e o quanto antes resolvesse isso melhor, podendo até evitar que outros alunos passassem por aquilo. Nem conseguia pensar em quantas pessoas já não haviam passado pelo mesmo. Precisava tomar uma atitude mesmo sendo a vítima. O apoio de seu amigo era crucial, por isso conseguia lidar, tinha forças para seguir em frente. Chanhee jamais soltaria sua mão. Mas precisava de coragem, apesar de ser forte e aguentar o tranco, denunciar Jacob não seria nada fácil.

O campeonato de basquete estava se aproximando, os vestibulares, o baile de formatura e o tão sonhado: adeus para o colégio.

Situações ruins sempre seguiam lentas, mas aquele fim de semana foi rápido. Changmin voltou para casa cabisbaixo sem vontade alguma de ir para a escola no dia seguinte. Sentado na ponta da cama encarou os próprios pés. Uma goteira de lágrimas silenciosas surgiu em seu queixo pingando no short verde claro de seu pijama, formando uma pequena mancha molhada. Sua mochila no canto da cama estava vazia. A única coisa que sobrou além das memórias amargas foram pedaços de sua câmera.  

Seu corpo pendeu para trás no colchão macia. Ali ficou encarando o teto, envergonhado. Mesmo tomando um banho longo ainda sentia-se sujo. Deitou de lado encolhido ao abraçar um travesseiro. Ouvia as batidas de sua mãe na porta mas ignorava todas. Aquela noite trancou e fingiu já estar dormindo, por isso chorava baixinho. Respirou fundo algumas vezes e se apertou no cobertor até finalmente adormecer.

[...]

Chanhee levantou cedo, não havia dormido muito bem, tivera vários pesadelos durante a noite. Lembrava daquele dia em específico, o dia em que seu pai saiu finalmente de sua vida. No fundo não era a lembrança que o incomodava, mas o que faria mais tardar. O garoto vestiu seu roupão rosa de cetim e desceu para passar um café fresco. Pela janela era possível notar a escuridão, ainda levaria alguns minutos para amanhecer o dia. 

Com paciência e sem fazer barulhos, colocou uma água para esquentar. Gostava de café espresso mas, quando buscava um pouco de paz, necessitava de um fresquinho e forte. Raramente fazia seu café, já que era de costume estar sempre atrasado. O fim de semana turbulento com seu melhor amigo acabou por mudar isso drasticamente. Chanhee se encontrava antes do dia amanhecer passando um café, com olheiras que marcavam mesmo que minimamente o rosto de porcelana, se contasse a ele mesmo de dois dias atrás não acreditaria.

Photograph | JukyuOnde histórias criam vida. Descubra agora