La Casa De Papel - One Shots [PORTUGUÊS]

Cartas para a Nairobi - Tóquio

POV. Tóquio

O Helsínquia deu-nos a ideia de escrevermos uma carta para a Nairobi. Encaro o papel à minha frente ainda em branco com uma caneta em cima. Sinto as lágrimas acumularem-se nos meus olhos e limpo-as.

"Querida amiga,

Tu não o merecias! Eu amo-te. És a minha melhor amiga, és minha irmã. És uma verdadeira amiga. Estiveste sempre ao meu lado e..."

Tento rir ao me lembrar de momentos meus com a Nairobi. A nossa primeira noite em que nos embebedámos e o Professor deve de vir nos repreender, o nosso abraço quando nos reencontrámos, Ibiza,...

Consigo formar um pequeno sorriso, mas desaparece assim como surgiu e mais lágrimas se apoderam de mim e fico com os lábios tremendo. Pressiono-os um contra o outro e fecho os olhos com força, mas não ajuda muito.

As lágrimas começam a descer-me pelas bochechas e molham o papel, afasto-o e escondo a cara nas mãos e fico chorando aos prantos.

POV. Mônica

Converso animadamente com a Raquel enquanto vamos para o meu quarto. Calo-me quando ouço um choro vindo de um dos quartos. Eu e a Raquel entreolhamo-nos e seguimos o som do choro. Vem do quarto da Tóquio.

- Tóquio?... - Bato à porta, que se encontra entreaberta e abro.

Vejo a Tóquio limpando as lágrimas e eu e a Raquel aproximamo-nos.

- O que aconteceu? - Pergunta a loira.

A Tóquio limpa mais umas lágrimas e abre a boca.

- E-eu n-não... cons-s-sigo - Reparo num papel ao lado da mais nova.

Leio o papel e abraço a Tóquio sabendo o que é.

A Tóquio hesita, mas aceita escondendo o rosto no meu ombro e deixa-se chorar ali. Passo uma mão nas suas costas, tentando consolá-la.

- Está tudo bem, podes chorar à vontade - Sussurro ao seu ouvido.

Fico com lágrimas nos olhos também e vejo a Lisboa com uma expressão confusa e faço um sinal com o olhar para o papel e assim que ela entende, coloca uma mão no ombro da mais nova.

Desde que a Raquel entrou no banco, a relação delas melhorou um pouco com altos e baixos no assalto.

- Silene... nós sabemos como dói - Diz a Raquel, com lágrimas nos olhos.

- N-não sabem - Tenta falar com a voz ainda muito falha. - E-ela er-era... é a minha melhor amiga!

- Tóquio, - Afasto um pouco o rosto do meu ombro para olhar para ela. - dói e muito. Nós sabemos e é normal.

Ela limpa mais lágrimas.

- Estamos aqui contigo - Diz a Lisboa.

- Vem cá - Dou-lhe outro abraço e deixo a Tóquio chorar mais no meu ombro.

- Eu quero a Nairobi! Eu quero ela - Soluça a Tóquio.

Encaro a Raquel e estamos as duas chorando em silêncio.

Sinto a Tóquio abraçar-me apertado e continuar a soluçar.

- Te amo, Nai - Oiço um sussurro da Tóquio e o meu estômago revira-se e uma lágrima escorre-me pela bochecha.

Tento consolá-la com a ajuda da Raquel e, quando ela se acalma, afasta o rosto com os olhos vermelhos e ainda fugando um pouco.

- Desculpem - Ela limpa as lágrimas.

- Não tens de pedir desculpa - Digo.

- Raquel, podes ir buscar um copo de água?

A mais velha assente e sai.

- Queres falar sobre isso? - Pergunto, limpando-lhe umas lágrimas.

- Não sei o que dizer... A Nairobi é a minha melhor amiga. Esteve sempre ali para mim, nunca me julgou e... - Ela volta a chorar.

- Queres escrever a carta mais tarde ou que a escreva por ti?

- Eu acho que escrevo depois, mas obrigada, Monica!

- Mas é que... Eu já perdi muitas pessoas n-na minha vida, mas a Nairobi é a minha melhor amiga e perdê-la foi... devastador para mim. Doeu mais que todas as outras perdas que já tive - Ela volta a limpar as lágrimas.

- Eu sei, Tóquio.

A Raquel entra com um copo de água e entrega-o à Tóquio passando a mão nas suas costas.

A Tóquio, que ainda treme um pouco, aceita o copo, bebe um gole e respira fundo.

- Obrigada, meninas! - Ela sorri bem fraco.

- De nada - Dou-lhe um pequeno sorriso acolhedor. - Se quiseres falar, eu estou aqui.

Ela assente, ainda chorando um pouco.

- Desculpa, a sério!

- Está tudo bem.

Faço um sinal à Raquel para nos deixar um pouco.

- Eu acho que vou escrever a carta - Diz a Tóquio.

- A sério? Queres que fique aqui?

- Não, e-eu consigo - Responde ela.

- Já sabes. Se precisares de algo, estou aqui - Aviso e dou-lhe um último abraço antes de a deixar sozinha.

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POV. Tóquio

Vejo a Monica sair. Fecho os olhos, bebo mais água e respiro fundo, pegando na caneta e no papel.

"Querida amiga,

Eu não consigo escrever isto no passado, é muito recente ainda. Não te importas, certo? Nairobi, és a minha melhor amiga e minha irmã. Não sei como continuo aqui sem ti.
A ideia de não te puder ter aqui é... inacreditável e nunca o superarei.

Limpo mais lágrimas.

Estiveste sempre ao meu lado nos momentos bons, menos bons e nunca me julgaste. Fizeste tanto por mim que eu jamais seria capaz de retribui-lo noutra vida.

Não me seguro e continuo a chorar enquanto escrevo com a letra um pouco torta, por estar a tremer, mas é possível ler-se.

Eu sinto que nem fiz por ti metade do que fizeste por mim. Quer dizer,... aceitaste resgatar o Rio por mim, sabendo que ia ser arriscado e nunca me deixaste ficar em baixo por vos chamar a todos para o assalto. Eu tenho muito mais coisas que tenho de fazer por ti. Sabes o filho que ias ter?
Bom,... estou grávida e és a primeira a quem conto. Eu juro que antes nem sabia o que fazer e estava pensando em abortar, mas... não o farei. Por ti, ao contares-me que o Professor aceitou e vi na tua cara a felicidade por ires ter um filho e a Monica com o Cincinnati, percebi que um filho pode ser maravilhoso. E tê-lo-ei por ti, querida amiga. Se for menina, chamar-se-á Ágata, mas se for menino, Ibiza e vai crescer ao saber como a sua madrinha é incrivel. Te amo muito, Nairobi!
Farei tudo por ti! És a minha irmã e quem me dará força para ultrapassar todos os meus objetivos. Assim que voltarmos às nossas vidas, vou tatuar Nairobi no meu peito para ficar contigo para sempre. Eu não sei o que fazer sem ti. Só sei que vou sentir muito a tua falta e...

Com lágrimas de emoção e lembrando-me quando entramos no banco e gritámos todos "Pela Nairobi!"

...que o farei por ti. Adoro-te do fundo do neu coração. Isto não é um adeus, é um até logo!"

Choro, aliviada e feliz por escrever uma carta tão linda e desabafo junto.