Berlermo

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POV. Berlim

Ninguém para além do meu irmão sabia que estou vivo e eu ia o revelar agora. Que a polícia na verdade não me matou.

- Vão abrir as portas. Prepara-te, Andrés!

- Ouvido - Digo.

Levo um colete à prova de balas por cima do smoking para o caso de tentarem disparar-me. Vejo as portas serem abertas e corro com um pano branco que levanto bem alto para todos verem que venho em paz.

Oiço múrmuros entre as pessoas, mas não dou importância. Oiço alguns perguntar "Quem é aquele?" e outros dizendo de boca aberta e sem acreditar "É o Berlim".

Entro no banco e vejo a Tóquio, o Denver e o Santiago olharem para mim sem reação.

- Olá, meus amigos. Há quanto tempo, não? Soube que precisam de ajuda.

- Vo-Você morreu, cara - Balbucia o Santiago.

- Estou vivinho da silva. Qual é o teu nome de cidade? - Pergunto-lhe.

- Bogotá - Responde ele.

- Mas o que vocês estão...?

Reconheço aquela voz e encaro-o. Martín. Ele deixa a arma cair no chão e encara-me incrédulo. Ele tenta falar, mas não sai nada da sua boca. Continua com a mesma cara, os olhos verdes brilhando, tem feridas na cara perto do olho e o cabelo caído um pouco para a frente como uma pequena franja e ligeiramente suado. Vê-se que passaram uns poucos anos, mas se o voltasse a ver em algum lado, reconhecê-lo-ia de imediato. Não mudou muito na verdade.

Ele sorri e atira-me a mim. Entrelaça as pernas na minha cintura e abraça-me.

- Tive tantas saudades - Diz chorando.

Retribuo o abraço que me apanhou de surpresa.

- Oi. Não mudaste muito estes anos - Digo.

- Mudei sim. Me chamo Palermo agora, "Berlim". Estás tão giro! - Elogia-me.

- Obrigado - Soltamos o abraço aos poucos e ele deita a cabeça no meu peito, disfarçando o choro de felicidade que infelizmente eu conheço muito bem.

Ele levanta o rosto e segura a minha cara com as duas mãos.

- Olha onde estamos. Estamos a realizar o nosso plano. Estamos a torná-lo verdade.

Sorrio.

- Quem diria, né Martin?

Ele sorri de felicidade e eu retribuo.

- Nem imaginas na felicidade que estou a sentir neste momento - Diz o argentino, antes de unir as nossas bocas.

Retribuo o beijo sem me afastar ou protestar. Ele merece-o há anos e não posso brincar com os seus sentimentos. Seguro a sua cintura, chegando para o meu corpo e os nossos corpos emanam o calor que temos guardado há tanto tempo. As nossas bocas entram rapidamente em sintonia e relembro-me do sabor a cafeína na sua boca quando nos beijámos pela primeira vez e do seu hálito. Abraço-o pelo pescoço, entrelaçando os dedos nos seus fios de cabelo e beijamo-nos até perdermos o fôlego.

Separo os nossos rostos com cuidado e sorrio-lhe.

- Desculpa como te tratei na nossa última noite juntos. Quando te beijei pela primeira vez. Não o devia ter feito, mas agora estou aqui contigo. Eu vou vos salvar e vamos sair os dois juntos daqui - Digo.

- Sabes porque tive cinco divórcios? - Pergunto ao argentino.

- Porquê?

- Porque nenhuma das mulheres com que me casei eras tu. Eu senti-me uma merda quando te deixei aí no monastério sozinho. Eu arrependi-me disso todos os dias. Demorei a perceber que o fiz, porque sou um cobarde, Martin, e não queria perceber bem os meus sentimentos. Mas o tempo fez-me perceber que te amo e os meus sentimentos por ti são recíprocos.

Vejo lágrimas teimarem cair do seu rosto.

- É sério?

Assinto.

- Sim. Eu amo-te, Berrote - Digo. - E não tenho vergonha de o dizer. EU AMO ESTE HOMEM MARAVILHOSO À MINHA FRENTE!

Tiro-lhe um pouco de cabelo da cara.

- Este génio latino, brincalhão e que tornou o nosso sonho real sem mim. Porque ele é capaz! - Entrelaço as nossas mãos e levanto os nossos braços.

A Tóquio, o Denver, o Rio que se juntou a nós, a Mônica e o Bogotá aplaudem e gritam de felicidade.

O Bogotá vem-nos abraçar com um sorriso na cara.

- Finalmente! - Dá-nos umas palmadinhas nas costas de felicidade. Ligo ao meu irmão pelo intercomunicador e digo:

- Sérgio, eu amo o Martín!!

Volto a beijar o homem à minha frente.

- Têm mais algum macacão vermelho para mim?

- Claro - Diz o argentino, me levando para outro sítio. Leva-nos até ao gabinete do governador onde vejo uns sacos.

Ele passa as mãos à volta do meu pescoço e encostamos as testas.

- O que disseste ali é verdade? A... achas que temos uma chance de ficar juntos? - Pergunta ele, receoso e humedece os lábios.

Levo as mãos à sua cintura.

- Eu não acho, eu sei - Digo e beijo-lhe a bochecha. - Tudo o que disse é verdade, Martín, eu te amo do fundo do meu coração.

Sorrimos e ele dá-me um beijo antes de me trocar. Assim que visto o macacão, o Martín elogia-me, dizendo o quão gato e sexy fico de vermelho.

- Palermo, vamos comandar e ordenar as coisas neste banco? - Pergunto.

- Sim, Berlim - Diz com um brilho nos olhos, entrelaço as nossas mãos e vamos trabalhar.

La Casa De Papel - One Shots [PORTUGUÊS]Onde histórias criam vida. Descubra agora