- Ei bela adormecida? - Ela o chama da porta - Acorda.
Lucien se remexeu na cama, seus sonhos estavam começando a parecer reais demais.
A mulher riu nasalado.
- Dê a ele o melhor - ela sussurrou para o animal que balançou o rabinho animado indo sorrateiramente até a cama.
Ele se inclinou e subiu indo direto nos cabelos de Lucien os cheirando então começou dar lambejos no rosto acordando o férico.
- Mas oque ? - ele indaga abrindo os olhos vendo o Golden retriever encima de si o lambendo e fazendo cócegas em si com o focinho gelado.
O cachorro não o deu trégua nem um minuto e ele não aguentou explodindo em uma estrondosa gargalhada.
Lucien olhou para a mulher na porta e arqueou uma sobrancelha tentando entender oque era aquela invasão.
- Elara ? - ele indaga confuso ainda sem conseguir se desviar do animal em cima de si, ele o tirava e o outro voltava em si como num jogo divertindo.
Lucien não sabia quando tinha sido a última vez que tinha gargalhado daquela forma.
- Lumus, Descansar - Ela disse com firmeza e o cachorro a obedeceu se sentando na cama olhando para Lucien como se visse sua alma.
- Ele é seu ?
- É sim - ela diz dando de ombros, o cabelo preso em um coque frouxo e trajada em um conjunto de um cropped de alças finas e uma legging justa de um azul escuro quase preto- bem, você deveria saber que ninguém dorme até às 12 aqui. Então levante, tome café e se anime, vou te apresentar a cidade capital hoje.
- Mas...
- Oque? Planejava ficar nesse quarto choramingando o dia todo? - Ela indagou arqueando a sobrancelha num ato parecido ao que ele fazia para ela - Qual é! Você está na corte onde o dia é o mais bonito, vamos sair da bolha de tristeza se vestir com dignidade e tomar um café reforçado.
Ele soltou um grunido que ela devolveu com uma risadinha afiada.
- quem disse que eu estou numa bolha de tristeza.
- Bom senhor felicidade, devo dizer que se meu trabalho é avaliar pessoas e ameaças - ela ponderou chamando o cachorro para fora da cama e se dirigindo para a porta - trabalho esse que eu faço muito bem, eu diria que poderia reconhecer angústia em você mesmo se eu tivesse a milhares de quilômetros.
- Você não devia tirar conclusões tão precipitadas - ele disse a encarando levemente irritado pela especulação e pelo fato de ela ter invadido seu quarto enquanto ele estava usando pouquíssimas peças de roupa - Ainda mais quando se está tão errada...
Elara revirou os olhos colocou a mão na maçaneta o olhando uma última vez.
- então prove que estou errada, levante esse saco de ossos que você chama de corpo e faça oque eu te pedi - ela diz sorrindo de forma cinicamente doce o dando uma piscadela - caso contrário, o arrastarei até a cidade, comendo terra.
Então ela saiu fechando a porta deixando um Lucien irritado de todas formas possíveis.
- coisinha petulante - ele diz se levantando e se arrastando para fora da cama.
Dignidade, café e paciência era oque ele precisava.
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- Ela é encantadora não é? - Helion indagou bebendo do café quente.
Lucien riu em escárnio internamente.
- Oh, sim. - ele pensou na forma como a mulher o acordou - Doce feito mel.
Helion segurou o riso na garganta fazendo os lábios se pressionarem numa linha.
- Oque foi ? - Lucien indagou o olhando com desconfiança.
- Elara tem um jeitinho diferente de ser amigável sabe - ele responde dando de ombros enquanto sorria torto ainda tentando não gargalhar alto - Do tipo que te faz amar, Ou odiar.
- Geralmente amor e ódio andam juntos - Ela diz adentrando a sala sorrindo de forma presunçosa.
- Até que um sentimento sobreponha o outro - Helion disse pensativo - e de alguma forma se acabe na cama.
- Vocês são horríveis - Lucien disse balançando a cabeça em descrença e se levantando.
Elara revirou os olhos.
- leve-o para almoça na taverna Celeste - Helion disse para ela que concordou com a cabeça - Luca vai adorar conhecê-lo.
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Lucien percebeu que ela havia trocado de roupa.
O vestido de um verde oliva ia até às panturrilhas, a cintura era bem marcada com uma faixa branca e os cabelos estavam soltos com pequena presilhas douradas de abelhas, parecidas com o broche que ela tinha perto do peito sendo diferente apenas por ser mais cravejada de pedrinhas brilhantes.
Lucien levou bons minutos para assimilar tudo, dês da aparência de Elara até o fato de ela o estar levando para a cidade e de que conheceria alguém chamado Luca.
Eles atravessaram o gramado verdinho, o céu era de um azul tão bonito que era impossível de não se perceber.
Ao lado direito ele viu a vastidão de árvores, aquilo seria uma floresta?
- é o Bosque Lunar - ela disse vendo para onde ele olhava a alguns bons minutos - Dizem que seres noturnos vivem por lá, doces de dia e agressivos a noite. Resumidamente de noite ele fica encantador, e quem entra não quer sair tão cedo. Oque torna presas fáceis aos animais.
Lucien apenas acena com a cabeça.
- passaremos nela ? - ele indagou simplista.
- Ah não, eu adoro a trilha de sangue- ela disse dando de ombros.
- Trilha de sangue ? - ele tentou não achar graça no nome idiota.
- Você entenderá logo - ela diz sorrindo um pouco enquanto puxava levemente a bainha do vestido.
Lucien observava tudo, cada pequeno canto que passavam na caminhada, um silêncio confortável se instalou entre eles.
Foi quando ele viu.
As árvores se fechavam em Arcos, suas folhas caiam em cascatas e estavam infestadas de flores vermelhas vivo.
Algo em como os galhos se entrelaçam ou em como as pétalas que voavam pelo ar fez com que Lucien sentisse um aconchego no coração.
As pétalas caiam pelo chão formando uma trilha.
- Vermelhas como sangue - Elara diz sorrindo começando a andar pela trilha, Lucien apreciou a forma na qual a garota parecia ter sido feita exatamente para aquele cenário, como um ser etéreo e belo.
Bela e petulante. Ele pensou se convencendo.
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