capítulo 46🦊

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A vida pode em muitos aspectos ser uma epifania feliz, mas entre todos os momentos de realizações em algum momento o pódio é dado para tristeza e o choque.

Todos sempre falaram para Elara o como sua vida é marcada por momentos e verdades absolutas.

Como nascer, viver, se apaixonar e morrer.

Mas ninguém conta o pico de infelicidade que pode se causar em um corpo quando se é traído por quem menos se espera.

- Mas que merda é essa - Luca susurrou, os olhos arregalados.

Elara sentia o mundo aos seus pés girar, girar e girar.

Confusa.

Tentando ao máximo reordenar os pensamentos a mão de Lucien a sustentou para que não caísse.

O olhar dele foi até o seu em busca de uma confirmação e ela o deu.

E então tudo fez sentindo e queimava seu peito como inferno.

Seus olhos se encheram de água assim que a compreensão tomou conta de si, tão dolorosa como caminhar em cacos de vidro.

Elara se forçou a olhar Luca e Lindy e ela poderia jurar que nunca tinha visto nenhum deles mais branco.

Porque quem acompanhava Eris era nada mais, nada menos que sua irmã, Anely.

Anely não estava morta, sepultada  entre os rochedos da antiga montanha.

Porque estava na corte Outonal.

Traição. Traição. Traição.

Eliandra nunca tinha de fato  entregado os maiores segredos da corte diurna a Beron.

Anely o tinha feito.

- Luca? - Lindy chamou, sua voz não mais que um sussuro, ela cairia a qualquer momento - Eu acho que esqueci de tomar meus comprimidos hoje...

Aqueles que a impediam de se afundar tanto na dor do luto que se esquecia de sua realidade e tinha sonhos vividos de Anely.

A tocando, dormindo com ela, sorrindo, a abraçando.

Luca sabia que ela cederia e a segurou  pela cintura sem saber oque deveria fazer.

E se ela tivesse sido abusada ? E se estivesse em cativeiro na corte Outonal?

Mas era perceptível que essas opções não eram boas o suficiente para serem consideradas.

Não quando Ela os olhava com tamanha franqueza, a postura ereta como quem não tem medo de nada.

O vestido alaranjado e justo e os cachos loiros bem feitos com um raminho dourado.

Uma face tranquila e dura.

Luca olhou para Elara, confuso demais.

Ela não teve forças pra dizer nada então apenas acenou negativamente.

A traição tinha gosto de fel em seus lábios e desciam como pedras em seu estômago.

Porque?porque? porque? porque?

As pessoas continuavam alheias a toda dor que corria por eles então a festa continuava alegre como antes.

Mas Helion segurou o braço Andrei com toda a força, a pele tinha ficado vermelha, subindo do pescoço para o rosto.

Os mesmo olhos que brilhavam nele um dia brilharam nela.

Anely e Eris andaram pelo salão parando para conversar com os irmãos, como se nada estivesse acontecendo.

Corte Do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora