capítulo 58🦊

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- como nós combinamos? - Lucien indagou mais uma vez ajoelhado diante do menino.

- vou comer em todas as refeições, encher o saco do vovô Helion e dormir cedo - Cris listou orgulhoso de si mesmo quando o maior sorriu para ele.

- Perfeito- Lucien disse o dando um beijinho no topo da cabeça logo se levantando - eu poderia dizer pra você se comportar, mas  provavelmente me desobedeceria..

- provavelmente - ele concordou já sentindo falta dos braços dele em sua volta - se cuida em pai Lu, sem bebedeiras.

Lucien gargalhou alto e acenou com a cabeça.

Pai Lu.

Tinha começado como uma piada interna entre eles, mas Lucien não podia mentir que o coração se enchia sempre que ouvia o garoto o chamando assim.

Ele poderia facilmente explodir de amores, geralmente ele o fazia dando uma gargalhada gostosa que deixava  o menino com o astral nas nuvens.

E não era fácil deixar Cris ali.

Mas mais difícil que isso era a viagem que vinha a seguir, ou então a falta de Elara que já esmagava seus ossos.

Mas Lucien finalmente iria até ela.

Com calma e destreza ele puxou a bolsa de viagem com cuidado se lembrando de todas as coisas que Luca tinha colocado dentro mais cedo.

Altamente perigosa.

Com um último sorriso para Cris, Lucien havia partido.

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Eles tinham planejado aquilo por semanas inteiras.

Entradas e locais para fugas, armas que foram projetadas com a magia minuciosa da corte Diurna e até mesmo todas as pessoas que poderiam entrar em um conflito.

A entrada era a parte mais fácil, Lucien conhecia cada uma como a palma de sua mão, e cada esconderijos era como uma caixinha que guardava um pedaço dele, lembranças...

Ele observou a trilha a frente, tão próxima de seu alvo, se espreitando pelo caminho Lucien apertou a mão entorno da capa.

O capuz escondia muito de sua feição e os cabelos ruivos intensos e longos.

O olho metálico se centrou no que vinha a seguir, detectando todos os feitiços da barreira da corte Outonal.

Com um sorriso ladino ele ergueu uma das palmas enluvadas  pelo couro na barreira invisível a olho nu.

Ele relaxou o corpo Levemente e  afundou em sua própria carne, passando por todas as camadas encontrando a casca mais fina do poder.

Em um minuto ele havia perfurado a barreira apenas o suficiente para sua passagem.

Entrando e sentindo o clima mudar totalmente, o poder se instaurou em seu peito como se agradecesse por ter sido liberto, mesmo que apenas por uma pequena fração.

Silencioso como a morte e astuto como um mercenário ele avaliou o rio largo que seguia o caminho para a cidade principal.

Subindo a elevação, bem ao topo da colina ele podia ver a cidade em seu amontoado de casas e o palácio principal.

A caminhada até lá era basicamente a descida da colina e a passagem pela ponte das almas pra chegar nos grandes portões de entrada.

Mas ele não passaria pela ponte.

Seria facilmente reconhecido se o fizesse.

Mas havia uma entrada bem abaixo da ponte, onde guardas iam e vinham para troca de postos ou comercialização de itens raros.

Lucien sabia de coisas nada lícitas que haviam sido vendidas ali durante noites adentro.

Passando do horário do almoço ele tirou um dos infinitos saquinhos de suprimentos alimentícios da bolsa comendo um punhado de frutas enquanto descia a inclinação.

Os dias estavam se passando devagar e Lucien não sabia se aquilo era ruim.

Mas chegar ali tinha levado mais tempo do que o planejado.

- Podemos discutir antes de entrar na cidade - Lucien disse bufando já cansado da situação.

Não havia ninguém ali, aparentemente.

Ele revirou os olhos, não sabendo exatamente de onde vinha a raiva que crescia em seu peito.

- Isso não fazia parte do acordo - Lucien disse se virando pra trás - vamos lá, não se esconda.

- Você é irritantemente bom - A voz respondeu saindo de cima de uma árvore alta - e chato também

- Sua cópia fiel, eu diria - Lucien disse dando um sorriso desgostoso - qual o ponto de que velhinhos ficam em casa e tomam chá você não entendeu?

- Qual a parte do "não vou deixar meu filho ir pra uma cidade de gente que venderia a cabeça dele para Beron tão rápido quanto eu daria em cima de uma moça bonita" você não entendeu? - Helion retrucou caminhou até ele.

- você deveria estar em casa - Lucien enfatizou entre dentes - sabe que posso me virar bem.

- Mas eu não quero - Helion respondeu sorrindo para ele - e pode me xingar a vontade como uma adolescente na puberdade, eu ainda vou estar aqui pra cuidar de você, enquanto se espreita pra nessa cidade infernal, alguém precisava cuidar pra que você não machuque seu saco de ossos chamada carinhosamente de bunda por aí.

- suas proporções de teimosia e tolice são grandes demais pra qualquer pessoa - Lucien enfatizou seguindo caminho com o pai em seu encalço - não preciso de uma babá...

- Não precisa de uma babá - Helion concordou - precisa de um pai, e inesperadamente eu estou aqui pra te ajudar a resgatar a sua parceira.

- ela ainda não é minha parceira - o ruivo murmurou aborrecido.

E Lucien sabia perfeitamente que sua irritação era na realidade preocupação, com oque poderia acontecer com seu pai.

Ele odiava a ideia dele machucado ou em um perigo mortal.

E considerando a história entre ele e Beron, aquela era certamente um ideia mortal e imprudente.

- Ainda não - Helion disse sorrindo de lado - Oque eu eu tenho de tolo você tem de aborrecimento, e cá entre nós você parece mais velho do que eu com essa carranca.

- céus se você conseguir ficar quieto pelo resto do caminho talvez possamos manter uma relação amigável de pai e filho - Lucien disse ainda irritado - ou eu posso te derrubar e te esconder na floresta, até que tudo acabe...

- você não saberia como me derrubar.

- Você fraqueja atrás dos joelhos e se acertar num ponto sensível das costas  caí como uma fruta madura - o ruivo disse e sabia que o pai tinha levado a mão para o lugar nas costas citado pelo filho, deixando que Lucien sorrisse como um gato - Seria incrivelmente satisfatória te apagar.

- Seria se eu não soubesse que você tem problemas pra defender o flanco direito e que seu pé esquerdo sempre falha quando  mais se precisa - Helion devolveu e o choque passou pelo rosto de Lucien - e pasme, você também tem a mesma dor nas costas como eu e meu pai tinha, é de família.

A discussão continuaria se Lucien não erguesse a mão pedindo silêncio.

Helion não deu mais nenhum passo.

O som de galhos se partindo foi ouvido assim como o bater das patas.

Lucien sorriu de lado, encontrando exatamente oque queria.

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( Capítulo não revisado, pode conter erros ortográficos)

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