capítulo 57🦊

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Um calafrio subiu pela coluna dela no início da noite.

No momento em que o guarda a deu um vestido leve e delicado.

Algo seria diferente, aparentemente não estava sendo levada até o consultório de experimentos.

Já estava na corte Outonal a dias.

Sabia que o momento de ir embora estava próximo.

Oriana havia a explicado exatamente tudo que precisava fazer.

Ao decorrer da experiência ela devia fingir.

Fingir que Lucien era na verdade Eris, fingir que sentia dores constantes do remédios que aparentemente deveriam deteriorar todas as lembranças.

Fingia amar Anely como sempre e nem mesmo se lembrar do filho.

Com o passar dos dias as pessoas passaram a confiar mais, aparentemente as substâncias estavam fazendo efeito nela.

Elara era doce e gentil, acatando tudo que diziam.

Oriana havia a transformado em sua cópia viva para que logo a tirasse das mãos de Beron.

Mas Elara sabia exatamente pra onde estava indo e qual papel deveria interpretar.

Ela foi escoltada por um corredor bem iluminado, andando em passos leves e feições adoráveis, a ruiva poderia facilmente ser a mulher modelo de Beron.

Eles pararam em frente a uma porta branca entalhada de arabescos dourados, um dos guardas bateu três vezes.

Um click soou junto a uma voz que pediu que ela entrasse no cômodo.

Elara sentiu de imediato o cheiro marcante e enjoativo dele e se forçou a sorrir com doçura.

- se soubesse que veria você teria me arrumado melhor - ela murmurou.

- Você está ótima - Eris disse sorrindo pra ela, um copo com um líquido Ambar descansava em suas mãos- Linda, arrebatadora se posso dizer...

Fungando levemente ela percebeu que ele havia bebido muitas doses.

Com a mão livre Eris fez sinal para que a ruiva fosse até onde ele estava sentado.

- Seu pai não gostaria de saber que você está me vendo antes que eu me cure completamente - ela disse com carinho andando devagar até ele.

Curada.

Era a explicação que deram para ela quando achavam que a manipulação estava funcionando.

Eles repetiam constantemente para ela, você é Elara, filha de um comerciante importante na corte Outonal, noiva de Eris e que adoeceu mentalmente há um ano.

Estava em uma cela pra não machucar ninguém e nem a si mesma.

Se curando.

Só veria Eris quando recuperasse todas as faculdades mentais.

Ela riu descrente internamente quando estava naquela etapa do experimento.

De certa forma, a manipulação gera uma falsa sensação de cura.

Pelo menos momentaneamente.

Era oque esperavam.

Orando pra que a bebida não tenha deixado Eris corajoso o suficiente pra fazer algo estúpido.

- papai não saberá que você esteve aqui, amor - ele respondeu, a voz arrastada em uma falsa sensualidade.

- estava com saudades - Elara disse assim que ficou perto o bastante para que Eris colocasse seus braços entorno de sua cintura e descansasse a cabeça sobre a barriga dela.

Ela orou novamente a todas as divindades existentes que aquele fosse o único contato que tivessem.

A parte mais ridícula daquilo era que eles pensaram que Elara simplesmente seria facilmente enganada a respeito de seus sentimentos.

Que o coração e mente seriam enganados, substituindo Lucien por Eris.

Em seu peito havia espaços específicos para cada pessoas, em boa parte Cris e Lucien dominavam.

A saudade por vezes a fazia passar noites a fio olhando o teto da cela desejando estar em qualquer outro lugar do que em sua própria pele.

Uma das mãos de Eris subiu por sua coluna em uma carícia casta e ela sentiu o estômago revirar.

O nojo se entrelaçando a sua alma como uma praga, um incomodo constante.

Elara estava começando a se cansar de bancar a noiva, mas Oriana ainda precisava encontrar suprimentos suficientes para a partida.

Eris ergueu o rosto conectando seus olhos aos delas.

- Me desculpe - ele murmurou com culpa.

- Pelo que ? - ela indagou, sabendo que ele se desculpava por tudo que estava acontecendo.

Eris não era a favor das técnicas do pai.

Mas também não era exatamente contra, e por isso ela não aceitou suas desculpas internamente.

- Pode me dar um beijo? - ele pediu massageando sua cintura - vamos estar casados em alguns dias, não tem importância.

Elara sorriu novamente e passeou a não pelos cabelos ruivos desgrenhados que caiam em sua testa.

O poder se espreitando pra dentro dele sem que Eris percebesse.

Ela despejou um desejo de dormir gigantesco nele, aos poucos os olhos começaram a pesar as mãos sobre a ruiva amoleceram.

O corpo dele pendeu quando ele dormiu caindo para trás no encosto da poltrona.

Elara revirou os olhos e bufou.

Olhando amplamente para o quarto e encontrou um papel e caneta.

Escreveu um bilhete o colando na mesinha ao lado do copo.

"Você bebeu muito e acabou dormindo, então voltei para minhas acomodações"

Mas ela não saiu de imediato, não quando viu todo o Arsenal de armas na parede e em cima de uma bancada em um canto.

Ela sorriu de lado e fechou os olhos por um segundo, agradecendo mentalmente a sua sorte.

Porque ali tinha exatamente oque precisava.

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Lucien bufou frustrado.

Cris começou a ficar inquieto a pelo menos três dias.

A viagem da mãe parecia estar sendo longa demais para ele.

Com o passar dos dias Lucien começou a receber muitos bilhetes de Elara, oque o deixava mais aliviado.

O primeiro bilhete tinha sido descoberto quendo Lumus o arrastou de manhã para uma caminhada e quando voltou para casa a janela estava infestada de penas cinzentas e um papel pequeno.

Era através deles que ele sabia que Elara estava cooperando com Oriana e todos os planos de Beron.

As vezes quando esquecia a janela aberta os pássaros entravam e o acordavam com bicadas.

Lucien xingava os deuses e o mundo e Cris ria como nunca antes.

Era verdade que o menino não desgrudava dele para quase nada e que juntos montaram uma rotina especial.

E era por Cris, e somente por ele que Lucien não sucumbia aos próprios pensamentos e anseios.

Cris era a âncora.

Olhando novamente para a janela e checando o horário a frustração ameaçou tomar conta de seus sentimentos.

Lindy e Luca estavam atrasados.

E o grupo havia marcado a reunião para repassarem o plano mais uma vez.

Elara estaria ali em breve.

Em casa.

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(Capítulo não revisado, pode conter erros ortográficos)

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