Capítulo 24. Carter

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Eu me sentei na cama e olhei para a varanda. Notei a presença de alguém sentado na poltrona e logo reconheci Nick. Ele estava de costas para mim, com as pernas esticadas no parapeito.

Eu não sabia há quanto tempo nós estávamos ali, mas eu presumi que saímos do prédio de helicóptero, como Nick havia planejado.

Olhei em volta, procurando descobrir que horas eram, mas não havia nenhum relógio por perto. Voltei a olhar para Nick e suspirei.

— Nick – chamei, com a voz ainda rouca de sono.

Nick virou o rosto e, a expressão que fez ao me ver acordada, me fez ter a impressão de que ele havia feito isso muitas vezes. Nick se levantou e entrou no quarto.

— Que horas são? – perguntei, esfregando um olho com as pontas dos dedos.

— Nove e meia. – Ele respondeu, aproximando-se da cama.

Eu tirei as mãos do rosto, mas não levantei o olhar para ele. O dia inteiro havia sido pesado. Eu havia escondido dele coisas importantes e eu não conseguia olhar para ele. Eu ainda me lembrava da reação que ele teve ao descobrir o que aconteceu no hospital.

— Como nós chegamos aqui? Viemos de helicóptero? – perguntei e ele assentiu.

— Apenas o Matt veio de carro. Ele saiu trinta minutos antes – respondeu, sentando-se na cama.

— Ele veio sozinho? – indaguei e ele assentiu novamente.

— Queríamos despistar Phillip, caso ele estivesse vigiando o prédio. Todos estão na outra casa. Eu coloquei você aqui porque achei que você ficaria menos confusa ao acordar, por conhecer o quarto e também achei que gostaria de acordar aqui – explicou e eu assenti levemente, ainda sem levantar o olhar para ele.

Eu estava envergonhada por ter escondido tudo aquilo dele. Eu tinha ficado tão zangada quando ele escondeu de mim que Phillip morava em Los Angeles e que era Phillip mandando aquelas mensagens, e eu acabei fazendo o mesmo. Eu estava louca para lhe pedir desculpas.

— Me desculpa.

— Não. Não me peça desculpas. Sou eu quem precisa te pedir desculpas. – Nick pegou a minha mão. – Eu não deveria ter gritado com você. Me perdoa.

— Eu não deveria ter feito aquilo. Desculpe ter desobedecido.

— Ei, não. Eu não quero que me obedeça, Mel. Nem quero que me peça desculpas por isso. Eu não quero esse papel de controlador.

— Mas nós tínhamos combinado. Eu tinha dado minha palavra.

— Mas você agiu no desespero. Eu entendo que ficou com medo. Pelo Chris e por mim. Está tudo bem. Você está aqui. Me desculpe com a forma como eu reagi. Eu nunca, nunca, machucaria você.

— Ele também me disse isso uma vez.

— Mas você acha que eu faria isso?

— Não – respondi rapidamente. – Mas...

— Você também achou que ele nunca faria isso. – Ele disse e eu assenti. – Mel, acha que eu seria capaz?

— Não. Já disse que não. Eu não quis dizer que, apesar de me dizer isso, você faria o contrário, assim como ele. Mas... a minha mente pensa de uma forma diferente. É como se uma luz vermelha se acendesse.

— Eu sei. Dylan me explicou. Mas eu quero que você saiba que eu nunca seria capaz disso.

— Eu sei. A minha mente é que pensa e age de outra forma, mas eu sei que você nunca faria isso comigo.

Agora Tenho V🌸cê! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora