Capítulo 9. Inferno em Los Angeles

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Eu estava de roupão, sentada no divã que ficava em frente à cama, com as mãos apoiadas no meu colo e o meu rosto virado para a janela, olhando a vista de Los Angeles, absorta em pensamentos.

A minha mente estava uma grande confusão. Eu não conseguia focar em apenas um pensamento. A minha mente parecia um fluxo de trânsito maluco, ou um enorme engarrafamento emaranhado do qual ninguém sai do lugar. A sensação que eu tinha era de eu estava em um ambiente cheio de pessoas, todas elas falando ao mesmo tempo, sem que eu conseguisse ouvir o que falavam. Eu até tentava, mas não conseguia focar em apenas uma.

Inspirei profundamente, exalando em seguida, cansada.

Eu não estava cansada fisicamente, mas eu não tinha forças nenhuma para me levantar dali, eu estava mentalmente fraca e a única coisa que eu queria era deitar e dormir, a minha vontade era essa: dormir até tudo aquilo ser resolvido e eu voltar à minha vida.

Mas, infelizmente, dormir até isso passar era impossível.

O banho havia me relaxado, mas eu não conseguia me livrar dos pensamentos. Eu estava tão afundada neles, olhando para a janela, que eu não ouvi Nick me chamando, até que ele parou na minha frente.

— Amor. Ei. – Nick tocou em meu rosto, virando-o para ele e se agachou na minha frente. Os olhos azuis dele se encontraram com os meus e ele deu um leve sorriso, acariciando o meu rosto. – Está tudo bem? – perguntou e desceu a mão para o meu colo, pousando a sua mão sobre a minha.

O toque da sua mão e o som da sua voz, calma e doce, me fizeram relaxar mais ainda e me sentir segura. Eu sabia que ele estaria sempre comigo e que com ele ao meu lado nada me atingiria e me afligiria. Ele era o meu barco em meio a uma tempestade e, sem ele, eu ficaria à deriva, perdida em alto mar.

Eu olhei para baixo, vendo a sua mão na minha e assenti, esboçando um sorriso fraco.

— Está... Está, sim – respondi, mas aquilo não era verdade. Não estava nada tudo bem. Mas eu não diria isso, eu não queria preocupar ele e todo mundo mais do que já estavam. – Eu só estava perdida nos pensamentos. – Suspirei, olhando para baixo. – Eu estou um pouco cansada, é só isso.

— Você vai descansar logo. – Nick se levantou, depositou um beijo em minha testa e se virou, voltando até a minha mala. – O que você quer vestir?

Eu olhei para ele, tentando focar na sua pergunta e na minha escolha de roupa.

— Pijama. Eu não quero e não vou sair do quarto.

— Mel... por que não? Vai ser bom sair daqui e se distrair.

— Porque eu não quero que me vejam assim – respondi, baixando a cabeça.

— Não quer que te vejam assim, como?

— Assim. – Eu levantei o rosto, olhando para ele e gesticulando para meu rosto e pescoço.

— Machucada e roxa? – perguntou e eu assenti, baixando novamente a cabeça. – Mel, todos que estão lá na sala já te viram assim.

Eu dei de ombros. Não me importava se já tinham me visto daquele jeito. Eu não queria os olhares em mim.

— Mas eu estava sedada e não vi eles olhando para mim. Eu não quero que fiquem me olhando assim.

— Ninguém vai ficar te olhando, Mel, eles...

— Eu não estou à vontade com isso ainda – interrompi, levantando o rosto para ele. – Quem sabe amanhã?! – falei em dúvida e Nick desistiu de me persuadir, soltando um suspiro. Ele vasculhou a minha mala, até puxar uma camisola de algodão. – Essa não – falei rapidamente e ele olhou para mim, franzindo o cenho. – Eu não quero vestido.

Agora Tenho V🌸cê! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora