Capítulo 5. O Passado Abre a Porta

264 37 133
                                    

🌸

Phillip retirou o capuz do moletom preto que vestia, vindo em minha direção, com um sorriso de canto e um olhar astucioso. Ele tinha conseguido o que queria, ele tinha conseguido achar a brecha e estava ali na minha frente, dentro da minha casa, e eu estava sozinha. Eu não tinha como escapar, não tinha como me defender dele. Eu estava acuada, completamente paralisada, olhando atônita e em pânico para ele que se aproximava como uma onça da sua presa assustada.

Apesar de eu gritar na minha mente para eu me levantar e correr, o meu corpo não obedecia. O pânico me paralisou e, pelo seu olhar e sorriso, era exatamente isso o que ele queria. Ele sabia. Ele sabia o que ele me causava, ele sabia das minhas crises de ansiedade, ele sabia que eu tinha pavor dele.

Eu estava hiperventilando, sem conseguir mexer um músculo sequer. Todo o meu corpo estava retraído e, na minha mente, eu estava em um total desespero.

"Levanta! Levanta daí e corre, ele vai te pegar! Fuja! Fuja! Agora!"

Como se o meu corpo tivesse sido atingido por uma enorme carga de adrenalina, recebendo um alerta de perigo, ele finalmente respondeu ao comando.

Rapidamente, eu me levantei, girando o corpo para o lado e olhando para ele que desfez o sorriso ao me ver reagir. Phillip sabia que eu ia correr e avançou rapidamente para mim.

— Não corre não! – Ele ordenou, esticando o braço.

É claro que eu desobedeci, correndo em direção à escada. Eu podia senti-lo atrás de mim, a sua mão quase tocando o meu braço.

Eu tinha que pará-lo de algum jeito, então eu avistei o vaso na mesinha ao lado do sofá e o alcancei, pegando-o com firmeza e lancei o braço para trás, girando o corpo. O vaso atingiu Phillip que se curvou e protegeu a cabeça com os braços.

Eu cambaleei de costas, me segurando no encosto do sofá e olhando para ele que se ergueu, tirando os braços do rosto e olhou para o chão, onde os cacos do vaso se espalharam ao seu lado. Em seguida, ele olhou para mim e riu.

— Acha mesmo que isso vai me parar? Melanie... eu estava com saudades disso!

— Fica longe de mim, Phillip! – Eu ordenei, mesmo que eu estivesse nervosa e que eu soubesse que ele não obedeceria.

Phillip riu outra vez.

— Ficar longe de você? Você sabe que eu nunca vou fazer isso. Pelo contrário... – ele ficou sério e começou a caminhar lentamente na minha direção – eu estou há muito tempo longe de você. Está na hora de ficarmos juntinhos de novo.

— Você tem uma ordem de restrição... – eu falei recuando e ele gargalhou.

— Acha mesmo que um papel vai me impedir? Nem esse vasinho vai me parar, quem dirá um pedaço de papel! Aliás, um não, dois, porque eu rasguei aquela merda ao meio! Vai precisar de muito mais do que isso para me manter longe de você, Melanie. Eu esperei por muito tempo por esse momento, e agora que eu finalmente estou aqui, bem na sua frente, você acha mesmo que eu vou ficar longe de você?

— Vai embora ou eu chamo a polícia, Phillip!

— Chama. Pode chamar. Ninguém, nem mesmo a polícia, vai me impedir de eu ter o que eu quero, e você sabe o que eu quero, não sabe, amor?

— Me deixa em paz! – berrei.

— Te deixar em paz?! – Ele riu. – Acha mesmo que eu vou embora e te deixar em paz? Nunca, Melanie! – exclamou e pegou um objeto de decoração da mesa de centro, arremessando-o na parede. Eu encolhi os ombros, assustada. – Eu nunca vou deixar você viver em paz! Você nunca vai ter paz! – Ele pegou outro objeto e arremessou novamente contra a parede. – Se fugir de mim, pode ter certeza de que eu vou estar sempre onde você estiver, eu vou estar sempre afastando qualquer um de você! Não importa quem seja! Porque eu não suporto ver você com outro! Eu não suporto a ideia de ver você vivendo uma vida que não seja ao meu lado! – Ele esbravejou, furioso. – Eu sei que você se lembra do que eu disse anos atrás, naquele provador. Você sabe que eu não estava blefando. Você viu que eu fui o responsável por afastar o Zac, o Nolan, e todos os outros de você. Você não faz ideia de como foi para mim ficar sem saber sobre você depois que você foi embora! Sem te ver e pensando com quem você poderia estar, se estava... namorando. – Ele cerrou o maxilar, contraindo o rosto e fechando o punho de raiva. – Foram os piores anos da minha vida! E eu ainda tinha que fingir para todo mundo que eu estava bem sem você! – gritou e eu estava ficando cada vez mais assustada. Ele então suspirou e riu com ironia. – O único que nunca acreditou na minha mudança foi o Dylan. Ele é difícil. É esperto. Ele não é fácil de enganar. Mas eu sabia que ele me daria trabalho para eu me aproximar de você, de fazer você acreditar que eu tinha mudado. Por isso, eu precisava fazer com que ele não quisesse saber mais nada da minha vida, assim eu poderia vir para Los Angeles livremente. Mas eu achava que seria muito mais fácil se eu fosse ficar te vendo aqui... porém eu estava errado, foi difícil! Difícil não, foi pior. Eu não podia chegar perto de você, eu não podia falar com você... então eu ficava apenas te olhando, observando... – Ele voltou o olhar para mim e mordeu o lábio, sorrindo nervoso. – Eu tive que ficar vendo você se divertindo, saindo com as suas amigas, conhecendo outros homens... e eu não podia fazer nada! – Phillip riu de um jeito nervoso e cerrou o maxilar, batendo o punho fechado no braço do sofá. – Você parecia feliz por eu estar longe. Vivendo a sua vida como você queria, enquanto eu estava fingindo viver uma vida que eu não queria! Eu não conseguia ficar vendo isso sem fazer nada.

Agora Tenho V🌸cê! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora