Capítulo 36. Lar Doce Não Lar

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No dia seguinte, eu acordei bem cedo, antes de todos, e fiquei na sala, sentada no sofá, tomando chá e olhando para fora, especificamente para o portão de acesso da outra casa, introspectiva.

Naquele momento, sem o efeito de sedação causado pela mistura do álcool com a medicação, eu relembrava o que tinha acontecido.

Eu me lembrava, claramente, de não somente ver o rosto dele, mas a sua silhueta. Assim como Phillip conhece bem o meu corpo, eu também conhecia o dele. Porém, eu também me recordava de vê-lo abrir a porta e entrar na casa, enquanto eu apontava para ele, falando com Sebastian que não o via, pois era Samuel. Eu tinha percebido que era ele apenas quando ele perguntou o que estava acontecendo.

Isso me fez questionar o que eu realmente tinha visto.

Havia sido mesmo uma alucinação, ou eu tinha realmente visto o Phillip ali?

A verdade é que eu não sabia mais no que acreditar, pois a minha mente me confundia.

E se Samuel estivesse mesmo falando a verdade? E se eu realmente tive uma alucinação?

Eu suspirei, inclinando a cabeça para trás, pensando na acusação que fiz contra Samuel. Ele havia achado aquilo um absurdo e ficou, claramente, ofendido com aquilo, chegando até a querer se demitir.

Mas, por outro lado, se a minha acusação fosse verdadeira, ele agiria daquela forma, ofendido e na defensiva, para não suspeitarem dele.

Eu rangi entre dentes, sem saber no que acreditar. Mas, de qualquer forma, eu faria o que combinei com meu irmão. Eu fingiria confiar nele e ficaria atenta em suas atitudes.

Para isso, eu tinha que começar com um pedido de desculpas.

🌸

Eu passei a manhã toda introspectiva e em silêncio, até mesmo quando todos já estavam acordados.

O dia estava nublado e frio. Sendo assim, não fomos à praia ou ficamos na piscina. Estávamos todos dentro da casa. Mas isso é apenas um detalhe insignificante.

Eu me isolei, ficando afastada de todos, porém Samuel, como desde o dia anterior, não saía de perto de mim. Para onde eu ia, ele ia atrás e ficava a alguns poucos metros de distância.

Eu passei o dia assim, introspectiva e sem falar muito, mesmo que todos tentassem uma conversa, ou querendo saber como eu estava.

Eu estava bem. Eu apenas queria ficar sozinha e em silêncio, afundada nos meus pensamentos.

Eu percebi os cochichos entre eles, e sabia muito bem sobre o que eles falavam. Eles comentavam sobre mim, sobre eu estar calada, isolada, provavelmente envergonhada e/ou confusa.

Eles estavam certos. Mas não era somente isso. Em poucas horas, íamos embora e eu já estava sentindo a tensão voltar. Mesmo estando mais relaxada e me sentindo confiante, eu estava ansiosa e um pouco tensa com a volta para Los Angeles e para o trabalho. Eu não ficaria trancada dentro de casa, com medo de sair. Mas eu ainda não estava livre. Phillip não ia desistir. Ele ia fazer alguma coisa e eu precisava estar preparada para enfrentá-lo.

Os meus treinos de defesa pessoal com Sebastian me ajudaram muito a ganhar confiança nisso, mas a minha mente ainda precisava ser trabalhada. Eu sabia que, se ficasse cara a cara com ele novamente, o medo me paralisaria e nada daquilo adiantaria.

No final da tarde, fui para o jardim e me sentei na grama com as pernas sobrepostas uma na outra para meditar. Eu precisava aliviar a minha ansiedade e tensão, além de clarear a minha mente para o que me atormentava e me confundia. O barulho das ondas iam me ajudar a aprofundar a meditação e a relaxar e me acalmar.

Agora Tenho V🌸cê! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora