Alguns meses depois
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A toalha de mesa estava forrada, o café servido, pães fresquinhos e bolos sucolentos esperavam para serem degustados, Estér segurava Jully no braço, e dava-lhe papa, a criança adorava colo, as vezes soltava alguns sorrisos, simplesmente por estar ali. Breno comia apressado, não podia atrasar-se para o trabalho, ele era um empresário, não tinha muitos momentos em familia, e quando tinha estava sempre ao celular.
-Tchau meu anjo, a noite papai está de volta - falou beijando a delicada mão da filha. -Tchau meu amor! - olhou para a esposa e a beijou como sempre faziam em suas despedidas diárias.
Breno foi ao trabalho, e então a casa tornou-se ainda mais quieta. Estér colocou o bebê na sala junto à alguns brinquedos. Mas Jully nunca brincava, apenas parava e observava os objetos, ela ainda não andava, e nem sequer falaou sua primeira palavra. Parecia demorar muito até que isso ocorrece, já que suas reações como bebê pareciam estabilizadas.
O telefone na parede tocou, era um barulho, enfim um barulho, o aconchego de uma barulho. Quem pensaria assim? Alguém já não suportava mais o silêncio?
-Alô? -Estér atendeu.
-Oi Estér, tudo bem? É a Estela!
-Ahh... Estela, quanto tempo você não me liga. Quando vem nos fazer uma vizita?
-Minha ligação é justamente sobre isso. - A mulher parecia animada. -Estou louca para conhecer a Jully... Falando nela, onde ela está?
-Está na sala "brincando". -Em um tom ironico continuou. -E quando você vem nos honrar com sua humilde vizita?
-Saio de New York umas oito da manhã, provavelmente chego aí no sábado a tarde.
-Mal posso esperar. -Falou em mais uma irônia.
-Me conta mais sobre o bebê, ela já falou a primeira palavra? Já esta engatinhando? Quais os barulhinhos que ela faz?
-Estela ela está bem, prefere ficar quieta, ela é uma boa menina. -Respondeu a todas as perguntas em uma unica respota. -Desculpe irmã, mas tenho que terminar o jantar, a gente se vê no sábado.
-Tudo bem irmã, até lá então.
Ser uma moradora de uma casa silênciosa, estava deichando Estér impaciente. Sua irmã Estela, é uma pessoa que adora conversar, era perfeito para passar o tempo, mas a fadiga de desligar o telefone e voltar para sua vida calada era inesplicável. Talvez fosse assim que tudo devia ser.
Enquanto preparava o jantar, Jully observava a mãe, com aqueles olhos assustados de sempre, penetrando a alma e olhando seus medos inferiores. A mulher não se importava muito, desde que nasceu a menor se comportava daquela forma, era o jeito dela. Mas havia algo maior, uma voz que dizia para encarar a menina e entende-la. Por outro lado, uma outra voz dizia para não olhar. Na verdade era seu medo do escuro que falava mais alto, os olhos da filha era de uma escuridão profunda, encara-los era entrar no próprio escuro. -Deiche de besteira mulher, ela é só uma criança, e é sua filha. - Pensou desesperadamente. -Do que é capaz uma criança? Ainda mais Jully, tão quieta e calma. -Os pensamentos voavam. -Será que ela se sente só? Ela ainda é pequena demais para se sentir só. -Mas ela havia lido numa revista americana que as crianças precisam de companhia, caso contrário elas podem crescer depressivas. -Tenho que fazer algo para ajuda-la. -O cheiro de queimado era forte. A fumaça preta já invadia a cozinha.
-Mas hoje não. Estarei muito ocupada preparando outro jantar.
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Jully [COMPLETO] {Reworking}
FantasyA história de uma menina que desde o nascimento mostrou-se poderosa. Em um mundo normal, mas mágico. De realidade e fantasia. Hope you like it