A chegada de Úrsula

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         O som da campainha foi maior que o barulho do aspirador de pó. Estér tentava limpar a sujeira do tapete, quem diria que sangue de animal seria tão trabalhoso. Se bem que se assemelha com sangue humano...

        Abrindo a porta a mulher da de cara com a irmã junto a outra pessoa. Estela usava uma blusa amarela que dava contraste imperial com um colar de pedras vermelhas variadas com preto. A mulher ao lado, usava trajes simples, uma blusa de malha preta, short curto e cabelo despenteado. Uma mistura de anos 70 com atualidade. Ficaram ali paradas por um tempo, tempo o suficiente para que Jully começasse a chorar sentindo falta da presença materna.

        -Ahh... -Engolindo seco e continuou esticando o braço. - Pode entrar. Sintam-se em casa.

        As mulheres caminharam até o sofá e aconchegaram-se nele. 

        -Podem sentar se quiser. -Estér foi irônica.

        A mulher continuou de pé tentando entender oque estava acontecendo. Além de estar preocupada com o sangue no pé do sofá. A "convidada" estava quase em cima dele.

        -Estér essa é a Úrsula, a nova empregada da casa. -Estér esticou as sobrancelhas, mas logo tratou de coloca-las de volta. Lembrou-se da condição de Breno. Ter um animal em casa seria necessário a ajuda de uma profissional. Embora este animal já não existisse mais, ali estava à mulher. 

        -Olá prazer. -Ursola cumprimentou a nova chefa com um aperto de mão.

        -Ela é uma antiga amiga minha. A conheci da ultima vez que estive aqui. Ela é um doce, você vai gostar.

        -Que bom. -Falou Estér satisfeita. Ela analisava a mulher dos pés à cabeça. -Desculpe-me a indelicadeza, mas porque você tomou a decisão de contrata-la por si mesma? Não deveria ter me comunicado antes?

       -Você não compreendeu. Mas a culpa é minha. Deveria ter te contado logo quando cheguei. -Foi até a cozinha e pegou um copo d'agua. -Hoje de manhã eu e Breno saímos bem cedo em busca de alguém para te ajudar. Ele pretendia de certa forma te fazer uma surpresa. Deveria agradecer pelo marido que tem. -Estér sentiu uma pontada na espinha, aquilo a fez relembrar o quanto ela estava sendo ingrata com Breno ultimamente. Acabou esquecendo os motivos para tal no momento. -Depois da noite passada, o cuidado com Jully deveria ser redobrado. -Apontou para a menina que da sala ouvia tudo.

        -O que aconteceu noite passada? -Úrsula pareceu interessada no assunto.

        -Nada demais. -Implicou Estela, tentando esconder o fato.

        -Não se preocupe Estela. Como você disse, ela é de confiança, podemos e devemos contar oque aconteceu ontem aqui. Afinal era conviverá conosco não é mesmo? 

        Estér começou dizendo que havia discutido com o marido naquela noite. Por isso ele estava na sala no momento. Certificou-se em dizer sobre ter certeza de que Jully estava no berço e não sabia como ela havia parado lá embaixo. Relembrou também de há um tempo atrás ter ouvido passos na casa, mesmo com o alto sistema de segurança da mansão. Comentou ainda sobre o motivo de ter adotado o cão, e do porque não entender que alguém de fora havia matado. 

        -O pior de tudo foi ver minha filha com a faca na mão. Foi realmente assustador, para mim. 

        -Deve ter sido mesmo. Imagino o milhão de coisas que deve ter passado por sua cabeça. Falou Úrsula enquanto segurava as mãos de Estér tentando consola-la. 

        -Chega de drama neh? É hora de começar o trabalho. -Interrompeu Estela que não aguentava momentos de fraternização. -Falando em trabalho, estou atrasada. Beijinho beijinho. -E saiu de casa.

Jully [COMPLETO] {Reworking}Onde histórias criam vida. Descubra agora