Nathaniel não tinha sido expulso da escola, mas não podia pisar lá por no mínimo quinze dias e isso já me deixava um pouco aliviada, porem me sentia derrotada diante do fato dele poder continuar convivendo no mesmo ambiente que eu. Se caso vinhesse acontecer de novo e não tivesse ninguém por perto e... Melhor não pensar nisso agora, ainda dá de dar um jeito nessa situação. Puxei uma lufadinha de ar como se a pequena camada de oxigênio fosse me trazer calma.
Hoje era dia de limpar as estantes da biblioteca, primeiro dia do castigo que a professora de Química tinha passado para Adrien e eu. Só de imaginar eu já queria morrer. Era um corredor interminável, cheio de estantes empoeiradas abarrotadas de livros desorganizados. Eles eram divididos por seção, mas era visível pela lombada de cada livro que muitos estavam fora dos seus devidos lugares. Mais outro suspiro. Por isso tinha sido uma semana de castigo, tinha muita coisa pra fazer ali.
- Muito trabalho, não é? - dei um pulinho de susto quando Adrien apareceu na minha frente.
Ele tinha uma pilha de livro nos braços, que estavam bem marcados pela camisa social arregaçada até o cotovelo. Desviei rapidamente o olhar dessa parte e caminhei no sentido ao contrário de onde o Agreste estava. Eu não podia andar com a guarda tão baixa assim, deixar transparecer que todo o meu corpo só queria o dele colado ao meu era burrice, porque Adrien sabia muito bem me ler e usar isso contra mim não seria difícil.
- Então você voltou a me odiar ? - ronronou, estando mais uma vez ao meu lado.
- Nunca deixei de te odiar Agreste - virei as costas para o mesmo e voltei minha atenção para a estante a minha frente.
- Ah claro que não, seria presunção minha achar que aquele beijo significou alguma coisa, não é ? - o estalo alto que ele fez com a língua concluiu sua pergunta com todo o sarcasmo possível.
Me mantive parada. Não sabia como responder aquilo. Peguei um livro e mais outro, apenas para evitar Adrien e o olhar que ele mantinha sobre mim, analisando até a forma como eu respirava. Eu sabia a verdade, a verdade é que eu queria tanto a boca dele naquele dia que nem todo o remorso, ódio ou orgulho foram capazes de impedir o quê fiz.
- Não significou nada - respondi por fim. Sem olhar nos olhos dele.
- Vou organizar a estante dos livros de biologia - e saiu sem dizer mais nada além disso.
Senti um frio na barriga apenas por imaginar que Adrien estivesse chateado. Mas eu não podia voltar atrás, por isso me mantive aonde estava e foquei no que estava fazendo. Livros de matemática, odeio matemática.
Não acredito que teria que passar uma semana inteira fazendo isso, ainda mais com o Agreste. Puxei outro do livro da estante, mas não percebi que esse estava abaixo de uma outra pilha, fazendo uma chuva de livros acontecer por todo o corredor. Era como se todo o trabalho tivesse sido feito em vão. Fiquei parada observando a grande nevoa de poeira que se formou depois que todos os livros pararam de cair.
- Marinette? - virei para Adrien. Ele parecia ter corrido uma maratona, seu peito descia e subia tão rápido que estava difícil acompanhar com o olhar.
- Oi ? - arqueei uma sobrancelha, sem entender porque ele parecia tão preocupado.
- Pensei que tivesse acontecido algo... com você - respondeu por fim.
- Não, foi um acidentezinho, nada de mais - caminhei até ele, o livro que o mesmo tinha nas mãos eram do meu interesse.
- O quê foi ?
- Esse aí é meu - Adrien abriu um sorriso largo antes de vim até mim.
Dei alguns passos para trás, mas acabei me chocando contra a estante de livros. O loiro chegou mais perto, ficando a centímetros de distância do meu rosto. Mantive a respiração presa na garganta, sem saber qual seria seu próximo passo. Segui seu braço lentamente, vendo-o encaixar o livro na estante acima da minha cabeça. Soltei a respiração, um forte suspiro de alívio misturado com decepção. De alguma forma eu esperava por algo a mais.
- O quê foi Marinette ? - sua expressão, seu maldito sorriso convencido revelavam que ele tinha percebido.
- A poeira... Ela me deixa... Me deixa sufocada - era uma boa desculpa. Pra mim era.
- Já te contaram que é uma péssima mentirosa? - seus olhos fixos nos meus, enquanto suas palavras escorregavam da sua boca cheias de presunção.
- Então o quê você acha que eu tenho Agreste ? - sem que eu percebesse, me inclinei mais na direção dele.
- Bom... - droga - Vamos começar pela sua respiração, a forma como está ofegante agora - engoli a seco quando seus dedos deslizaram por meu pescoço - mostra o quanto está ansiosa por algo - disse num tom significativo.
Fiquei calada, tentando controlar o turbilhão de sensações que aquele pequeno toque tinha causado. Era como se as pontas dos dedos fossem fogo, me incêndiando por onde passava e disso eu não tinha o mínimo controle. Tudo piorou quando sua mão se fechou no meu pescoço, me obrigando a manter contato visual.
- E seu olhar é tão... - ele parou, desviando sua atenção para os meus lábios entreabertos.
Fechei os olhos, eu queria lutar contra aquilo, mas nem todo o orgulho conseguia segurar a Química avassaladora que nos envolvia agora. Os dedos do Agreste pressionaram com mais força e foi inevitável não sorrir satisfeita, ele sabia que eu gostava disso.
- Quero tanto te beijar agora - murmurou como um desabafo, seu polegar contornando meus lábios.
- Então beija - murmurei de volta.
Adrien deu mais um passo, me apertando contra a estante. Eu podia sentir todo o contorno do seu corpo agora. Outra lufada de ar. Senti sua boca, um toque mínimo antes dele se afastar totalmente de mim.
- Você me odeia Dupain- Cheng, se esqueceu ? - seus dentes todos a mostra em um sorriso sarcástico. Eu quis morrer.
- E agora mais do que nunca - saí da sala sem dizer mais nada.
Isso não ia ficar assim. Não ia...
Notas da autora.
Esse capítulo era pra sair dia quatorze, um presentinho para uma das leitoras aqui, mas o app que eu escrevo deu bug e não foi possível. Desculpa pela demira meus amres.Capítulo sem correção.
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Internato Miraculous
FanficUm internato só pelo seu nome já passa uma impressão de lugar extremamente rigoroso, o quê fazia Marinette repudiar a ideia dos seus pais em coloca-la em um. Mas o quê ela não esperava é que François-Dupont tinha lá suas peculiaridades...