Estrela do mar ⭐ {Parte I}

Um 'estranho' na cozinha

Prólogo

Bright estava sentado na poltrona do avião e fitava a janela ignorando a voz do piloto que anunciava o pouso. Ao longe, ele avistou a estátua do grande Buda de Ouro de Wat Phra Yai e lágrimas escorreram pela sua face. Ele havia acabado de ser notado por uma grande gravadora de Bangkok e estava prestes a fechar um contrato para gravar o primeiro single, mas precisou voltar para casa após a morte da mãe. Segurando o celular em mãos, ele fitou a tela e viu os olhos vermelhos, se lembrando da última ligação que recebeu de sua tia Jennie contando sobre o ocorrido e pedindo para ele voltar imediatamente. Bright abandonou o sonho de conseguir ser um cantor de sucesso e viu sua vida mudando por completo. Ele não sentia que estava pronto, aliás, quem em sã consciência estaria pronto para abrir mão de tudo que desejava depois de perder uma das pessoas que mais amava na vida? Perder a mãe e abrir mão do sucesso, lhe abria um grande vazio dentro do seu coração, espaço esse que ele não desejava preencher novamente.

⛱️

- Crianças, estamos atrasadas!

Jennie gritou da cozinha enquanto os sobrinhos terminavam de se arrumar no andar de cima da pequena casa de frente para o mar. O dia estava nublado e era sexta-feira, o final de semana era sinônimo de correria para a família Vachirawait, ainda mais com a alta temporada começando naquele dia.

A mulher estava com os cabelos presos, sentindo a brisa entrando pela janela da cozinha, enquanto terminava de fechar as lancheiras das meninas que corriam de um lado para o outro. Ela podia escutar o sobrinho pedindo impaciente que as irmãs ficassem quietas para que pudesse terminar de arrumá-las.

- Eu tô bonita, irmão?

O sorriso de dentes brilhantes irradiou assim que os olhos de Bright se voltaram para Lotte, a irmã mais nova. Ele sentiu o coração disparar e abriu um sorriso de canto. Charlotte era perfeita, sua pele bronzeada, o cabelo acima do ombro, a franja caindo em sua testa e os cílios grandes e escuros, davam um charme a parte. O irmão mais velho era louco pelas duas e mesmo estando todo estressado com aquela correria matinal, vê-la sorrir o fazia desmanchar a cara de mau humor e lhe dar o melhor sorriso que conseguia.

- Você é perfeita, Lotte. Está linda.

Bright apertou as bochechas fofas da mais nova, que ficou corada ao receber o elogio. Ela se manteve ao lado dele, enquanto Bright se voltava para Ame e dava um laço no cadarço do tênis surrado da garota. Ao terminar, Bright sorriu em linha reta e tirou a franja do olho de Ame, que irritada tirou as mãos do mais velho enquanto passava por ele e saia do quarto. Charlotte colocou a mão na boca para esconder o riso do irmão e olhou para Bright quando ele lhe esticou a mão.

- Vamos princesinha?

Lotte estendeu os bracinhos para o mais velho carrega-la no colo. Sorrindo com o jeito fofo da irmã lhe pedir colo, Bright a pegou e guardou o celular que a mais nova segurava nas pequenas mãozinhas, no bolso. Ele não percebeu que o aparelho estava ficando sem bateria e não foi avisado pela caçula que viu o aviso na tela enquanto assistia desenho. Ele pegou a mochila das duas irmãs e jogou sobre seu ombro esquerdo, saindo do quarto em direção as escadas.

Ao chegar no topo, os dois se olharam e Lotte rapidamente agarrou o pescoço de Bright, fechando os olhos e contando baixinho "1, 2, 3, já". Bright apertou o braço ao redor da pequena, descendo os degraus correndo e arrancando gargalhadas da garota. Rindo gostosamente, ela lutava para se segurar em Bright que tomava todo cuidado para não cair, mantendo-a em segurança.

Ao saírem pela porta da frente, Bright a fechou e se virou em direção ao carro velho da tia, vendo que Ame já estava no banco da frente. Ele revirou os olhos, ainda irritado com a audácia daquela criança, porém, como sempre ele nada fez para tirá-la de lá.