Lobos- O Despertar Da Lenda | Livro 02| Concluído

Capítulo 21

Lídia...

Eram nove da manhã; a maioria das pessoas do palácio estava em treinamento na arena. Eu, Felipe e Romeu aguardávamos Lucian na sala, pois dois mensageiros enviados por James esperavam para falar com ele. Pelo que percebi, o assunto era sério e não podia ser discutido por telefone.

— Acho melhor eu ir chamar Lucian. - Digo, enquanto lia alguns papéis.

— Também acho. - Felipe disse, esparramado no sofá.

— Provavelmente ainda deve estar dormindo, especialmente depois da noite que teve. - Dante falou, parecendo profundamente irritado. O curioso é que eu nem o vi chegar, mas é típico dele, chegar de mansinho.

— Como sabe como foi a noite dele? - Romeu o questionou, tão intrigado quanto eu.

Eu e Felipe o olhamos curiosos por sua resposta. Até onde eu sei, Dante só viu o que o resto de nós viu na noite passada.

"Ou será que não?"

— Palpite. - Dante claramente fingiu indiferença e se retirou com pressa.

Ficamos a observar ele se afastar.

— Não vai demorar para alguém dar umas porradas nesse lobo. Vocês apostam quanto? - Felipe brincou, tentando quebrar o clima tenso que se instalava ali.

— Todas as fichas. - Disse Romeu.

Rimos.

"Mas... e se Felipe estiver certo?"

"Espero que não."

— Bem, eu vou chamar Lucian. Só espero que ele esteja de bom humor. - Digo.

— Boa sorte. - Eles falam juntos.

"Se Aurora estiver com ele, então está tudo bem."

"Pelo menos ela sabe domar a fera."

Sorrio com meus pensamentos enquanto subo as escadas.

"E lá vai eu, a bruxa estraga prazeres outra vez."

...

As risadas dos filhotes eram só o que se ouvia no corredor; eles brincavam no quarto dos meninos e conversavam sobre desenhos animados que, segundo as palavras deles, o tio Felipe mostrou.

"Felipe é um bebezão."

Quando cheguei no quarto do meu casal favorito, dei duas batidas na porta. Logo ouvi a voz grave e autoritária de Lucian dizer:

— Entre.

Coloquei a mão na maçaneta da porta; a mesma estava com um brilho que incomodava os meus olhos, tudo isso graças aos raios de sol que penetravam as cortinas da janela do corredor e refletiam sobre ela. Quando finalmente entrei no quarto, achei que encontraria os supremos sonolentos, mas, para a minha surpresa, os dois estavam deitados, brincando com a filha mais nova. A bebê estava deitada e sorridente entre os dois.

— Olá, Lídia. - Aurora me cumprimentou, como sempre sem expressão alguma no rosto, deixando no ar a dúvida "Ela está zangada?" "Triste?" "Vai sorrir?" ou "Vai morder?" Sua voz baixa e calma poderia facilmente dizer que ela era somente uma mulher indefesa, mas quem a conhece fica difícil saber quem é mais letal, se é  ela ou o marido.

— Olá, Aurora. - Sorrio e ela retribui.

— Sabe se Abner já está na arena de treinamentos? - Ela pergunta enquanto beija repetidas vezes o rosto da filha.

— Sim, ele já seguiu para lá, ainda bem cedo.

— Ótimo, eu vou até ele então. - Disse ela, levantando-se e pegando Lizzie no colo. Logo ela se inclina um pouco e dá um beijo nos lábios do marido, que estava atento a cada movimento dela.