Capítulo 3 - Balada GLS

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Palloma saiu da sala do Paulo, despediu-se de Luciana com um abraço e um beijo no rosto, saiu porta fora em direção à seu carro. Estava muito animada, queria comemorar. Decidiu, assim que chegasse no apartamento iria ligar para o Flávio, seu amigo há 6 anos, iria chamá-lo para boate GLS que de vez em quando frequentavam.

- Alô?

- Fala, bicha. - Flávio disse.

- Se liga, consegui o emprego lá no restaurante.

- Nossa, sério? Arrasou, bicha! Vamos comemorar, não é? A gente tem que comemorar, e também estou meio carente sabe amiga? Estou precisando de uns pegas. - riram.

- Como que tu gosta de homem?

- Faço a mesma pergunta pra você, como tu gosta de mulher? Af.

- Mulher é bom!

- Homem é bom!

- Duvido.

- Não duvida não, bicha. Tenho bom gosto gata. - riram.

- Ta, ta. Então, te liguei pra isso mesmo, de onze horas colo aí na tua casa pra gente ir naquela boate de sempre, firmeza?

- Ai! Ta bom, ta bom. Vou desligar, preciso me produzir inteira hoje, vou abalar os corações dos bofes hoje, você vai ver! - Palloma riu.

- Vai lá. Até.

Ficou assistindo um programa chato daqueles de domingo. Só não entendia o porque, ainda era sexta-feira. Estava assistindo e escutou o som de mensagem de seu celular, esticou-se até alcançá-lo no centro, pegou-o.

Era uma mensagem da Beatriz. Uma amiga lésbica da Palloma desde o colegial.

A mensagem dizia: ''E aí, o que tem pra hoje? To afim de sair, tédio!''

Palloma a respondeu: ''Consegui um emprego num restaurante aí, vou comemorar com o Flávio, de onze horas vou pegar ele, a gente se encontra lá na BHGL, falou?''

Beatriz respondeu: ''Sério? Parabéns sapatão, kk. Beleza, até mais tarde.''

Palloma jogou o celular na cama e foi direto para o banheiro. Saiu enrolada na toalha, com os cabelos molhados. Foi até seu guarda-roupa. Tirou de lá uma calça jeans de cor preta, uma blusa sem manga preta e uma xadrez vermelha com preta. Vestiu-se, fechando a xadrez até de baixo dos seios, deixando uma parte da blusa preta à mostra. Caminhou até o banheiro, escovou os dentes. Pegou o secador e ligou o mesmo. Secou o cabelo por cima, bagunçando-o depois. Tomou outro banho, de perfume dessa vez. Calçou um tênis xadrez cinza com branco, parecido com um sapatinho. Pegou a carteira e saiu.

Chegou em frente à casa de Flávio e buzinou. Mandou uma mensagem avisando que tinha chegado. 3 minutos depois, Flávio entrou no carro.

- Amiga, que luxo! As meninas vão pirar em você, literalmente! - Flávio disse admirando Palloma, que por sua vez deu uma gargalhada gostosa.

- E você hein? Nossa, ta gata!

- Ai, para! Assim eu fico com vergonha, amiga. - riram - Não que eu já não soubesse né!

- Que bicha convencida você hein?!

Chegaram na boate. Passaram pela frente, estava lotado e de longe dava para escutar o som. Estava tocando eletrônica. Foram para o estacionamento da boate, era fechado, todo iluminado, uma espécie de depósito. Palloma estacionou o carro no final do estacionamento, onde restava agora somente uma vaga ao lado de seu carro.

- Espera aí, vou ligar pra Beatriz, ela vem também. - Palloma disse e discou o número.

- Alô?

- Já chegou, Bia?

- Estou aqui na frente, chegou?

- Cheguei, to no estacionamento, já chego aí.

- Beleza.

- Vamos. - Palloma disse para Flávio após ter encerrado a ligação.

Palloma olhou para a janela do lado de Flávio e reparou que tinham ocupado a última vaga do estacionamento. Assim como Flávio, abriu a porta e retirou-se de dentro do carro. Fechou a porta e acionou o alarme. Verificou se as portas estavam realmente trancadas, e estavam. Olhou para o lado onde tinham estacionado o carro ao lado de sua pajero depois que abriram a porta do motorista. De dentro do carro saiu uma loira de cabelo curtinho, do estilo patricinha, de vestido curtinho vermelho justo ao corpo. E do outro lado saiu, bom... Palloma ficou paralisada.

Era ela. Era a garotinha de cabelos pretos longos, escorridos, aquela de olhos verdes marcantes e da boca rosada.

''Aquela menininha idiota que foi grossa comigo, patricinha. Mas, o que ela está fazendo aqui? Ela é? Não, não poder ser.'' Pensou Palloma.

A morena saiu caminhando com a loira em direção à boate. Não reparou na presença de Palloma, ou não reconheceu-a, como Palloma preferiu pensar. Não comentou nada com o Flávio e foi caminhando até à frente da boate. Encontrou a Beatriz em frente à entrada.

- Amiga, como você está linda! - Beatriz disse e puxou Palloma para um abraço, que por sua vez, retribuiu.

Beatriz era de estatura baixa, devia ter seus 1,55cm de altura. Baixa para a idade que tinha, 23 anos. Possuía cabelos que marcavam nos ombros, ondulados, pretos, assim como seus olhos. Nariz afilado, pequeno, e lábios finos. Tinha um belo sorriso. E um belo corpo, podemos dizer que, invejável para algumas.

Enquanto estava abraçada com Beatriz, Palloma reparou que a morena patricinha estava no final da fila, encarando-a com um olhar irritado. Gostou do olhar irritado dela. Palloma amava provocar. E era o que exatamente iria fazer, enquanto pudesse. Queria fazer meio que ciúmes na patricinha, só não sabia o porquê.

- Você está mais, pequena! - disse Palloma sorrindo exageradamente para a amiga e falando um pouco alto para a morena poder escutar.

Beatriz e Flávio se cumprimentaram, e os três seguiram para o final da fila, ficando na seguinte ordem: A loira amiga da patricinha, a patricinha logo atrás, seguida por Beatriz, Palloma, e por fim, Flávio.

- Então amiga, hoje você se produziu toda toda, hoje você quer mesmo né? - perguntou Beatriz rindo para Palloma.

- Ah, sabe como é, né? - Palloma respondeu, fazendo Beatriz e Flávio rirem.

Viu que a morena revirou os olhos para ela e virou-se para conversar baixinho com a loira. Palloma sorriu, gostando da reação que provocou na morena. Irritou ela, e queria fazer isso várias vezes! Todas as vezes que a encontrasse na rua. Ou até mesmo, naquele restaurante. Olhou para Beatriz, que imediatamente ''entendeu'' o que estava acontecendo. Dez minutos depois, compraram o ingresso e já estavam dentro da ''BHGL''.

Branca Como A NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora