Capítulo 19 - Como se eu fosse transparente

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Vanessa ficou um tempo parada, com seu olhar grudado na tela de seu celular. Leu e releu a mensagem de Palloma várias vezes, por vários minutos. Depois de um tempo reparou que já estava na hora de descer do ônibus. Foi caminhando até sua casa que não ficava muito longe de onde tinha descido. Entrou em casa e subiu para seu quarto, logo avistou Sofia.

- Oi.

- Oi. - Vanessa respondeu-a estranhamente e colocou suas coisas em cima da poltrona.

- Ih, que foi?

- Pega. - disse entregando seu celular com a mensagem aberta para sua amiga. Sofia leu.

- O que tem demais?

- Amor.

- Que?

- Lê de novo.

- Ih... Não vai responder?

- Claro que vou. Só não entendi isso. - Sofia riu.

- Ela ta gostando.

- Não, não ta. - Vanessa disse e pegou o celular da mão da amiga e respondeu.

''Cheguei em casa agora. Não sei a hora... Que horas você sugere?''

- Pronto. - disse para si mesma e foi para o banheiro.

Palloma estava passando no caixa do mercado quando sentiu seu celular tremer. Pegou o mesmo rapidamente e leu a mensagem que Vanessa tinha acabado de enviar. Respondeu.

''Passo aí às oito.''

Poucos minutos depois, Palloma estava adentrando a porta de seu apartamento e indo colocar as compras em cima do balcão. Colocou as comidas em seus devidos lugares e se dirigiu até a sala. Sentou-se e discou o número de Beatriz.

- Alô, Bia?

- Fala.

- Ta ocupada?

- E desde quanto tu se importa? - riu.

- Haha. Preciso de ajuda.

- Como?

- Ajuda, Bia.

- Nossa, que milagre, Palloma pedindo ajuda. Fala aí, o que foi?

- Mais tarde eu vou buscar a Vanessa, e ela vem aqui pro apartamento.

- Mentira.

- É sério. Eu queria saber, sei lá. O que eu faço? - Palloma perguntou sem graça e Beatriz gargalhou do outro lado da linha. - Deixa de rir idiota, fala.

- Como assim você não sabe o que fazer Palloma?

- Ah Bia, sei lá. Ela vem aqui e a gente vai assistir um filme. Eu nunca mais trouxe menina pra cá.

- Cai dentro.

- Mas não dá, ela não é do tipo que se entrega fácil.

- Não?

- Ontem a gente foi pra cama, mas não. - Beatriz riu novamente.

- Por que ta nervosa? Tu já pegou ela.

- Não sei.

- Ta se apegando, Palloma?

- Claro que não, Bia. Deixa de ser ridícula.

- E por que ela vai pro seu apartamento?

- Ah, eu gostei... Eu gosto da companhia dela.

- Ih... Sei não.

- Não vou me apegar. Quando eu cansar eu deixo.

- Ta bom então.

Quando estava perto das 20:00, Palloma desceu até a garagem de seu prédio e saiu dirigindo seu carro indo até a casa de Vanessa. Chegou em frente a casa da morena exatamente no horário em que havia marcado. Respirou fundo e saiu do carro, logo em seguida caminhando até a porta. Tocou a campainha e aguardou poucos segundos. Vanessa saiu porta a fora, fechando-a em seguida. Virou-se para Palloma. Vanessa estava simples, apenas com um short jeans e uma blusa normal, e seus pés calçavam uma rasteirinha. Palloma a olhou se cima abaixo e sorriu.

Palloma narrando.

Estava um pouco nervosa, não sei o que me deu. Estava com medo da reação dela depois de nos vermos novamente. Nós agimos por impulso nessa madrugada. Quer dizer, ela agiu por impulso. Talvez ela estivesse arrependida do que tinha feito, ou do que nós tínhamos feito, e eu estava com medo de ouvir isso saindo da boca dela. Porque, eu gostei, muito. Até mais do que deveria. Assim que ela se virou de frente para mim e eu pude ver seus olhos na direção dos meus atentamente, me arrepiei da cabeça aos pés.

Ela causa uma sensação diferente em mim. É como se através do olhar dela, ela pudesse ver o que existe dentro de mim, o que eu sinto. Como se eu fosse transparente, apenas ao olhar dela. Ela estava linda. Simples e completamente linda. O jeito que ela me olha, mexe comigo. Não sei o que é, não sei o que ela tem de diferente das outras, só sei que mexe, muito. E acho que estou começando a ficar com medo disso.

- O...Oi. - gaguejei.

- Oi. - ela respondeu normalmente, bem diferente de mim. Como ela conseguia? Pensando bem, ela era exatamente o oposto de mim.

- É... Vamos?

- Vamos. - deu um sorriso pequeno.

Me virei e fui caminhando na frente em direção ao carro, em silêncio. Abri a porta do passageiro para que ela pudesse entrar. Assim que ela adentrou no carro, fechei a porta e fui em direção a outra porta do carro.

Fim de narração de Palloma.

Palloma estava dirigindo nervosamente, olhava para Vanessa poucas vezes e a mesma olhava apenas para frente, calada.

- Quer escutar música? - Palloma perguntou olhando-a.

- Não, obrigada. - Palloma assentiu com a cabeça e voltou a olhar a estrada.

Chegaram ao prédio rapidamente e Palloma foi adentrando no estacionamento com seu carro. Saíram do carro e foram indo em direção ao elevador que ficava a poucos metros de distância. No estacionamento apenas se ouvia o som dos chinelos batendo no chão, nem sinal de vozes. Muito menos delas. Chegaram até o elevador e Palloma apertou o botão que acendeu automaticamente. Estavam aguardando o elevador chegar, quando Palloma quebrou o silêncio que ainda habitava entre as duas.

- Você ta linda.

- Obrigada. - pela primeira vez na noite, Vanessa sorriu de verdade, sinceramente.

- Disponha. - Palloma retribuiu o sorriso.

O elevador chegou e Palloma abriu a porta para que Vanessa entrasse primeiramente.

- Pode passar, senhorita. - Vanessa deu um riso baixo e entrou no elevador.

Palloma entrou logo em seguida e já estavam subindo até quarto andar, onde Palloma morava. Vanessa ficou parada olhando para cima, onde ficava a tela, vendo os andares subirem. Palloma estava encostada na parede do elevador a olhando, sem emitir som algum. De longe dava para perceber que a morena estava tensa. O elevador finalmente abriu e as duas saíram do mesmo. Foram caminhando lentamente pelo corredor do quarto andar. Palloma parou em frente a porta do apartamento que Vanessa desconhecia. Abriu a porta do seu apartamento que estava totalmente arrumado depois de Palloma ter passado o restante da tarde arrumando-o.

- Vamos?

Branca Como A NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora