Capítulo 9 - Lual

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Palloma estava dirigindo com os olhos atentos na pista, segurando com força a direção do carro, estava tensa. As vezes olhava para Vanessa de rabo de olho e a mesma estava olhando para rua pela janela do carro. Depois de uns 10 minutos em silêncio, Vanessa o quebrou.

- Onde vamos?

- Eu estava pensando em irmos jantar em um restaurante japonês que eu conheço, é muito bom. E depois nós poderíamos ir à um lual.

- Nossa, quer me alugar a vida inteira?

- Ah, para vai! - Vanessa riu.

- Ok, ok.

Se fez silêncio de novo. Chegaram em frente ao restaurante 10 minutos após da pequena conversa. Foram direto ao estacionamento. Palloma se lembrou do dia da boate, sorriu com seus pensamentos voltados para dentro daquele banheiro, o quase beijo.

- Por que ta sorrindo assim? - a morena perguntou tirando Palloma de seus pensamentos.

- Ah, nada não. - respondeu e sorriu mais ainda. A morena ficou com uma expressão de ''que louca'' - Vamos?

- Vamos.

Desceram do carro, Palloma ativou o alarme e as duas foram caminhando até a entrada do restaurante. Uma ao lado da outra, mas nem sinal de que iriam se tocar. Entraram no restaurante. O restaurante era um lugar amplo e elegante. A decoração se baseava na cor vermelha, preta e branca. Palloma conhecia o dono do restaurante, também amigo de seus pais. Logo quando foram entrando no restaurante, Ricardo, o dono, parou-a.

- Palloma, que prazer te ver aqui! - disse ele abraçando-a levemente. Palloma retribuiu e deu um sorriso. Ricardo olhou para Vanessa e se virou para a outra. - Sua namorada? - Vanessa abaixou a cabeça sem graça, o que fez com que Palloma desse um sorriso.

- Ainda não, Ricardo. Ainda não. - riram. - Eu liguei mais cedo e reservei uma mesa no outro espaço, pode nos levar até lá?

- Claro, senhorita. Venham comigo.

Ricardo as acompanhou até um lugar afastado das outras demais mesas. Deixaram elas na porta de vidro que dava para a outra ala especial e se retirou. Palloma abriu a porta corrediça e deu passagem para a morena. Entrou e fechou a mesma. Foram em direção a mesa e se sentaram. O local era aberto, com apenas três mesas, todas as duas restantes estavam vazias. O local onde estavam era no segundo andar, ficava de frente para praia. A vista era linda e era um lugar bem... Romântico.

''Que escrota!'' Vanessa pensou e logo depois disse:

- Isso aqui deve ser caro.

- Sim.

- Não poderíamos ir à um lugar mais barato?

- Por que ta incomodada com isso?

- Não sei, não gosto.

- Sou eu que vou pagar.

- Não, eu também vou.

- Não, não vai. - Palloma encerrou a discussão chamando o garçom. Ele veio até a mesa rapidamente.

- O que as senhoritas vão desejar? - perguntou educadamente. Palloma olhou para seu crachá que ficava preso ao seu uniforme.

- Fred, não é? Não sei bem o que pedir, então traga duas porções da melhor especialidade da casa, por favor.

- Sim senhora. - disse e se retirou do local.

Depois de uns minutos caladas, Palloma disse:

- O que aquela Sofia é sua mesmo, afinal?

- Minha amiga, por quê?

- Só amigas? Vou sair beijando minhas amigas também então.

- Idiota. Só estou ajudando ela com a ex.

- Que ajuda boa essa, né? - Vanessa riu. Palloma virou o rosto.

- Ta com ciúmes por acaso?

- E se tiver?

- Não posso fazer nada.

- Mas porque você tem que beijar ela, hein?

- Só preciso beijar ela na frente da ex namorada dela.

- Por que?

- Ela não dava atenção pra Sofia, então Sofia acabou o namoro. E agora ela ta atrás dela. E eu tenho que ficar com ela pra mostrar que tem quem dê atenção, carinho, amor... - a morena disse e riu.

- Que ridículo.

- Ah qual é, só estou ajudando ela.

- Continua sendo ridículo.

- Também acho, mas vou ajudá-la. Ela é minha amiga.

- Hum.

O jantar tinha chegado. Comeram em silêncio absoluto. Silêncio incomodante para as duas, mas não deram o braço a torcer. Terminaram. Palloma fez sinal para que o garçom viesse até a mesa.

- A conta por favor. - o garçom assentiu com a cabeça e se retirou.

Palloma olhou a morena, ela estava de cabeça baixa.

- Vanessa. - a mesma levantou a cabeça.

- Oi?

- Ta achando chato? - Palloma perguntou sem jeito. Vanessa sorriu.

- Não.

- Não parece. Quer que eu te leve pra casa?

- Não, quero ir pro lual agora. - Palloma sorriu.

- Ta.

Palloma pagou a conta. Se levantou da mesa e puxou Vanessa pela mão delicadamente. Foram andando de mãos dadas até a porta da frente. Palloma acenou para Ricardo e saiu do restaurante com a morena. Entraram no carro. A praia ficava em frente ao restaurante, Palloma só fez passar para o outro lado da pista. Estacionou o carro. Vanessa saiu do carro e vários olhares se voltaram para ela, Palloma percebeu e desceu rapidamente de seu carro, fechando o mesmo e indo em direção a morena. Vanessa na frente e Palloma atrás como sua ''guarda''.

Caminharam até a areia, tinha várias pessoas, umas em pé conversando, bebendo, outras se agarrando, e tinha uma rodinha com poucas pessoas sentadas em troncos de árvore como se fosse um banco. Existia uma fogueira no meio da rodinha e um homem que devia ter seus 20 anos tocando violão.

- Vamos pra lá? - perguntou Palloma olhando a morena atentamente. A morena apenas concordou com a cabeça.

Palloma pegou na mão da morena e as duas caminharam até a roda. Sentaram-se em um tronco vazio. O homem começou a tocar a música ''Apenas Mais Uma De Amor'' do Lulu Santos.

''Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder, deixa assim ficar, subtendido.'' O homem cantou e Palloma olhou para morena que estava de cabeça baixa.

Aproximou-se da morena, ficando colada à ela, passou seu braço direito por cima de seu ombro e se juntou mais a ela. Vanessa deixou facilmente, não insistiu nem a olhou de mal jeito como sempre fazia. Puxou o braço da morena e fez com que ficassem de mãos dadas. Vanessa olhou para Palloma e deu um meio sorriso, Palloma retribuiu.

''Mas que porra é essa que eu to fazendo?'' Vanessa se perguntava. Mas nem sequer cogitou a idéia de se afastar da outra.

Estava olhando para frente, sem saber o que fazer. Palloma a olhava como se existisse só ela e mais ninguém naquela praia. Foi se aproximando e deu um beijo demorado em sua bochecha, fazendo com que Vanessa a olhasse logo depois.

Branca Como A NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora