Já amanheceu. Em uma brecha que havia na cortina do quarto de Palloma, um raio de luz mais intenso atingiu-lhe os olhos, fazendo-a acordar com um calor em seu rosto. Tentando acostumar-se com a claridade do dia, notou que a cama estava vazia.
Percorreu os olhos pelo quarto e parou na porta do banheiro, entre aberta, avistou a morena olhando-se no espelho, prendendo o cabelo em um coque bagunçado. Vanessa sorriu quando saiu do quarto e a pegou observando-a.
- Bom dia, flor dia - esgueirando-se por cima de Palloma, tocou seus lábios levemente em sua bochecha, fazendo Palloma amolecer, tendo como reposta um sorriso completamente apaixonado.
- Sabia que eu poderia acordar assim todos os dias da minha vida?
- Sabia que eu não imaginava que você seria essa romântica brega?
Respirando fundo, Palloma a respondeu:
- As vezes um pouco de romantismo brega, cai bem. Você deveria estar acostumada. Acho que não é muito difícil alguém se apaixonar por você, é?! - com isso, Palloma levantou-se da cama e saiu em direção a cozinha, deixando a outra sozinha na cama.
- O que porra você tá fazendo? - perguntou a si mesma.
Pouco menos de um minuto, Vanessa se sentou no balcão da cozinha, vendo Palloma fazer o café da manhã.
Palloma por um instante parou os olhos na morena e perguntou:
- O que foi?
- Nada - Vanessa mordia os lábios.
Palloma levantou as sobrancelhas, ignorando sua resposta inútil e esperando por outra.
- De que horas nós vamos? Para casa dos seus pais - perguntou, vendo a garota à sua frente baixar os olhos.
- Hum... Você ainda quer ir?
- Por que não iria? - perguntou, juntando suas sobrancelhas, confusa.
- Não sei, acho que quero ficar em casa hoje.
- Então ficamos.
- Na verdade... Quero ficar sozinha em casa hoje - respondeu, mordendo os lábios.
Vanessa a encarou por um instante. Pulou do balcão e saiu andando até o quarto. Pouco depois encontrou a morena arrumando suas coisas.
- Pensei que fosse ficar pra tomar café comigo.
- Pensei que me queria aqui - respondeu-lhe, devolvendo um olhar fulminante para Palloma.
Se aproximou.
- Ei... - tentou pegar na mão de Vanessa, que se afastou, ainda encarando-a - Vanessa, para com isso.
- O quê? Você quer ficar sozinha, obviamente, estou indo embora.
Palloma se aproximou novamente, colocando o rosto da outra entre suas mãos.
- Eu não sei o que eu estou fazendo. Me desculpa. Eu não quero te magoar. Só não estou pronta.
- Pronta pra que, Palloma? Foi você que me chamou, foi você que falou coisas bonitinhas de gente apaixonada, foi você, sua idiota! E quem fala isso é você?
- Eu não sei o que eu estou fazendo, porra! - Palloma aumentou seu tom de voz, olhando nos olhos da morena - Eu não quero sofrer.
Com uma risada debochada, Vanessa saiu de seus braços, por fim, pegando sua bolsa.
- Sofrer? O que você sabe sobre sofrer? Você nem sabe o que é gostar de alguém! - gritou, e saiu do apartamento batendo a porta com força.
Vanessa saiu do apartamento de Palloma às pressas, correndo até seu carro, atordoada. Entrou, colocou o cinto de segurança e parou, olhando pelo para-brisa do carro. Olhando para o nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Branca Como A Neve
RomancePalloma, com seus 24 anos, não concluiu a faculdade e está a procura de um trabalho. Sendo de família rica, mas pé no chão. Homossexual assumida para quem quiser ouvir ou ver. Ela não sabe o que te espera. Ainda. Depois de ter passado por vários a...