- 𝘖𝘯𝘦

394 23 14
                                    

Quando você está no fim da semana de provas e estudando há cinco horas direto, três coisas são necessárias para sobreviver à noite: a maior raspadinha que conseguir encontrar, metade sabor
cereja, metade Coca-Cola. Uma calça de pijama lavada tantas vezes que já está puída. E, por último, pausas para dançar — muitas pausas para dançar.

Quando seus olhos começam a se
fechar e tudo que você quer é sua cama, pausas para dançar dão
forças para seguir em frente.

Eram quatro da manhã, e em algumas horas eu faria minha última prova do primeiro ano na Finch University. Estava acampada na biblioteca do alojamento com minha nova melhor amiga, Anika Johnson, e minha antiga melhor amiga, Taylor Jewel. As férias de verão estavam tão próximas que eu quase conseguia sentir o gostinho. Só faltavam cinco dias. Eu vinha fazendo a contagem regressiva desde abril.

— Me faça uma pergunta — ordenou Taylor, rouca.

Abri meu caderno em uma página aleatória.

— Defina anima e animus.

Taylor mordiscou o lábio inferior.

— Me dá uma dica.

— Humm... pense em latim.

— Não sei latim! Vai cair latim na prova?

— Não, eu só estava tentando dar uma dica. Em latim, os nomes de garoto terminam em us, e os de garota, em a; e anima é o arquétipo feminino, enquanto animus é o arquétipo masculino. Sacou?

Ela soltou um enorme suspiro.

— Não. Vou ser reprovada com certeza.

Anika ergueu os olhos do caderno, dizendo:

— Se você parar de bater papo no celular e começar a estudar, talvez isso não aconteça.

Taylor a encarou, irritada.

— Estou ajudando uma amiga da irmandade a planejar o café da
manhã de fim de ano letivo, então preciso ficar de plantão hoje à
noite.

— De plantão? — Anika pareceu achar divertido. — Tipo uma médica?

— Isso, exatamente como uma médica.

— E aí, vai ter panquecas ou waffles? — provocou Anika.

— Croissants, se quer mesmo saber — retrucou Taylor.

Nós três estávamos cursando a mesma matéria de psicologia — eu e Taylor faríamos a prova no dia seguinte, e Anika, um dia depois. Além de Taylor, Anika era minha amiga mais próxima na faculdade.

E como Taylor era bem competitiva, sentia muitos ciúmes da nossa amizade — o que ela jamais admitiria.

Minha relação com Anika era diferente da que eu tinha com Taylor. Anika era tranquila e fácil de lidar, não saía logo criticando.

Mais que isso, na verdade. Ela me dava espaço para ser eu mesma. Não sabia de toda a minha vida, por isso não tinha expectativas ou ideias preconcebidas a meu respeito, o que fazia com que eu me sentisse muito livre.

Nunca tive uma amiga como ela. Anika era de Nova York; o pai tocava jazz e a mãe era escritora. Algumas horas mais tarde, o sol começou a nascer, iluminando a biblioteca com uma luz azulada. Taylor descansava a cabeça na
mesa, e Anika encarava o nada, feito um zumbi.

Amassei duas bolinhas de papel e joguei nas minhas amigas.

— Pausa pra dançar — anunciei, apertando o play no meu notebook e fazendo uma dancinha na cadeira.

We will always have our year • Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora