- 𝘕𝘪𝘯𝘦

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Eu sabia que tinha que falar com Taylor e Anika antes que meu pai viesse me buscar, de manhã. Pensei em contar para as duas juntas, mas sabia que Taylor, minha amiga mais antiga, ficaria magoada se soubesse ao mesmo tempo que Anika, que eu conhecia havia menos de um ano.

Tinha que contar primeiro a Taylor. Era o mínimo que eu devia a ela.

Com certeza ela acharia que eu e Noah tínhamos enlouquecido. Reatar o namoro era uma coisa, mas casar era outra, completamente diferente. Ao contrário das garotas da irmandade
dela, Taylor só queria se casar lá pelos vinte e oito anos.

Liguei para ela e pedi que me encontrasse no Drip House, o café
onde todos iam para estudar. Disse que tinha novidades. Ela tentou me fazer contar pelo telefone, mas resisti:

— É o tipo de notícia que tem que ser dada pessoalmente.

Taylor já estava sentada com seu café gelado com leite desnatado
quando cheguei lá. Usava óculos escuros Ray-Ban e mandava
mensagens de texto, mas largou o celular assim que me viu.

Eu me sentei na frente dela, tomando cuidado de manter a mão no colo.

Taylor tirou os óculos escuros e disse:

— Você está parecendo muito melhor hoje.

— Obrigada, Tay. Estou me sentindo muito melhor mesmo.

— Então, o que aconteceu? — Ela me examinou. — Vocês dois voltaram? Ou terminaram de vez?

Levantei a mão esquerda com um floreio. Taylor olhou para a mão, confusa. Então viu meu anel.
E arregalou os olhos.

— Você está de sacanagem! Está noiva?! — gritou. Umas duas
pessoas se viraram e olharam para nós, irritadas. Afundei um pouco na cadeira. Taylor agarrou minha mão, ainda gritando: — Ai, meu Deus! Deixa eu ver esse negócio!

Percebi que ela achou o anel pequeno demais, mas não me importei.

— Ai, meu Deus — voltou a dizer Taylor, ainda encarando o anel.

— Eu sei.

— Mas, S/a ... Ele traiu você.

— Estamos recomeçando do zero. Eu amo Noah de verdade, Tay.

— Eu sei, mas o momento é meio suspeito — disse ela, hesitante.

— Quer dizer, é bem repentino.

— É e não é. Você mesma disse. É de Noah que estamos falando. Ele é o amor da minha vida.

Ela ficou apenas me encarando, boquiaberta. Até que perguntou,
gaguejando:

— Mas... mas por que vocês não podem esperar ao menos até terminarem a faculdade?

— Não tem por que esperar se vamos nos casar de qualquer jeito. — Tomei um gole da bebida de Taylor. — Vamos arrumar umapartamento. Você pode nos ajudar a escolher as cortinas e a
decoração.

— Acho que sim. Mas, espera... E a sua mãe? Aposto que Laurel surtou.

— Vamos contar pra minha mãe e pro pai dele na semana que vem, em Cousins. E pro meu pai depois.

Taylor se animou.

— Espera, então ninguém sabe ainda? Só eu?

Assenti, e vi que ela ficou satisfeita.

Taylor adora saber segredos, é uma de suas coisas favoritas na vida.

— Vai ser um apocalipse — disse, pegando a bebida de volta. — Tipo, cadáveres. Tipo, sangue nas ruas. E, quando digo sangue, estou me referindo ao seu

— Nossa, muito obrigada, Tay.

— Estou só falando a verdade. Laurel é A feminista. É tipo a própria Gloria Steinem. Não vai gostar nem um pouco disso. E vai partir pra cima de Noah como o Exterminador do Futuro. E pra
cima de você também.

— Minha mãe adora o Noah. Ela e Emma sempre conversavam sobre eu me casar com um dos meninos. Talvez isso acabe sendo um sonho realizado. Na verdade, aposto que vai ser,
mesmo.

Eu sabia que não era verdade no instante em que falei

Taylor também não pareceu convencida.

— Talvez — disse ela. — Então, quando vai ser?

— Em agosto.

— Está muito, muito perto. Mal dá tempo de planejar tudo. — Ela
mordeu o canudo e lançou um olhar furtivo na minha direção. — E
as damas de honra? E a madrinha?

— Não sei... Queremos que seja tudo bem simples. Vamos nos casar na casa de Cousins. Tudo muito despojado... nada grandioso.

— Nada grandioso? Você vai se casar e não quer nada grandioso?

— Não foi o que eu quis dizer. Só que eu não dou importância a essas coisas. Tudo que eu quero é ficar com Noah

— Que tipo de coisas?

— Tipo... madrinhas e bolo de casamento. Coisas assim.

— Mentirosa! — Ela apontou para mim.
— Você queria cinco damas de honra e um bolo de quatro andares. Queria uma escultura de gelo de um coração humano com as iniciais entalhadas. O que, aliás, é nojento.

— Tay!

Ela levantou a mão para me interromper.

We will always have our year • Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora