- 𝘌𝘪𝘨𝘩𝘵𝘦𝘦𝘯

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Celeana : Qual o propósito de ter um coração se não o usa para poupar os outros das das críticas duras de sua cabeça?
( Trono de vidro )

Passei no escritório da minha mãe no dia seguinte, a caminho do
shopping, onde encontraria Taylor

— Vou procurar um vestido — disse, à porta.

Ela parou de digitar e ergueu os olhos para mim.

— Boa sorte — disse.

— Obrigada.

Imagino que ela poderia ter dito coisas piores que “boa sorte” , mas a ideia não fez com que eu me sentisse melhor.

                               ✩✩✩

A loja de roupas de festa no shopping estava cheia de garotas
procurando vestidos de formatura com suas mães. Eu não esperava
sentir a pontada de tristeza que me atingiu quando as vi. Garotas
deveriam ir comprar vestidos de noiva com suas mães. Deveriam
sair do provador usando o vestido perfeito, e a mãe diria, com a voz
embargada: “É esse.” Eu tinha certeza de que era assim que
deveria ser

— Não está um pouco tarde pro baile de formatura? — pergunte a Taylor. — O nosso não foi em maio?

— Minha irmã me contou que adiaram o baile por causa de um escândalo envolvendo o vice-diretor — explicou ela. — A verba do baile sumiu, ou coisa parecida. Então agora vai ser uma “bailortura”, formatura e baile de formatura.

Eu ri.

— Bailortura!

— Além disso, o baile das escolas particulares é sempre mais
tarde, lembra? O da Collegiate e o da St. Joe foram assim.

— Só fui a um baile de formatura — lembrei a ela. E tinha sido
mais que o bastante para mim.
Circulei pela loja até encontrar um vestido que me agradasse —
era tomara que caia, de um branco ofuscante. Até ali, eu nunca me
dera conta de que havia vários tons de branco, achava que branco
era branco. Quando me juntei a Taylor, ela estava com uma pilha de
vestidos no braço. Tivemos que esperar na fila por um lugar nos
provadores.

A garota na minha frente disse à mãe:

— Vou surtar se alguém usar o mesmo vestido que eu.

Taylor e eu reviramos os olhos uma para a outra. Vou surtar, imitou Taylor, apenas movendo os lábios

Parecia que estávamos naquela fila a vida toda.

— Experimente esse primeiro — ordenou Taylor, quando chegou
minha vez.

Obedeci prontamente.

— Vem! — gritou ela, da cadeira perto do espelho de três faces,
onde estava acampada junto com as mães.

— Acho que não gosto desse — falei, ainda dentro do provador.

— É cintilante demais. Pareço Glinda, a bruxa boa, ou qualquer
coisa assim.

— Dá pra você sair e me deixar ver?!

Saí, e já havia duas outras garotas diante de espelho, se mirando
de costas. Parei atrás delas.

Então, a garota que minutos antes tinha dito que surtaria se alguém usasse o mesmo vestido que ela saiu do provador usando o mesmo vestido que eu, só que em um tom champanhe. Ela me viu e perguntou na mesma hora:

— A que baile de formatura você vai?

Taylor e eu nos entreolhamos pelo espelho. Taylor estava rindo,
cobrindo a boca.

— Não vou a nenhum baile de formatura — falei.

— Ela vai se casar! — anunciou Taylor.

A garota ficou boquiaberta.

— Quantos anos você tem? Parece tão nova.

— Não sou tão nova assim — retruquei.

— Tenho dezenove anos.

Eu só faria aniversário em agosto, mas dezenove parecia bem mais velha que dezoito.

— Ah. Achei que fôssemos, tipo, da mesma idade.

Eu nos olhei no espelho, as duas com o mesmo vestido. Também
achei que parecíamos ter a mesma idade. Vi a mãe da garota me
encarando e cochichando com a mulher ao lado dela, e senti que
ruborizava.

Taylor também viu isso e disse bem alto:

— Mal dá pra ver que ela está com três meses de gravidez.

A mulher arquejou. Então, balançou a cabeça para mim, e dei de
ombros de leve. Taylor pegou minha mão e voltamos correndo para
o provador, rindo.

— Você é uma boa amiga — falei, enquanto ela abria o zíper para
mim.

Nós nos encaramos no espelho, eu no meu vestido branco, ela de
bermuda e chinelo. Senti vontade de chorar, mas então Taylor
salvou o momento e me fez rir. Ela ficou vesga e colocou a língua
para fora. Era bom rir de novo.

Três lojas depois, nos sentamos na praça de alimentação, ainda
sem vestido de noiva. Taylor comeu batatas fritas, e eu tomei iogurte
frozen com confeitos coloridos. O dia não estava sendo tão divertido
quanto eu esperava.

Taylor se inclinou para a frente e enfiou uma batata frita já cheia
de ketchup no meu iogurte. Afastei o copo da mão dela.

— Taylor! Que nojo!

Ela deu de ombros.

— Isso vindo da garota que coloca açúcar nos sucrilhos? — Ela
me estendeu uma batata frita, mandando: — Experimente.
Enfiei a batata no copo de iogurte, com cuidado para não esbarrar
em nenhum confeito, porque aí seria nojento demais. Botei a batata
frita na boca. Não era ruim. Engoli e comentei:

— E se não acharmos um vestido?

— Vamos achar — garantiu Taylor, e me estendeu outra batata
frita. — Não perca as esperanças assim tão rápido.

✩✩✩

Ela estava certa. Encontramos o vestido na loja seguinte. Foi o último que experimentei. Todos os outros ou não tinham ficado tão legais ou eram caros demais. Aquele vestido era longo, branco, de seda, algo que eu poderia usar na praia.

Não era caro demais, o
que me agradava. Mas o mais importante de tudo foi que, quando
me olhei no espelho, consegui me imaginar casando com ele.
Saí do provador nervosa, alisando o vestido. E ergui os olhos para
Taylor.

— O que acha?

Os olhos dela estavam brilhando.

— É perfeito. Simplesmente perfeito.

— Acha mesmo?

— Venha se ver nesse espelho e me diga você mesma, sua tonta.

Subi na plataforma diante do espelho, rindo, e me encarei no espelho de três faces. Era aquele. Aquele era meu vestido de noiva.

Eu ainda acho que vai dar merda no casamento

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Eu ainda acho que vai dar merda no casamento....

JOLARI tá mais vivo do que nunca anotem isso

Bjs !

We will always have our year • Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora