- 𝘛𝘦𝘯

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Já avisando aqui que esse capítulo aconteceu no passado blz ?

Não planejei começar a ser chamada de  S/n Cokiling Simplesmente
aconteceu

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Não planejei começar a ser chamada de  S/n Cokiling Simplesmente
aconteceu. Durante toda a minha vida, todo mundo me chamava de
S/a sem que eu pudesse fazer qualquer coisa a respeito. Pela primeira vez em muito tempo, eu poderia decidir, mas isso não me ocorreu até nós — Noah , minha mãe, meu pai e eu — estarmos
parados na frente da porta do meu quarto no alojamento, no dia da
mudança dos calouros.

Meu pai e Noah estavam carregando a TV, minha mãe, uma mala, e eu, um cesto de lavanderia com todos os meus artigos de higiene e fotos emolduradas.

Meu pai transpirava muito nas costas,
e sua camisa social marrom já tinha três manchas de suor. Noah também estava suando, já que vinha tentando impressionar meu pai a manhã toda insistindo em carregar os objetos mais pesados. Eu percebia que isso deixava meu pai constrangido.

— Anda logo, S/a — disse meu pai, arfando.

— É S/n agora — declarou minha mãe.

Eu me lembro de como me enrolei com a chave na hora de abrir a porta e do momento em que, ao erguer os olhos, vi S/n escrita com pedrinhas brilhantes. Minha placa de identificação e a da minha colega de quarto eram feitas de embalagens de CD vazias.

A de Jillian Capel era um CD da Mariah Carey, e a minha um do Prince.
As coisas de Jillian já estavam arrumadas no lado esquerdo do
quarto, perto da porta. Havia uma colcha estampada azul-marinho e
laranja-ferrugem, parecia novinha em folha. Ela já pendurara os pôsteres que tinha levado — um do filme Trainspotting, outro de uma banda que eu não conhecia, chamada Running Water.

Meu pai se sentou diante da escrivaninha vazia, a minha, pegou
um lenço e secou a testa. Parecia cansado.

— É um bom quarto — comentou. — Bem iluminado.

Noah estava só andando pelo cômodo, então disse:

— Vou descer até o carro pra pegar aquela caixa grande.

— Eu ajudo.

Meu pai se prontificou e começou a se levantar.

— Pode deixar comigo — garantiu Noah, já saindo apressado
pela porta.

Meu pai voltou a se sentar, parecendo aliviado.

— Vou só descansar um pouco, então — falou.

Nesse meio-tempo, minha mãe estava examinando o quarto, abrindo o armário, olhando dentro das gavetas.

Afundei na cama. Então era ali que eu moraria durante o ano seguinte. Na porta ao lado, alguém escutava jazz.

Mais adiante, no corredor, dava para ouvir uma garota discutindo com a mãe sobre onde colocar o cesto de roupa suja. Parecia que a campainha do
elevador nunca parava de tocar, e a porta nunca parava de abrir e
fechar. Eu não me importava. Gostava do barulho. Era reconfortante
saber que havia pessoas ao meu redor.

— Quer que eu tire suas roupas da mala? — perguntou minha mãe.

— Não, pode deixar.

Eu mesma queria fazer aquilo. Só então teria a sensação de que aquele era realmente meu quarto.

— Ao menos me deixe arrumar sua cama, então — pediu ela.

Quando chegou a hora de dizer adeus, eu não estava pronta. Achei que estaria, mas não estava. Meu pai ficou parado, com as mãos nos quadris. Os cabelos dele pareciam realmente grisalhos naquela luz.

— Bem, é melhor irmos logo, pra não pegarmos o trânsito da hora
do rush — comentou ele.

Irritada, minha mãe retrucou:

— Não tem problema.

Vendo-os juntos daquele jeito, era quase como se não fossem
divorciados, quase como se ainda fôssemos uma família. Fui
tomada por uma súbita onda de gratidão. Nem todos os divórcios
eram como o deles. Por mim e por Steven, meu pai e minha mãe se
esforçavam para se dar bem e eram sinceros um com o outro. Havia
um afeto genuíno entre os dois, só que mais do que isso: havia
amor por nós. Era isso que tornava possível para eles passarem
dias tranquilos como aquele.

Abracei meu pai e fiquei surpresa ao ver lágrimas em seus olhos.
Ele nunca chorava. Minha mãe me deu um abraço rápido, mas eu
sabia que era porque ela não queria demonstrar o que sentia.

— Lembre-se de lavar os lençóis ao menos duas vezes por mês — disse ela.

— Está bem.

— E vê se faz a cama logo de manhã. Vai deixar seu quarto mais arrumado.

— Está bem.

Minha mãe olhou para o outro lado do cômodo.

— Queria ter conhecido sua colega de quarto.

Noah estava sentado diante da minha escrivaninha, a cabeça baixa, checando o celular, enquanto nos despedíamos.
De repente, meu pai falou:

— Noah , você também vai embora agora?

Ele ergueu os olhos, surpreso.

— Ah, eu ia levar a S/a pra jantar.

Minha mãe me olhou, e eu sabia o que ela estava pensando.Algumas noites antes, ela fizera um longo discurso sobre conhecer pessoas novas e não passar o tempo todo com Noah .

We will always have our year • Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora