- 𝘚𝘪𝘹

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Depois que saí do quarto de Anika, liguei o celular. Havia mensagens
e e-mails de Noah, e não paravam de chegar mais. Entrei embaixo das cobertas e li todas, cada uma delas. Então reli tudo e, quando terminei, finalmente escrevi de volta para ele, dizendo:

Preciso de um pouco de espaço.

Ele respondeu OK, e foi a última
mensagem que recebi dele naquele dia. Mesmo assim, continuei a checar o celular para ver se havia mais alguma coisa; quando vi que não, fiquei desapontada, embora soubesse que não tinha o direito de ficar. Queria que Noah me deixasse em paz e que ele
continuasse a tentar consertar as coisas entre nós. Mas se eu mesma não sabia exatamente o que queria, como ele poderia saber?

Fiquei no quarto, fazendo as malas. Estava com fome, e ainda tinha algum dinheiro no vale-refeição, mas estava com medo de dar de cara com Lacie no campus. Ou pior, com Noah. Além disso, era bom ter algo para fazer e ouvir música alto sem reclamações da
minha colega de quarto, Jillian.

Quando não consegui mais aguentar a fome, liguei para Taylor e contei tudo. Ela deu um berro tão alto que tive que afastar o fone do ouvido. Apareceu no meu quarto logo depois, trazendo um burrito e vitamina de banana com morango. E não parava de balançar a cabeça e dizer:

- Essa vadia da Zeta Phi.

- Não foi só ela, foi ele também - retruquei, mastigando o burrito.

- Ah, eu sei. Você vai ver. Vou arranhar a cara do Noah todinha quando encontrar com ele. Ele vai ficar tão arrebentado que nenhuma garota vai querer chegar perto dele de novo. - Ela examinou as unhas bem-feitas como se fossem armas. - Quando
eu for ao salão amanhã, vou pedir a Danielle pra deixá-las ainda
mais afiadas.

Senti um calorzinho no coração. Há algumas coisas que só uma
amiga que conhece a gente a vida inteira pode dizer e que, no
mesmo instante, fazem com que a gente se sinta melhor.

- Não precisa, Taylor.

- Mas eu quero. - Ela enroscou o dedo mindinho no meu. - Você está bem?

Assenti

- Melhor agora que você está aqui.

Eu estava nas últimas gotas da vitamina quando Taylor me
perguntou:

- Acha que vai voltar com ele?

Fiquei surpresa e verdadeiramente aliviada por não ouvir qualquer
julgamento na voz dela.

- O que você faria? - perguntei.

- Essa decisão é sua.

- Eu sei, mas... você voltaria com ele?

- Sob circunstâncias normais, não. Se um carinha qualquer me traísse enquanto a gente estivesse passando um tempo longe um do outro, se ele ao menos olhasse para outra garota, não. Ele estaria morto pra mim. - Ela mordeu o canudo. - Mas Noah
não é um cara qualquer. Vocês têm um passado.

- E toda aquela história de destruir a cara dele?

- Não me entenda mal, estou sentindo um ódio imenso dele.Noah fez uma merda colossal. Mas ele nunca foi só um cara qualquer, não pra você. Isso é fato.

Não falei nada. Sabia que ela estava certa.

- Ainda posso juntar minhas companheiras de irmandade hoje à
noite e furar os pneus do carro dele. - Taylor deu uma batidinha no
meu ombro. - E aí? O que acha?
Ela estava tentando me fazer rir, e funcionou. Ri pela primeira vez
depois de um bom tempo.

✩✩✩

Depois da nossa briga durante as férias, antes do último ano do colégio, eu realmente achei que Taylor e eu faríamos as pazes rápido, como sempre acontecia. Achei que estaria tudo bem de novo em uma semana, no máximo - afinal, por que a gente estava com
raiva mesmo? Tudo bem, nós duas dissemos coisas que magoaram
uma à outra - eu a acusei de agir feito criança, ela me chamou de melhor amiga horrorosa, mas não era a nossa primeira briga.

We will always have our year • Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora