- 𝘚𝘦𝘷𝘦𝘯

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No dia seguinte, não consegui mais aguentar. Liguei para Noah.
Disse que precisava vê-lo, que ele deveria passar no alojamento, e
minha voz vacilou quando falei isso. Do outro lado da linha, percebi como ele estava grato, como estava ansioso para fazer as pazes.

Tentei justificar minha ligação impulsiva dizendo a mim mesma que
precisava vê-lo cara a cara para conseguir seguir em frente. A
verdade era que eu sentia saudades dele. Provavelmente, tanto
quanto ele, eu queria descobrir um modo de esquecer o que tinha
acontecido.

Mas, por mais saudades que eu sentisse, quando abri a porta e vi
o rosto dele de novo, a mágoa voltou com toda a força. Noah percebeu. Ele chegou parecendo esperançoso, mas, quando viu minha expressão, ficou desesperado. Quando tentou me puxar para um abraço, eu queria retribuir, mas não consegui. Acabei só balançando a cabeça e o afastando de mim.

Nós nos sentamos na minha cama, de costas apoiadas na parede, as pernas penduradas.

— Como vou saber que você não vai fazer isso de novo? — perguntei. — Como vou confiar em você?

Noah se levantou. Por um segundo, achei que ia embora, e meu coração quase parou.

Mas então ele se ajoelhou bem na minha frente e disse, bem baixinho:

— Você poderia se casar comigo.

A princípio, pensei que não tivesse ouvido direito. Mas então ele
repetiu, dessa vez mais alto:

— Casa comigo.
Ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou um anel. Um anel de
prata com um pequeno diamante no meio.

— Isso é provisório, só até eu ter como comprar um anel... com
meu dinheiro, não com o do meu pai.

Eu não conseguia sentir meu corpo. Noah ainda estava falando, mas eu nem ouvia. Só conseguia encarar o anel na mão dele.
— Eu te amo tanto. Esses dois últimos dias foram um inferno sem
você. — Ele respirou fundo. — Sinto tanto por ter magoado você, S/a . O que eu fiz... foi imperdoável. Sei que estraguei tudo entre a gente, que vou ter que me esforçar muito pra que você confie em mim de novo. Eu faço o que for preciso, se você deixar. Você... está disposta a me deixar tentar?

— Não sei — sussurrei.

Ele engoliu em seco, nervoso.

— Vou tentar com todas as minhas forças, juro. Vamos conseguir
um apartamento fora do campus e deixar o lugar bem bonitinho. Eu
lavo as roupas. E vou aprender a cozinhar outra coisa além de miojo
e cereal.

— Colocar cereal em uma tigela não é exatamente cozinhar —
retruquei, desviando os olhos, porque pensar no que ele estava
sugerindo era demais para mim.

Eu também imaginava aquilo. Como poderia ser incrível. Nós
dois, começando em um lugar só nosso.

Noah segurou minhas mãos, mas eu as puxei de volta. Ele insistiu:

— S/a você não vê? Tem sido nossa história o tempo todo. Asua e a minha. De mais ninguém.

Fechei os olhos, tentando clarear a mente. Quando voltei a abri-
los, falei:

— Você só quer apagar o que fez se casando comigo.

— Não. Não é isso. O que aconteceu na outra noite — ele hesitou — ... me fez perceber uma coisa. Não quero ficar sem você. Nunca.

Você é a única garota pra mim. Eu sempre soube disso. Nesse
mundo todo, nunca vou amar outra garota do jeito que amo você.

Noah pegou minha mão de novo e, daquela vez, não me
afastei.

— Você ainda me ama? — perguntou.
Respirei fundo antes de falar.

— Amo

— Então, por favor, casa comigo.

— Você nunca mais pode me magoar desse jeito de novo — declarei, em um tom que era um misto de aviso e súplica.

— Nunca mais — prometeu Noah, e eu sabia que ele falava
sério.

Noah me olhava com uma expressão tão determinada, tão honesta. Eu conhecia o rosto dele tão bem, talvez melhor do que o de qualquer outra pessoa.

Cada traço, cada curva. O calombinho no nariz, de quando ele se machucou surfando; a cicatriz já quase
apagada na testa, da vez em que ele e Aidan estavam brigando no
recreio e derrubaram uma planta. Eu estava presente nesses momentos. Talvez conhecesse o rosto dele melhor do que conhecia o meu, depois das horas que passara encarando-o enquanto ele dormia, traçando com o dedo o contorno do seu perfil. Talvez ele se sentisse do mesmo jeito em relação a mim.

Eu não queria ver uma marca no rosto dele um dia e não saber como ela surgira. Queria estar com ele. O rosto que eu amava era o
dele.

Sem dizer nada, tirei a mão da dele e vi a decepção em seu rosto.

Então, estendi a mão e os olhos de Noah brilharam. A felicidade
que eu senti naquele momento... não conseguiria expressar em
palavras. Ele tremia enquanto colocava o anel no meu dedo.

— S/n Conklin, aceita se casar comigo? — perguntou Noah, em uma voz séria que eu nunca o ouvira usar.

— Sim, eu aceito me casar com você — respondi.

Ele me envolveu em um abraço, e ficamos assim, entrelaçados
como se fôssemos a boia de salvação um do outro. Eu só conseguia
pensar que, se havíamos conseguido atravessar aquela tempestade, conseguiríamos passar por qualquer coisa. Ele tinha cometido erros, e eu também. Mas nós nos amávamos, e isso era tudo que importava.

Fizemos planos naquela noite — onde iríamos morar, como contaríamos aos nossos pais. Os últimos dias pareciam fazer parte de outra vida. Naquele dia, sem dizermos uma palavra a respeito,
decidimos deixar o passado para trás. Era no futuro que estávamos concentrados.

 Era no futuro que estávamos concentrados

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17 anos e já vai se casar eu em

Nada a declarar só surtem KKK

Beijos !

We will always have our year • Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora