Capítulo 24: Calvin

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-Trouxe chá- estendi um dos copos fumegantes em direção a um Jason de aparência inquieta, sentado na poltrona próxima a maca que está servindo de cama. Não é uma cama ruim, se quer saber.  

Quando me sentei nela, esperava algo fino e duro, habituado as macas desconfortáveis de sempre. Mas Jason estava no melhor hospital da cidade, isso quer dizer que até mesmo o papel higiênico daqui é melhor (digo por experiência própria). E isso quer dizer que sua maca é melhor que o colchão de casa (o que me deixava com bastante inveja).

Jason arqueou as sobrancelhas e contorceu a boca em desgosto ao ver o líquido esverdeado dentro do copo, direcionando um olhar cauteloso para mim logo depois. Ele já não usava a camisola do hospital, estava reclamando a cada segundo sobre como aquilo era irritante e o deixava com frio. Só parou quando Jean foi buscar umas roupas no hotel que ele estava morando.

-Tem Whisky nisso?- tentou, com um sorriso amarelo. Ele começou a gaguejar a balbuciar no mesmo instante, percebendo a expressão amarga em meu rosto. -É brincadeira.

Então sua perna começou a movimentar freneticamente, os dedos batendo contra os joelhos vestidos e o olhar fixo no copo a sua frente, sua risada sem humor ainda ecoava pelas paredes de leve, enchendo o ambiente. Foi quando percebi que não era brincadeira.

Jason acabou no hospital por causa de bebida, mas ele nunca foi exatamente o exemplo de sobriedade. Mesmo quando estávamos juntos. Ele sempre bebia. Bebia quando estava triste, bebia quando estava com raiva, e bebia para se divertir. Então seu corpo se acostumou a bebida. Começou a enxergar o álcool como uma parte necessária em seu organismo, a ponto de pedir por mais todos os dias. A ponto de começar a reagir em protesto quando esse álcool era negado.

Seu corpo estava em abstinência. Reconhecia os sintomas, porque sempre que eu trocava meus medicamentos acontecia o mesmo comigo. A fadiga. A ansiedade. A sensação de vazio que rasgava o estômago, lembrando a cada segundo a falta que aquilo faz. Jason quer mais. Precisa de mais.

-Apenas.. beba. O médico disse que você precisa tomar todos esses chás de folha para desintoxicar o organismo- apontei para o seu copo. Era chá verde dessa vez.

Jason me enviou um ultimo olhar antes de virar o conteúdo de uma vez, então engoliu e voltou a me olhar como se eu o tivesse envenenado. Sorri em resposta, bastante satisfeito.

-O que é tão engraçado?- atirou, se virando para mim quando me sentei na ponta da maca.

-O fato de você estar bebendo os chás que jurou nunca tomar quando morávamos juntos. E agora você está tomando, por ordens de um médico.

Ele esboçou um sorriso de poucos amigos, e antes que eu pudesse processar, pulou de sua poltrona e envolveu minha cintura com o braço em um aperto irredutível. Para alguém em recuperação, Jason parecia muito bem.

-Jason- eu disse, depois de alguns segundos bem demorados disso. Ele já havia se aproximado de mim, de forma que seu queixo descansava em meu ombro e sua respiração fazia cócegas em meu pescoço. Seus lábios roçavam a pele perto do ouvido eventualmente, provocando.

-Hum?- respondeu, em um tom quase manhoso. Um beijo foi depositado onde seus lábios estavam provocando, e de repente, me vi sufocando suspiros. Sua língua umedeceu a pele e..

Eu não estava pensando. Esse homem e a maldita boca habilidosa dele não estavam deixando.

-Jason..- eu tentei outra vez, mas minha voz soou como um pedido. Como se eu estivesse implorando.

Então ele me virou, usando a mão que estava apoiada em minha cintura. Seus lábios já estavam colados nos meus. 

Sua respiração pesada deixou minha pele quente, meu cérebro em branco quando suas mãos voltaram a me tocar. Meu corpo se inclinou para seu toque quase de maneira automática, de modo que suas mãos puderam se encaixar em meu quadril sem muita dificuldade. Sua respiração se tornou pesada quando meus dedos fincaram em sua nuca, sentindo o corte áspero de seu cabelo me espetando toda vez que me apoiava nele.

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