Você é minha visão de perfeição.

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     Bryan estava em silêncio, não disse sequer uma palavra desde que deixamos aquele hospital e deixamos Vitor em seu apartamento,esse que não ficava longe da empresa. Sabia que algo estava lhe encomodando, havia pensamentos confusos em sua mente que estavam lhe deixando tenso. Era pouco tempo juntos,pouco comparado a muitíssimo outra casais que costumam levar anos para conhecer bem seus parceiros,mas comigo era diferente,conhecia as feições em seu rosto quando ele se encontrava inseguro e tenso, conhecia suas faces quando estava confuso como está nesse momento. Não precisaria de anos de um namoro para compreender que havia coisas lhe atormentando.
    Não estávamos no caminho para sua casa, diferente do que imaginei e pensei que ele faria, Bryan decidiu não me levar para o lugar onde deixei de morar antes de tudo isso acontecer. É,meu namorado estava tentando agir de acordo com que desejei a semanas atrás. Mas não queria ficar ali, não queria olhar para aquela casa e enxergar o quão sozinha estava e o tão poucas eram as pessoas que me amavam, diferente do que ele pudesse estar pensando,a última coisa que gostaria em minha vida é estar longe dele e de seus carinhos.
     Quando o vi estacionando em frente a minha casa,lhe vi saindo do carro e abrindo a porta ao meu lado e me ajudando a sair, engoli a sensação estranha em meu peito. Bryan não se afastaria e não estava me abandonando,mas era isso que estava sentindo em meu coração,era o sentimento de um abandono irreal. Então,assim como o esperado,as lágrimas se formaram em meus olhos e um nó surgiu em minha garganta causando um aperto em meu peito.
    Ao adentrarmos minha casa, olhei para cada canto com tanta intensidade negativa que se fosse possível,destruiria cada objeto e cada centímetro. Nada ali me trazia boas lembranças,as mínimas que tinha não era o suficiente para encobrir as más, não era fortes o suficiente para encobrir todas as outras existentes. As vezes me perguntava o que ainda fazia nessa cidade,o porque ainda insistia em me machucar, mas então,em um fechar de olhos lembrava-me do bebê que tenho,do namorado que conquistei e da vida que escolhi levar ao lado de ambos.
    Deixando a pequena bolsa com alguns de meus pertences que foram levados para o hospital sobre o sofá central daquela sala de estar, ignorei a presença de Bryan - esse que apenas me observava se mantendo apoiado na porta fechada - e segui para minha cozinha podendo a encontrar completamente organizada. Deixei as lágrimas caírem, deixei aquele sentimento transbordar e deixei as palavras de meu pai e Guilherme atingirem minha mente com tamanha rapidez.
    Não foi somente uma conversa repleta de planos infindáveis e revelações de ódio,foi algo mais complexo,mais doloroso e marcante em qualquer pessoa. Não acreditava,porém em um momento de fragilidade tudo parece tão real, tão cheio de convicção e tão verdadeiro.

     “ — Você ter acolhido aquele bastardo em sua vida, não lhe fará alguém que realmente vale a pena insistir — o mais velho dizia deixando sorrisos surgirem em seus lábios.”

     O meu medo era ele estar certo,era poder confirmar o que suas palavras e seus olhos afirmavam com amargura e desdém. Então várias perguntas se formavam em minha mente,vários questionamentos surgiam me colocando a dúvida de quem realmente eu poderia ser.

    “ — Mesmo você insistindo em fazer o papel de mãe, sabemos que uma hora ou outra você irá fracassar. Aquela criança não merece você cuidando dela, podemos esquecer esse seu desejo absurdo e voltarmos para nossa vida de antes,amor — As palavras de Guilherme me causavam dor e insegurança.”

     Então eu chorei,gritei para ele ouvir, esbravejei afirmando ser uma boa mãe e ser capaz de cuidar do meu filho,gritei com todas as minhas forças indo contra a minha insegurança. Mas não era certo, não tinha a convicção em minhas palavras e não sabia até onde conseguiria chegar sem falhar um mísero momento. Minha mente me fez pensar ser insuficiente para cuidar de meu bebê e,no fundo, sabia que poderia vir a me tornar.
    E sem perceber, estava quebrando o que encontrava em minha frente,descontava minhas frustrações em cada objeto daquela cozinha. Sabia que já não estava mais sozinha e sabia que Bryan chamava por meu nome em uma forma de me tranquilizar e me acalmar. Porém, somente pude atender seu chamado ao me sentar naquele chão frio repleto de cacos de vidro e louça. Em uma forma de revelar minha fragilidade,minhas pernas foram para junto a meu peito e as abracei apoiando minha testa em meu joelhos enquanto as lágrimas caiam com intensidade.

um bebê em minha vida[Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora