Quase um fim... para o passado!

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      Em um certo momento de meu dia pensei que poderia finalmente respirar aliviada e ter uma vida semelhante a de muitas outras pessoas,acreditei que não existiria mais nenhum obstáculo que pudesse esmagar minha esperança de conhecer a estabilidade que muitos almejam e que também sempre fora um de meus grandes sonhos. Meu dia se resumiria em um belo e prazeroso dia ao lado de meu filho e de Ruth, passaria a tarde na biblioteca de meu apartamento,mas tudo teve de ser alterado devido o pedido vindo do asqueroso denominado como meu progenitor.
     Ele estava sentado a minha frente,seus olhos observando cada mínimo detalhe de meu rosto ausente de maquiagem,ele me encarava como se buscasse por algum tipo de reação diferente do que poderia esboçar naquele fatídico momento. Aquele homem estava esperando encontrar rastros de felicidade em mim,rastros esses que seus olhos não negavam querer destruir para alimentar seu ego.

    — Cada vez que olho para você,enxergo sua mãe e penso em como são diferentes na personalidade e na ambição — apoiando as mãos algemadas sobre a mesa,o " renomado e admirado empresario senhor Tedesco" esboçou um início de sorriso no canto de seus lábios.

    — É isso que quer conversar comigo? Se não se importa, tenho um filho que me espera em casa e um namorado que me aguarda do lado de fora — impaciente com sua atitude baixa ao ter de me lembrar daquela mulher,me coloquei de pé pronta para sinalizar para o guarda que estava na porta daquela sala.

    — Você nunca foi desejada por mim e sua mãe, você o terrível caso de casamento e filho por contrato — suas palavras me fizeram regressar meu olhar para si.

     — Do que você está falando? — questionei.

     Percebendo ter me afetado com aquele assunto,o homem a minha frente se limitou em esboçar um sorriso satisfeito e desviou o olhar para a grande janela de vidro,essa que ele não conseguia enxergar nada do lado oposto por se parecer um espelho. Como se estivesse contando e arquitetando algo mentalmente,o vi vacilar em seu sarcasmos e regressar com sua atenção somente para mim.

    — Quando nos casamos,sua mãe me odiava e o sentimento era recíproco, naquela época tínhamos nossos próprios planos e objetivo de vida,almejavamos grandes conquistas ao lado das respectivas pessoas nas quais amávamos.
   
    Aquilo parecia muito vago,sem coerência alguma e sem nenhuma emoção que se deve ser usada em momentos como esse; seja raiva, ódio, melancolia ou até mesmo paixão por algo que se deixou no passado devido um grande sacrifício,porém ele não não esboçava nada. Era como se estivesse relatando uma história lida, uma na qual era carente de sentimentos e emoções.

    — Então meu pai teve a brilhante ideia de crescer as oportunidades de negócios e nos obrigou a assinar um contrato matrimonial; assim como ela, éramos dependentes de nossos pais e não tínhamos onde cair mortos. Não foi de todo ruim,pois acabei encontrando belos e magestosos traços nela.

    Esse bastardo a amava,a idolatrava e prezava por ela e seu bem estar. Mas então me surge a dúvida; por que ele a machucaria se realmente sentia tudo isso por minha mãe? Ele é um ser humano doente, alguém que se deve desprezar e odiar por fazer parte da humanidade.

    — Mas não ficou nisso, aqueles filhos da puta impuseram outras regras nas quais estavam no contrato e não poderíamos quebrar; então você foi gerada e odiada com todas as nossas forças. Ela te odiou,te desprezou como jurou fazer desde o momento em que ouviu seu primeiro choro. Nos acostumamos,pois não poderíamos lhe abandonar em um orfanato qualquer e muito menos dizer que você havia morrido no parto,o médico era contratado por eles.

    Sem ao perceber uma lágrima deslizou em meu rosto e meus olhos se fecharam por breves segundos; não estava doendo saber que ambos nunca me amaram, não doía por ter de ouvir o quão me desprezam,mas sim por saber que ambos me tinham como um objeto sem valor algum,um objeto que poderia ser descartado como um mero é simples copo de plástico descartável, dói é saber que para ambos,o meu valor é nulo. Não os considerava como meus pais a muito tempo,ao menos me importava se estavam tramando algo para me colocarem nos eixos de seus objetivos sórdidos,mas era cruel saber que muitos te desprezam sem se importarem com os sentimentos que temos por dentro.

     — Pensamos que você poderia ser útil para algo quanto alcançasse uma certa idade; você estava sendo um bom fantoche,uma excelente marionete para se controlar. Mas então você destruiu nossos planos,surgiu namorando aquele idiota e ainda por cima engravidou...— exalando sua frustração por tudo o que revelava e,como se estivesse naquela época, ele se levantou rapidamente e se aproximou me empurrando contra a parede.

    Estando em alerta,o guarda abriu aquela porta e o segurou longe de mim enquanto ele ainda se debatia para tentar se soltar. Conseguia enxergar tudo em seus olhos; o ódio mortal,a decepção,a raiva que o cegava,a crueldade e o rancor. Ele me odeia como um dia jamais quis ser odiada por alguém,me odiava bem mais que Vanessa e sua família me odiavam,seu ódio era doentio.

    — Senhorita, acho melhor você sair — o guarda orientou,porém não atenderia seu pedido, não enquanto não ouvisse até a última palavra que me fará matar qualquer sentimento dentro de mim,seja ódio ou desprezo,aquele homem não era digno de nem um sentimento,seja bom ou ruim.

    — Não...quero ouvir o que ele tem a dizer,mas poderia continuar aqui?

     E mesmo que seu olhar se demonstrasse surpreso por minha decisão,o guarda aceitou e soltou aquele criminoso o colocando de volta na cadeira e usando outra algema,o prendeu contra uma pequena barra de ferro na parede. Então,me mantendo de pé e ainda com as costas colada naquela parede onde fui empurrada,observei o guarda ficar no canto oposto enquanto mantinha o olhar em nós.

    — Assim como você,seus planos eram sujos e sem pudor algum — voltei a me referir ao homem que continuava a me encarar com o rosto rubro de raiva.

    — Não,minha querida,tudo que fiz era para me beneficiar. Você estragou tudo,me fez perder um contrato lucrativo com uma das empresas alemãs,estragou um casamento benefico para mim — então tudo fez sentindo,todas as respostas vagas que sempre tive foram completas por uma única revelação; eles tinham me vendido.

      — Asqueroso, doente, imundo... espero que morra preso dentro dessa prisão, espero que sofra por tudo o que causou em minha vida e na das pessoas que amo — movida a impulsividade, despejei tudo o que estava preso dentro de mim.

      — Katrina... Você é tão inocente que às vezes me causa pena! — gargalhou me deixando em alerta.

     Sentindo um arrepio em meu corpo,me apoiei com todas as minhas forças contra a parede cinza daquela sala fria em todos os sentidos. Ódio,repulsa por minha existência, planos fracassados, uma venda mal sucedida e um casamento por contrato. Minha mente não conseguia assimilar tudo tão rapidamente,aquilo tudo se assemelhava como se houvesse uma bomba relógio em meu colo prestes a explodir. E para meu desespero, parecia haver algo a mais por trás das revelações. Mas por que sinto que isso poderá me afetar se não conseguir compreender e assimilar tudo tão rapidamente?

     — O seu namoradinho... é exatamente aquele infeliz que se submeteu a um contrato conjugal com a minha amada filha! — debochou sarcástico enquanto me assistia entrar em alerta.

    Mesmo que sentisse tudo confuso dentro de minha mente, não daria o prazer para aquele homem me manipular, não o deixaria destruir minha vida mais uma vez. Assim como tive muitos motivos para fazer muitas coisas em minha vida,assim como tive e tenho explicações por cada ato que fiz e poderei fazer em algum tempo, acredito que Bryan me explicará como tudo isso aconteceu e porque de se submeter a tudo isso.

     — Acredito,se seus planos tivessem dado certo,minha vida seria melhor do que um dia foi com você e a doente da sua falecida esposa — rebati exibindo um sorriso,mesmo que estivesse prestes a surtar — Você não conseguirá destruir meu relacionamento com ele.

    E me sentindo cansada de tudo aquilo e sentindo meu corpo doer pelo impacto do empurrão,apenas dei um leve aceno para o guarda e me encaminhei para a porta que se encontrava entreaberta. Porém,antes de sair,olhei uma última vez para o homem sentado naquela cadeira e com o olhar queimando sob mim.

     — A sua vida termina aqui... enquanto a minha,está apenas começando. Adeus, idolatrado criminoso senhor torres, tenha uma vida árdua e difícil aqui dentro!

     Com aquelas palavras, fechei a porta atrás de mim e caminhei pelo corredor que me levaria até a recepção onde pegaria meus pertences que devem permanecer do lado de fora de uma sala como a que estive. Estava na hora de recomeçar e viver sem olhar a quem, mas antes, preciso apenas de uma última explicação e se me for negada, aceitarei e deixarei o passado para trás. Chega de sofrer,cansei de me machucar e me afastar de quem amo.

    

um bebê em minha vida[Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora