Aflição e medo.

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    Sentada em frente a penteadeiras de meu quarto,suspiro profundamente ao perceber o quão rápido os duas estão passando e por relembrar que em menos de um ano,vivi coisas para uma história de uma pessoa qualquer. Pensar que tudo ainda não terminou,que os problemas maiores ainda estão por vir,isso me faz pensar até onde poderei suportar e o que a vida me cobrará. Nunca foi fácil,sempre tive obstáculos em minhas realizações então não espero menos que isso, não enxergo um mundo como se estivesse no mundo Disney. Aqui é a realidade,as dores e feridas são reais e as cicatrizes permanecem.
  
    Pela babá eletrônica sobre o criado mudo,pude ouvir o chorinho de meu bebê. Mateo era minha felicidade,assim como Bryan. Esses dois faziam com que meu dia ganhasse mais brilho,tivesse significados realmente inesquecível e que farão parte da minha vida para todo o sempre. São minha motivação para persistir e lutar por cada realização que busco conseguir.

   Saindo daquele quarto,segui pelo corredor até o de meu filho, abrindo a porta que se encontrava apenas entreaberta,pude encontrar meu bebê sentadinho enquanto continha o rostinho coberto por lágrimas e um pouco avermelhado devido o chorinho. Com um sorriso surgindo em meus lábios, aproximo-me do berço e o pego em meus braços permitindo que sua cabecinha se apoiasse em meu ombro e seus dedinhos gordinhos e pequeno começassem a brincar com o lóbulo da minha orelha.

     — Vamos tomar um banho gostoso, depois iremos alimentar meu bebezinho! — sussurro acariciando seus poucos cabelinhos negros como a noite e brilhosos como as estrelas.

     Não demorei muito para deixar meu filho limpinho e cheiroso, necessariamente foram vinte minutos de muita farra na banheira e água para todos os lados. Com um conjunto moletom em cor azul bebê e uma touquinha em tonalidade cinza cobrindo seus cabelinhos, desço as escadas podendo encontrar Sabrina fazendo a limpeza da sala de estar enquanto uma carranca estava visível em seu rosto. A ignorando,coloco meu bebê sentado no de cercadinho e lhe entrego uma pelúcia que Bryan havia lhe dado a menos de três dias,mas que era o xodó do nosso menino.

     — A mamãe vai aquecer seu leite, não faz bagunça e não chora — peço deixando um beijo em sua cabecinha coberta e me levanto com um sorriso no rosto.

     — Se enxerga, garota! Esse menino não é seu filho e nunca será. — em tom de afronta, Sabrina me encarou raivosa.

     Não perderia a compostura ao discutir com alguém como ela,pois essa mulher não merecia um segundo do meu tempo. A ignorando mais uma vez,sigo para a cozinha a encontrando vazia,pois Ruth estava de férias e Bryan não havia contratado outra governanta. Abrindo a geladeira,pego a mamadeira de Mateo e a levo para o microondas cronometrando o tempo estimado enquanto isso, pego um suco e me sirvo um copo.

    Bryan estava em uma viagem para a cidade vizinha,onde faria uma reunião com algum empresário interessado em se associar com meu namorado, e consequente, acabaria encontrando com Vitor. Havia um certo tempo que não nos víamos,mas sempre mantivemos contato através de ligações ou trocas de mensagens,porém sabemos não ser a mesma coisa. Sinto sua falta e gostaria de tê-lo comigo,porém sei que não é tão fácil assim.

     E pensar naquela cidade e em Vitor, consequentemente minha mente me faz pensar em meus pais e em tudo se fizeram no decorrer dos meses que se sucederam: ambos deixaram claro,para quem quisesse saber e entender, esclareceram o porque de dizerem não terem uma filha. O resultado foi ter alguns repórteres me cercando e questionando o meu lado da história, querendo desvendar o motivo de essa familia estar se denegrindo. Porém,assim como disse naquela noite onde os reneguei,usei as mesmas palavras: não tenho pais,o que tenho são apenas dois progenitores que serviram para me dar a vida,nada mais que isso.

     Retirando a mamadeira do microondas,testa a temperatura do leite e né retiro daquela cozinha retornando para a sala de estar.  E ao erguer meu olhar para Mateo que deveria estar brincando com seu urso,deixo a mamadeira cair no chão no mesmo estante em que meus olhos pesam e ardem pelas lágrimas de medo.

     — Filho!...— chamo sentindo o desespero me sufocar e minhas mãos tremerem ao tocar no rostinho do meu bebê. Erguendo meu olhar para Sabrina,essa que descia as escadas com um sorriso no rosto,tive a confirmação que essa desgraçada havia feito alguma coisa — o que você fez com meu filho?

     Pegando Mateo em meus braços e buscando pelo celular sobre a mesinha de centro,seco a primeira lágrima que desliza sobre minha face enquanto tinha a visão de meu filho ficando cada vez mais roxo. Seguindo para a saída daquela casa,abro a porta descendo rapidamente os poucos degrais da escada.

     — Luan...— grito pelo motorista e segurança,esse que aparece de imediato — me leva para o hospital, agora! Não temos tempo.

    Não cronometrei o tempo que foram gastos até o hospital mais próximo, mas sabia que quem estava nas ruas sabiam que o caso era urgente,pois estavam além da velocidade permitida. Minha mente estava somente em meu filho e em como ele estava sofrendo,pois a forma que seu rostinho mudou de cor,os olhinhos banhados por lágrimas de um choro que não ecoava.
  
     Naquela sala de espera, andava de um lado para o outro causando um certo incômodo nas outras pessoas que se encontravam próximas, tentava acalmar meu nervosismo e controlar as lágrimas que deslizavam por minhas bochechas. Estava tão apreensiva que em menos de meia hora que estava naquela espera,uma enfermeira me ofereceu um copo de água com açúcar.

    Havia tentado ligar para Bryan,tentei falar com a secretária que estava o acompanhando, liguei até mesmo para meu melhor amigo,mas nenhum deles me atenderam,o que me deixou ainda mais frustrada e com medo do que possa vir a acontecer com meu bebê.  Nunca sequer imaginei passar por uma situação como essa, jamais pensei que me sentiria a pessoa mais inútil do mundo,mas ao ver meu filho daquela forma,tive a certeza de que esse sentimento era possível.

     — Katrina! Podemos conversar? — com um tom de voz repreensivo, doutor João,o pediatra responsável pelo atendimento do meu filho e que me conhecia por casualidade, questionou demonstrando uma feição nada amigável.

     — Como está o meu bebê? O que ele tinha, João? — me aproximei revelando o quão estava preocupada.

     — Sou seu amigo,mas também sou um profissional responsável e você sabe disso...— começou e deu um suspiro profundo e pesado — seu filho estava com uma pecinha de algum brinquedo infantil preso na garganta,o cortou qualquer liberação de ar. Aquele bebê quase morreu!

     Com sua revelação,deixo as lágrimas ganharem intensidade e um soluço escapar por meus lábios,pois estava assustada e com medo do que poderia ter acontecido com meu filho. Sentindo o toque de João em minhas mãos,tento controlar meu choro e retorno meu olhar para si.

     — Não havia nenhum tipo de brinquedo perto dele, João! Lhe deixei apenas com uma pelúcia que Bryan havia lhe dado. Eu juro para você! — supliquei o fazendo suspirar.

     — Casos como esses podem ser entendidos como descuido dos pais ou até mesmo, abandono por uma criança. Sei que você não se encaixa em nenhum desses casos,mas peço que cuide melhor daquela criança ou terei que fazer um relatório detalhada,e sabemos o que acontecerá, não é? — secando minhas lágrimas, concordei e o abracei involuntariamente.

     — Obrigada! Obrigada por cuidar do meu bebê e por estar aqui,me tranquilizando como médico...e como um grande amigo.

    Foi um susto enorme,meu coração ficou acelerado e mente não raciocinou,porém havia um único pensamento em minha mente, pensamento esse que jamais fez parte da minha vida: Sabrina era a culpada por isso ter acontecido,mas também se arrependeria de ter feito mal ao meu bebê.

um bebê em minha vida[Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora