Quando estiver preparada

3K 249 6
                                    

      Era doloroso pensar que por um demora vinda da minha parte e de todos aqueles oficiais,minha namorada se encontrava em uma cama de hospital estando inconsciente a três dias: sim, diferente do que seu médico responsável havíamos informado, Katrina não estava demonstrando sinais de que acordaria, não conseguia mover nenhum centímetro de seu corpo,somente sua respiração demonstrava que existia vida em seu pequeno e frágil corpo. A queria saber meu lado, sorrindo como sempre em um momento que se encontrava somente eu e ela com seus toques em meus cabelos e com o som de sua voz doce e perfeita para se ouvir. Queria mais que tudo queria poder sentir seu braços circulando meu pescoço em um abraço apertado e duradouro.
   Talvez,em algum momento de minha vida,tenha feito algo que merecesse esse castigo,algo que pudesse ser cobrado dessa maneira brutal e covarde. Porém,assim como muitas coisas que aconteceram em minha vida, jamais desejei que minha garota estivesse envolvida nas cobranças de meus atos. Quando mais novo e ainda tinha meu pai em minha vida,ele me disse uma frase que mexeu com minha linha de raciocínio,e para um jovem descobrindo a realidade da vida,tive muito o que assimilar e entender.
    Me lembro detalhadamente daquele momento, estávamos no jardim de minha antiga casa, sentado em um banco na cidade branca e abaixo de uma árvore plantada as anos. Era feriado de verão e ao contrário dos meus amigos daquela época,havia decidido permanecer na cidade e realizar as atividades bônus do colégio. Meu pai estava descansando após uma viagem exaustiva de negócios e decidiu ficar um pouco comigo,e em uma conversa aleatória,o questionei o porquê de a vida ser um tanto injusta com as pessoas. Então,após um longo suspiro sábio,ele se virou para mim com um sorriso e respondeu:

   “ Não era para ser fácil, não era para ser justa mas sim para ser ensinado,lhe mostrar um lado que o ignorante não enxerga.”

    Demorei para entender suas palavras,enxergar o que deveria ser visto e assimilado. Hoje, sendo dono de um multinacional, respeitado por onde passo e admirado por muitos, enxerguei o que ele tentou me mostrar,coloquei em prática. E estando nessa situação de agora,entendi a parte vaga e misteriosa que suas poucas palavras realmente tentaram me dizer: Karina estar passando por tudo isso se deve ao fato de sempre termos tido nossos caminhos traçados,pois de uma forma ou de outra,nos encontraríamos,seja por meio de Vitor ou pelo psicopata de seu namorado. Mas em meio a tudo isso,o destino nos colocou em uma estrada controversa,nos ligou por trás de meu filho.
   Termos vivido esse caos,apenas me mostrou o quão perfeito a vida trabalha. Estou me culpando por tudo,mas no fundo de meu consciente,sei que não tenho culpa e que tudo deveria acontecer exatamente como está. Não se pode mudar os planos de algo que não conhecemos, não se pode mexer nas linhas tênues do destino. Se há um caos, existe um motivo por trás e uma consequência,por mais dolorosa que seja.
   Segurando suas mãos quentes e não mais pálida,observei detalhadamente seu rosto sereno descobrindo o inimaginável: ser possível se apaixonar mais uma vez pela mesma pessoa a qual se ama. Tinha me apaixonado mais uma vez por aquela garota,por minha namorada e mãe do meu filho.

     — Matheo está com saudade da mamãe,amor! — murmurei ao deixar um beijo sobre seus curtos dedinhos.

     Karina não me respondia, não movia sequer um dedo. Ela apenas estava ali,em um sono profundo onde poderia finalmente descansar de tudo o que passamos.
    Beijando seu pulso com marcas em tons amarelados devido os hematomas que estava desaparecendo,suspirei pesadamente sabendo que meu tempo de visita estava tendo fim e que poderia voltar somente a noite, pois assim como tenho feito,passaria mais uma noite ao seu lado e implorando para que ela acordasse e pudéssemos finalmente regressar para casa. Acho que minha vida se tornou rotineira novamente,pois ao contrário do que gostaria de ter como "rotina" , quando regresso e não encontro essa garota me esperando pronta para perguntar como foi meu dia na empresa,ou para me dizer o que aprendeu de novo na faculdade, tudo perde a graça, perde a emoção. Não quero isso, não quero ter de acostumar sem ela comigo ou com o nosso filho.
     Me pondo de pé - por ter estado sentado em um poltrona ao lado de sua cama - me abaixei a sua altura podendo depositar um pequeno e carinhoso beijo em sua testa. Ato que virou frequência e que amo fazer ao pensar no sorriso que poderia estar recebendo. Afastando-me,olhei para seu rosto mais uma vez e senti meu coração se apertar. Precisava dessa garota na minha vida,precisaria ter seus sorrisos e sua gargalhada gostosa ao estar com nosso filho em seus braços. Katrina não era apenas minha namorada,era o amor da minha vida.

      — Volte quando achar ser possível, quando estiver preparada! — murmurei em seu ouvido — eu te amo!

      Então me afastei lhe dando um último olhar. Saindo daquele quarto fechando a porta atrás de mim,passei pelos seguranças no quais havia contratado para garantir a segurança dela. Vanessa estava livre,estava em alguma parte dessa cidade e tinha a certeza de que minha namorada continua viva e se recuperando nesse hospital, não permitiria sua aproximação novamente.
    Saindo daquele hospital,encontrei alguns repórteres em prontidão para registar qualquer informação que seja. Não costumava ter minha privacidade invadida por esse tipo de pessoa, mas desde que informações sobre o sequestro de Katrina e a morte de Guilherme, ambos se mostraram dispostos a tudo para uma possível matéria sobre como tudo acontece e como estava sendo após o ocorrido.
    Mesmo com as inúmeras perguntas e flashes de suas câmeras contra meu rosto irritando meus olhos,apenas os ignorei seguindo para meu carro. Já estava sendo extremamente exaustivo viver com tudo isso pairando sobre mim, não estava precisando de pessoas inconveniente e insensíveis rodando a procura de detalhes de algo que tráfico e que trouxe muita insegurança para mim e as pessoas que desejavam a melhora da minha namorada.
     Com certo tempo, já me adentrando minha sala. E ao envés de me sentar em minha poltrona atrás de minha mesa com alguns documentos a serem revisados,me encaminhei para a pequena adega no canto superior e me servi com uma dose de Whisky, retornei para um sofá no canto oposto e me sentei suspirando pesadamente e de forma exausta. E para me atormentar ainda mais,minha porta foi aberta por Vitor, esse que ainda permanecia na cidade por Katrina e jurava não ir embora até que ela esteja acordada.

    — Sua secretaria até tentou na barrar,mas sabemos que sei ser persistente — comentou fechando a porta atrás de si — deveria parar com esse seu olhar mortífero,seus funcionários enxergam como um carrasco.

    Revirando meus olhos pouco me importando com seu segundo comentário,para mim desnecessário,engoli o líquido que desceu com uma certa ardência em minha garganta, havia um certo tempo que não bebia sequer um gole de álcool.

     — Apesar de não me importar com essas opiniões,tenho que admitir ser ruim passar essa imagem que não tenho. Quero ser respeitado, não temido.

     — Um bom chefe não despreza seus funcionários, ele os insentiva — repetiu uma frase que sempre ouvia meu pai dizer.

     Sentando-se meu lado, Vitor se apoiou por completo no encosto daquele sofá e desabotoou o blazer. Seus olhos se fecharam e um suspirou foi ouvido por mim. Ele estava preocupada com Katrina,mas tentava não deixar visível ao extremo.

      — Como ela está?  — quis saber.

      — Dormindo,como sempre...— murmurei tomando a última gota do líquido — mas ela ficará bem, Katrina está apenas descansando de tudo o que viveu.

     Era o que acreditava,por isso estava lhe esperando: quando ela achasse ser o momento para despertar de seus sonhos,estaria ao seu lado e segurando em suas mãos.
  


Sem revisão!

*.* RETA FINAL*.*

um bebê em minha vida[Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora