CAPÍTULO VINTE E QUATRO

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Sabina estava em um dos jardins laterais da mansão enquanto acompanhava de longe as lições de Joalin, encontro que teve na parte da manhã com seu marido ainda não saia da sua cabeça. A frieza com que ele a tratou se diferenciava tanto da ternura que ele demonstrava quando estava no quarto com ela.

Levantou-se e caminhou pelo pequeno jardim enquanto observava as plantas que haviam ali. Embaixo de uma janela havia um local vago onde poderia plantar outra variedade de flores, pensou consigo enquanto analisava o local. Graças a sua mãe Sabina aprendeu a gostar e a cultivar jardins e a perspectiva de que fizesse isso em sua nova casa a animou.

Jasmins talvez, adorava o aroma de jasmins.

Foi até em casa onde pegou o material de jardinagem e se encaminhou para o local que havia descoberto. Prepararia hoje mesmo a terra e depois procuraria mudas para muda-las ao local. Colocou as luvas e um grosso avental e se dispôs a arrancar as ervas daninhas que haviam ali.

- Não vais te desculpar com ela? – Uma voz masculina soou perto o bastante que Sabina quase deu um pulo pelo susto.

Olhou para cima e percebeu que a voz saia da janela em cima do jardim. Considerou a que parte da casa pertencia e chegou à conclusão que era a sala adjunta ao escritório do seu marido.

- Não sei a que te referes. – Outra voz masculina juntou-se a primeira. Essa voz pode reconhecer, era a do seu marido.

- Oras, Noah. Tua mulher, a trataste com tanta frieza mais cedo que mais parecia uma pedra de gelo.

Céus, estavam falando dela. Sabina sabia que era impróprio ouvir a conversa dos outros, mas a curiosidade a preencheu. Manteve-se quieta enquanto esperava ansiosa pela resposta de Noah.

- Te metas em tua vida, Collin Meu casamento não é da tua incumbência. – Noah disse audivelmente incomodado com esse assunto.

Diante dessa reprimenda qualquer um ficaria calado em sã consciência. Mas esse não parecia ser o caso de Collin.

- Arrume um tempo para ela homem, pode te organizar e atender a tua esposa e tuas obrigações.

O silencio reinou mais uma vez, por um momento Sabina acreditou que ele não fosse responder. Até que a voz grave soou mais uma vez.

- Tenho um casamento de conveniência, Collin. Isso não é um conto de fadas. Tu sabes tão bem quanto eu que me casei porque Joalin precisava de uma influência feminina e eu de um herdeiro. Minha esposa sabe muito bem disso, suas obrigações nessa casa estão bastante claras e não desejo ter nenhum outro tipo de aproximação com ela.

Sabina não pode conter a exclamação de surpresa diante dessas frias palavras. Acabou derrubando a pá que tinha na mão que caiu sobre o balde de ferro fazendo um enorme barulho. Sentiu-se corar antes mesmo de olhar para cima. A vergonha por saber que ia ser pega escutando a conversa alheia e a dor pelas palavras que acabava de ouvir misturavam-se dentro de si.

Soube muito antes de levantar a cabeça que estava sendo observada. Os olhos negros de seu marido focaram nos seus enquanto um surpreso senhor Collin a olhava corado.

Levantou-se erguendo os ombros e limpou as mãos no avental enquanto observava os dois homens que a olhavam calados.

- Senhores. Perdoem-me se minha distração atrapalhou a conversa de vocês. Mas vejam, já havia encontrado esse espaço para plantar meus jasmins antes de vocês iniciarem essa tão esclarecedora conversa. – Sabina não soube de onde tirou coragem para falar essas palavras, mas agradeceu aos céus por sua voz ter soado firme quando por dentro sentia ser mundo ruir.

Os dois continuaram calados a observá-la e Sabina continuou.

- Creio que não se importam que eu possa ter ouvido já que eu era o assunto da conversa. Como meu marido falou eu sei muito bem quais são as minhas obrigações nessa casa. Não se sinta constrangido Senhor Collin. Se me derem licença irei até o meu quarto. – Sabina não esperou por uma resposta, nem mesmo se preocupou em recolher as coisas que havia levado até ali. Saiu do local com lágrimas nos olhos. E rezou para que conseguisse chegar logo ao seu quarto.

Já longe jurou que pode ouvir seu marido proferir um juramento nada sensível aos ouvidos femininos. Subiu as escadas laterais e foi direto ao seu quarto as pressas, ao entrar no local ele já estava lá.

- Sabina... – Ele começou a falar de maneira irritantemente calma.

E aquilo a encheu de raiva, segurou a vontade de chorar que tomava conta dela e limpou uma lágrima solitária que saiu pela sua bochecha. Não choraria, disse a si mesma.

- Saia. – Disse controlando a vontade de expulsa-lo dali a ponta pés.

- Sabina. – Ele tentou falar mais uma vez e Sabina explodiu.

- Não precisa falar nada milorde, como você mesmo falou eu sei muito bem quais são as minhas obrigações aqui. Então se não deseja tentar ter seu precioso herdeiro agora, saia do meu quarto.

Ele pareceu se irritar também quando lhe respondeu.

- Sabes que não deveria ter ouvido essa conversa, mas em realidade isso não é surpresa para ti. Deixei bastante claro isso quando te pedi em casamento. – Ele falou controlando a voz.

Sabina andou pelo aposento inquieta antes de lhe responder.

- Ah sim, claro, que meu marido não quer ter nenhum outro tipo de aproximação comigo. Além de que eu seja sua égua reprodutora e professora de sua filha.

Sabina quase gritou, sabia que estava se excedendo. Viu como ele apertava a mandíbula.

- Eu não usei essas palavras, Sabina. Disse apenas que era um casamento de conveniência e não menti quanto a isso.

A calma dele a irritou. Virou-se para ele.

- E se eu quiser mais? Mais que um casamento de conveniência, mas que um marido que deseje a minha presença somente durante a noite.

Ele não lhe respondeu de imediato, a observou por um longo tempo antes de lhe responder.

- Eu não posso lhe dar isso, Sabina.

Aquilo a feriu mais que um ferimento real.

  Secou mais uma vez a insistente lágrima, antes de reunir toda sua coragem para lhe responder. Quis chorar, não havia chorado nenhuma vez depois que havia se mudado para lá. Sempre tinha consigo a esperança de que conseguiria mudar esse casamento, sempre tinha consigo as palavras de incentivo de sua mãe. Era uma mulher forte, e poderia alcançar tudo o que quisesse. Mas nesse momento sua coragem ruiu, agradeceu a Deus por ter reunido seus cacos antes de responder a seu marido.

- Eu entendi, marido. Não se preocupe, sei muito bem quais as minhas obrigações a partir de agora.

- Sabina...

- Milorde poderia fazer o favor de se retirar do meu quarto. – Controlou sua raiva mais uma vez.

Sabina viu como ele considerava, e pensou que ele fosse falar mais alguma coisa. Mas ele apenas saiu sem olhar para trás

APAIXONADA POR UM CONDE - urridalgo versionOnde histórias criam vida. Descubra agora