CAPÍTULO VINTE E SEIS

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Noah dispensou seu criado e olhou a porta de comunicação com o quarto de sua esposa, pelo jantar de hoje percebeu que ela ainda estava com raiva por causa do discursão que tiveram.

  Andou impaciente pelo quarto, tentara se reparar. Ou ao menos pensou em fazer isso se ela tivesse aceitado acompanha-lo até a aldeia.

Há dias vinha tentando se aproximar, queria falar com ela, resolver essa situação que já estava se tornando insuportável. Céus! Por quanto tempo ela continuaria lhe ignorando? Querer um casamento de conveniência não era a mesma coisa que querer uma mulher fingindo que você não existia e o pior de tudo era que a desejava, sentia falta da contagiante alegria dela, da maneira empolgada como ela descrevia as coisas. Nesses dias que passou longe dele, mal conseguiu dormir e quando sim, ela aparecia nos seus sonhos o tentando.

Não suportando mais esse clima, abriu devagar a porta que separava os dois quartos, precisavam pelo menos conversar.

A escuridão do local fez com que seus olhos demorassem a se adaptar. Depois de alguns momentos observou o quarto em busca de sua relutante esposa. Ela não estava na penteadeira onde costumava espera-lo enquanto penteava os bonitos cabelos e para sua surpresa não estava na cama também. Seus olhos passearam pelo aposento em busca de Sabina e uma sensação estranha o envolveu quando percebeu que ela não estava ali.

Seu coração começou a bater acelerado e como em um sonho, foi como se vivesse a mesma noite que teve quatro anos antes.

Sacudiu a cabeça enquanto tentava pensar com razão. Sabina não fugiria dele, disse a si mesmo tentando se convencer. Ela não era Savannah. Céus, ela não era em nada parecida com Savannah!

Saiu do quarto de sua esposa caminhando tranquilamente enquanto seu coração continuava a bater acelerado. Pense com a razão, disse a si mesmo pela segunda vez. Ela poderia estar na biblioteca ou no quarto de Joalin, sabia que ela sempre ia ao quarto de sua filha antes da pequena dormir.

Caminhou até a ala infantil e abriu a porta que estava entreaberta, o local estava bem iluminado e a contragosto sorriu. Joalin não gostava do escuro, e foi pelas chamas das várias luminárias acesas no local que viu quem estava procurando. Sabinaestava deitada junto com Joalin, ambas dormiam abraçadas como se fossem acostumadas a fazerem isso.

Observou por um momento a cena que tinha em sua frente, sua bela esposa, tinha a aparência serena e parecia bem mais jovem quando estava dormindo relaxada, percebeu contrariado que era a primeira vez que a via adormecida, ele sempre saia do quarto dela pouco antes dela dormir. Ela tinha uma mão protetora sobre o corpinho de Joalin que também dormia relaxada.

Continuou ali na porta, parado, observando as duas enquanto sua mente fervilhava. Foi até elas e elevou o cobertor para que cobrisse a ambas e depois se afastou. Soltou a respiração frustrado.

Ela o deixaria louco, quase sorriu da situação em que se encontrava. Saiu do quarto deixando as duas sozinhas enquanto considerava suas opções. E pela segunda vez naquele dia perguntou a si mesmo o que estava fazendo de sua vida.

***

Sabina observou os belos jasmins que já haviam se acostumado ao seu novo lar, as flores tinham uma aparência magnífica. Levantou-se limpando as mãos no avental e sua vista foi a janela em que havia escutado a reveladora conversa, sete dias antes.

A contragosto sorriu ao lembrar-se de como seu marido esteve calado quase não acreditando na presença dela ali. E teve que admitir que nos últimos dias ele estava tentando se aproximar, depois do convite para ir ao povoado, ele também a convidou para um passeio a cavalo, passeio esse que Sabina também recusou. Então ele começou a aparecer nos momentos em que sabia que ela estava com Joalin.

Sacudiu a cabeça afastando esses pensamentos, não deixaria que ele a levasse na conversa mais uma vez. Quando aceitou o pedido dele em casamento, tinha a esperança de que pudesse converter essa união em amor, sabia que alcançar esse objetivo com seu esquivo marido não era uma tarefa fácil, mas Sabina estava decidida em conseguir.

E queria mais de Noah, queria a rendição, total.

***

- É melhor pararmos por aqui. – A voz de Collin o tirou dos seus pensamentos. O amigo percebeu claramente que os pensamentos de Noah não estavam nos números que ele lhe mostrava. Céus, ia enlouquecer.

- Ela mal me olha, Collin. – Falou ao amigo sabendo que era inútil negar o motivo de sua falta de atenção que já estava durando tempo demais.

- Não era isso o que você queria? – Collin lhe perguntou arrumando os papéis espalhados pela mesa.

Era? Sua esposa mal lhe dirigia a palavra, ela só falava quando ele lhe fazia uma pergunta direta. Ela sempre estava presente nas refeições, mas era como se estivesse ausente. Ela passou a recusar todas as suas iniciativas para tentar se aproximar dela. Não podia reclamar quanto ao fato dela cuidar de Joalin, pois ela estava fazendo esse papel muito bem, também não podia reclamar quanto a administração da casa, Urrea House nunca esteve tão bem administrada. Mas quanto a outra parte poderia sim, ela o estava evitando em sua cama, nas últimas noites ela esteve dormindo com Joalin e o que mais o irritava era o fato dela estar dormindo tão bem, sabia disso pois sempre ia ao quarto da sua filha para observa-las, enquanto ele mal conseguia dormir.

- Não queria me casar com uma pedra de gelo. – Tentou controlar o ressentimento em sua voz.

A risada de Collin o irritou até a alma.

- Sério? Pois lembro de você descrever uma mulher assim, não só para mim, mas para Lady Urrea também. Sem falar, que você na maioria das vezes se comporta como uma. – O amigo lhe dando atenção.

Naoh ficou calado enquanto sua mente fervilhava. Sabia que seu comportamento era tido por muitos como frio, mas nunca quis uma mulher assim. Céus, amava mulheres alegres com suas risadas e senso de humor afiados.

- Ela não é Savannah – A voz de Collin chegou até ele sem rastros de humor dessa vez.

- Sei. – Falou a contragosto, ele mais do que ninguém sabia disso.

- Não parece. Você está tendo outra chance, meu amigo. Não seja burro a ponto de desperdiça-la. – Collin falou já da porta.

Noah não demonstrou reação diante das palavras do amigo, mas as havia escutado muito bem.

APAIXONADA POR UM CONDE - urridalgo versionOnde histórias criam vida. Descubra agora