CAPÍTULO QUARENTA

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O lugar escolhido por Savannah foi a algumas horas de viagem de Londres. Sabina queria afastar de si toda a sensação de medo que a envolvia, no fundo do seu coração apegava-se a ideia de que Savannah não seria capaz de fazer mal a própria filha. Não que usa-la como moeda de troca fosse um gesto maternal, mas apegava-se a esse primeiro pensamento. 

Noah permanecia ao seu lado no mais absoluto silêncio, já aprendera a decifrá-lo e bem sabia que a mente de seu marido estava fervilhando, era dele não demonstrar emoções, mas em nenhum momento ele soltou a sua mão, que permanecia entre as dele

Collin também os acompanhava, esse sim dava sinais de inquietação mexendo-se vez ou outra no assento. Ao lado dele estava o baú com ouro e joias que havia recebido do seu avô quando estreou na sociedade. 

O sheik de Ufahaa havia dado um para todas as suas netas, somente Luna e suas primas Aisha, filha de sua tia Alia, e Hafiza, filha do seu Muhab, ainda não haviam recebido os seus pois ainda não tinham completado dezoito anos. 

A carruagem chacoalhou assim que passaram por um buraco, olhou pela janela tentando ver algum de sinal de onde estavam e viu que o terreno tornava-se mais acidentado

Noah deve ter percebido sua inquietação pois lhe explicou

- Marcou em um chalé próximo ao rio. – E depois de um momento de silencio ele continuou. - Ela me levou lá uma vez durante o nosso cortejo.

Sabina assentiu e em minutos pode escutar o barulho da água. Viu uma adorável casinha de longe no justo momento em que a carruagem ia perdendo velocidade

- Fiquem aqui. Eu falarei com ela. - Noah falou já se levantando. 

Quis protestar. Estava preocupada com Joalin, mas no fundo sabia que esse era um assunto entre Noah e sua ex esposa e apenas assentiu.

Antes dele sair ele voltou mais uma vez para onde ela estava, os olhos dele a sondando por um bom momento e sentiu um casto beijo em seus lábios antes dele descer da carruagem. 

***

Noah desceu da carruagem com o mesmo mau pressentimento que teve pela manhã. Não queria dar ouvidos a ele, Savannah era mãe de Joalin, não faria mal a própria filha.

Caminhou para a entrada do chalé levando consigo o pesado baú repleto de joias, a porta do lugar estava entreaberta.

Entrou enquanto sua vista se adaptava a escuridão do local. Sobre a mesa haviam restos de comida, fora isso o chalé não dava sinais de ter sido ocupado recentemente. 

Saiu da casa sondando o terreno, pelo que se lembrava mais a frente havia uma ponte que atravessava o rio, e a sua esquerda um caminho que levava a aldeia mais próxima, olhou ao redor da casa procurando por elas.

- Joalin! – Chamou a filha controlando o tom.

Noah apurou os ouvidos em busca de alguma resposta ao seu chamado e depois de um momento pode ouvir.

- Papai! - A voz de sua filha chegou até ele em um pequeno lamento, olhou ao redor controlando o desespero.

- Papai! - Joalin o chamou mais uma vez, e Noah pode identificar de onde vinha o som. Caminhou de maneira automática na direção até que chegou a borda da ponte de madeira que atravessava o rio.

As duas estavam ali, no meio da ponte, os cabelos das duas tinham o mesmo tom de ruivo. Savannah segurava a menina pelo ombro enquanto tentava mostrar algo na água, mas a pequena movia-se inquieta tentando livrar-se da mãe.

Céus! Um medo o envolveu.

- Savannah. - Ele chamou calmamente, queria que as duas saíssem da ponte agora mesmo, a madeira já era velha e o rio naquele trecho podia ser estreito, mas não menos profundo.

Savannah desviou a atenção do rio e virou-se para ele mostrando um ensaiado sorriso, talvez o mesmo pelo qual ele achou estar apaixonado muitos anos antes.

Mas foi nos olhos dela que Noah pode ver, não era a Savannah que ele conheceu que estava ali, o olhar que ela lhe deu era distante, ausente.

"Estás louca"

As palavras de Collin soaram em sua mente como um alarme e não precisou averiguar mais para ter certeza disso. Considerou seus próximos passos, para não colocar sua filha em perigo. Tudo o que queria era tirá-la dali e resolver essa situação por fim.

- Noah meu amor, veio se juntar a nós? - A voz dela mostrava sinais de alteração.

Joalin ao ouvir o seu nome, focou os olhinhos azuis nele e pode ver o desespero no olhar da filha. Ela tentou se soltar do aperto da mãe, mas Savannah a mantinha presa pelo ombro.

- Papai! – Sua filha falou mais uma vez.

Noah controlou o instinto natural de tirar a filha daquela situação de perigo imediatamente. Tinha que agir com clareza ou pioraria as coisas.

- Savannah, sai da ponte com Joalin. Conversaremos no chalé. – Controlou a voz mais uma vez.

- Acha que eu posso fazer mal a menina, Noah? – Ele perguntou calmamente passando uma falsa impressão de estar controlada, mas Noah sabia que ela não estava. - Ela é minha filha! – Ela gritou se alterando e assustando a Joalin que tentou mais uma vez se soltar.

- Como queria que ela não fosse tua! Como queria ter conhecido Richard antes. – Ela falou divagando. – Quem sabe assim ela tivesse puxado a nós e não a ti! Veja, é idêntica a mim, mas age como você.

- Savannah. – Noah falou caminhando sobre a ponto, escutou a madeira ranger, mas não se importou. Tiraria sua filha de perto dessa louca. – Vamos, conversaremos no chalé, trouxe o dinheiro que pediu. O suficiente para que volte para Richard. – Noah apelou mais uma vez, quem sabe diante do nome do amante com o qual ela havia fugido ela voltasse a ter razão.

Mas foi ao contrário, viu o olhar dela vago, sem foco quando falou mais uma vez.

- Richard está morto.... Aquele tolo! Nós estávamos tão bem, ele havia levado da casa do pai muito dinheiro e com o dinheiro que ganhei vendendo as joias que levei estávamos ricos, mas o idiota não conseguiu fugir das chamas a tempo eu o avisei exatamente o horário que iria colocar fogo na estalagem, mas ele não saiu...

Noah assimilou o baque que aquela informação lhe proporcionou? Ela havia colocado fogo na estalagem? Houveram mortos! Pelos céus! Foram encontrados quatro corpos carbonizados, dois dos donos do lugar e dois que na época Noah havia achado que eram de Savannah e Richard.

Segurou a vontade de ir mais a fundo nessa informação, no momento sua única prioridade era tirar Joalin de perto daquela mulher.

- Savannah, deixe Joalin vir até mim. Nós conversaremos, nós dois.

Ela lhe deu um sorriso sem humor.

- Sempre tão frio não é, Noah? Como eu odiei esse seu comportamento, juro que procurei por qualquer outro Lorde rico do que a ti, mas fui tola a ponto de acreditar que poderia te mudar. Eu o odiava! Odiava por ter me tirado de Londres e me levado para aquele fim de mundo, por ter me mantido ali, quando o que eu mais queria era aproveitar de minha nova condição como Condessa.

Viu com horror como ela dispôs-se a andar na direção do final da ponte, levando Joalin ainda com ela. A menina estava estranhamente quieta. Noah deu um olhar de conforto a filha.

- Sai da ponte Savannah, venha pegar o seu dinheiro e prometo que te darei apoio para ir para onde desejar. – Sabia que estava tratando com uma louca, mas era sua única opção.

- Não! Se eu não posso ser feliz, tu também não será Noah. É tua culpa que eu tenha tido que passar por tudo isso, por ter vivido todo esse tempo buscando as coisas que tu poderias ter me dado, se não fosse por esse seu ridículo senso de responsabilidade com seu precioso lar. Deveria ter queimado aquela maldita casa, contigo dentro!

Noah escutou o barulho da madeira rangendo, não permitiria mais essa situação!

- Chega Savannah! Saia dessa maldita ponte agora. – Falou disposto a continuar andando.

Mas ela percebeu sua intenção e lhe deu um sorriso diabólico antes de segurar mais uma vez Joalin pelo ombro.

- Se eu não posso ser feliz, Noah, Tu também não será! – E Noah viu horrorizado quando ela se jogou na água levando Joalin junto.

APAIXONADA POR UM CONDE - urridalgo versionOnde histórias criam vida. Descubra agora