CAPÍTULO QUATORZE

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Noah esperou no hall de entrada da mansão Brisden enquanto aguardava o Mordomo anunciar sua presença ao Marquês, céus!

Estava nervoso? Já havia feito isso uma vez quando pediu ao pai de sua primeira esposa em casamento. A diferença entre os dois pedidos era que no primeiro estava completamente apaixonado por Savannah, sentia-se seguro e sabia que podia convencer o pai da dama. E agora? Bem, não é que não sentisse nada pela senhorita Hidalgo, pelo contrário sentia desejo. A desejava como a muito tempo não desejava uma mulher e também tinha uma grande admiração por ela, mas isso seria suficiente para o marquês? Aquele homem já havia recusado propostas de homens muito mais apaixonados pela sua bela filha.

Ergueu a coluna quando escutou os passos do mordomo se aproximando e dispensou essa ideia da cabeça. Tinha o consentimento de Sabina, o próprio marquês havia deixado as filhas escolherem seus maridos então não podia reclamar.

- Lorde Beauchamp vai recebe-lo, Milorde. Poderia me acompanhar, por favor. – O mordomo falou e Noah o acompanhou pela bonita casa.

Uma enorme porta de mogno estava frente do escritório do Marquês, o mordomo a abriu e ambos entraram no acolhedor lugar.

- O Conde de Orange, Milorde.

O Marquês que estava sentado em uma confortável cadeira, levantou-se focando nele uns inquietantes olhos azuis. Os olhos de Grace, pensou, mesmo tendo a aparência da marquesa ela havia herdado os olhos do pai.

- Obrigada, Aldanis. – O Marquês dispensou o mordomo e esperou até que ele saísse da sala.

Estando ambos a sós ele caminhou até uma mesinha lateral e serviu-se calmamente de uma bebida, como se estivesse a sós no aposento e tivesse para si todo o tempo do mundo.

- Servido? – Ele perguntou sem olhar para trás.

- Não. – Precisava de sua mente intacta.

Ele voltou para a cadeira onde esteve sentado e apontou a uma que estava na frente da mesa que os separavam.

- Sente-se. Meu filho me advertiu da sua visita, Claveland. A que devo esta honra? – Os inquietantes olhos azuis posaram nele mais uma vez e Harry controlou a vontade de se ajeitar na cadeira. Não era mais um rapazote. O marquês com certeza sabia o motivo da sua visita.

Observou o homem a sua frente, já era um homem de meia idade, mas sua aparência não alertava isso, tinha os cabelos claros com algumas mechas grisalhas e parecia-se muito com o filho, Joshua.

- Gostaria de pedir a mão da sua filha Sabina em casamento. – Pronto, havia falado.

- Se está aqui é porque Sabina o aceitou. – Ele falou calmamente, depois de alguns momentos o observando em silêncio e nenhum um pouco surpreso com sua proposta.

- Sim, Milorde. Falei com a senhorita Hidalgo e tenho seu consentimento.

Viu algo brilhar nos frios olhos do pai da dama enquanto ele levou calmamente o copo de bebida aos lábios antes de responder.

- A quase trinta anos atrás, eu estava na mesma situação que você. Atravessei o oceano para falar com o pai de minha esposa. E juro-te, Urrea que se tiveres os mesmos pensamentos que eu tinha quando me propus a isso te colocarei para fora da minha casa nesse exato momento. – A voz do homem saiu calma, mas o brilho perigoso estava em seu olhar.

Noah respirou fundo, céus! O homem tentava lhe intimidar.

- Onde pretende chegar, Lorde Beauchamp? – Era esse tipo de conversa que o homem queria, pois bem

- Já vi propostas mais apaixonadas do que essa

Bem, o homem o havia lhe pegado, mas não havia como fugir.

- Quer saber se eu amo a sua filha Milorde? Não, não a amo. Tenho certeza que sabe tão bem quanto eu que nem todos têm a sorte de ter um casamento por amor, mas tenho bastante admiração por sua filha é uma jovem de fortes convicções e ideias admiráveis. Tenho certeza que nós daremos bem. Eu não preciso do dote dela, tenho dinheiro suficiente para mantê-la com todos os confortos que está acostumada e prometo honrá-la, respeita-la e protege-la com minha própria vida.

O homem a sua frente o observou em silencio e Noah jurou que pode ver o rastro de um sorriso em seu rosto

- Você não acredita no amor, Urrea.... – Não era uma pergunta.

Onde ele estava querendo chegar? Porque essa maldita palavra estava sempre presente nas suas conversas sobre casamento? Tentou controlar o aborrecimento antes de completar.

- Pelo contrário, Milorde. Não só acredito como sei muito bem o que o amor pode causar em um relacionamento

Dessa vez Noah pode ver o sorriso no rosto do marquês.

- Sabe Orange, em relação a isso tens o mesmo pensamento que eu tinha há trinta anos atrás. E asseguro-te homem, eu estava terrivelmente enganado. – Ele falou como se isso fosse engraçado e como se pudesse ver coisas que ele não.

Não tendo o que falar em relação a isso, Noah continuou calado

- Pretende morar com minha filha em sua propriedade ancestral? – Ele perguntou com o semblante sério mais uma vez.

- Sim, sou muito ativo em minhas terras e desempenho várias funções nas minhas propriedades. Mas garanto que sua filha poderá vir a Londres sempre que desejar.

O marques assentiu. E permaneceu alguns momentos o observando com seu avaliador olhar

- Muito bem, Sabina já aceitou a sua proposta. E eu lhe concedo a mão dela. – Ele disse levantando-se.

Noah liberou a respiração que não sabia que estava segurando

- Milorde eu gostaria que o casamento se realizasse antes do final da temporada, estou a muito tempo longe da minha propriedade.

Noah viu como os olhos do homem o observavam e jurou que ele lhe negaria isso.

- Devido a cena que meu filho disse ter presenciado no jardim, não há como adiar muito mais. A reputação de Sabina não pode ser manchada, três semanas Urrea. Meu advogado o procurará para os assuntos legais. – O Marques falou dando a entender que essa era sua última palavra.

Tudo bem, pensou em todos os problemas que se acumulariam durante a sua ausência, mas era um mal necessário. Levantou-se disposto a cumprimentar o futuro sogro

- De acordo. – Assentiu.

- Mais uma coisa Urrea. – O pai da moça falou calmamente. – Minha filha é um anjo, faça-a infeliz e eu me encarregarei pessoalmente de você.

Noah sentiu a verdade daquelas palavras em sua pele e não duvidou nenhum momento de que o homem faria realmente isso.

- Tem minha palavra, Milorde. – Reuniu a coragem antes de lhe responder

O homem assentiu mais uma vez, antes de lhe oferecer um sorriso e estender a mão

- Bem-vindo a família, Urrea.

Noah. segurou a mão do sogro enquanto respirava aliviado.

APAIXONADA POR UM CONDE - urridalgo versionOnde histórias criam vida. Descubra agora