Dangerous

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Jimin não só tomou um bom banho como tirou um cochilo bem longo: as três horas até o pouso passaram voando e ele acordou uma hora depois que a nave estava em terra.

— Já pousamos, eh? — Ele levantou da cama no pequeno quarto que o capitão dispôs pra ele. — O Taehyung te mandou ficar de olho em mim, foi? — Fez carinho entre as orelhas do pequeno Tannie, sentado à frente da porta com os olhinhos negros fixos nele. — Não se preocupa, não vou fazer nada com seu dono. — Saiu pro corredor, indo pro salão central da nave. "Porque eu sou um fraco, né?", suspirou, decepcionado consigo mesmo; "Se naquela hora eu não tivesse baixado os olhos nem tivesse tomado o cuidado de falar sem olhar pra ele... eu definitivamente ia fazer vista grossa pro que tinha acabado de ver..." — Espero que isso não passe de uma bobagem fácil de resolver, né, Taehyung... — Olhou pela meia cúpula translúcida à frente do leme: o céu estava escuro, e uma neblina cor de vinho pairava sobre o solo de rochas negras. — Se bem que eu duvido que seja só um combustível de nitrogênio que você esteja procurando num planeta desses.

Não queria admitir, mas um planeta sem código da União só podia ser duas coisas: terra ainda não explorada, ou um bazar do mercado profundo: e se Taehyung foi abastecer ali, então não tinha como ser outra coisa.

— Hare! — Passou a mão nervosamente nos cabelos, se sentando numa das poltronas de co-pilotagem e abrindo um painel de comunicação; Tannie do seu lado, com os olhinhos nele. — Jin... consegue ouvir?

— Você não consegue chamar um superior com o mínimo de formalidade, sua ameba lunática!?

— Corta essa, tá? Só quero... perguntar uma coisa.

— Algum problema com a missão? Eu não recebi seu relatório ainda.

— Eu vou mandar. — Cruzou as mãos sob a testa: os cotovelos apoiados nos joelhos. — Me diz... vocês me colocaram pra acompanhar o Taehyung nessa missão... mais por causa do Taehyung do que pelos piratas... estou errado?

— Não. — Jin confirmou do outro lado. — Kim Taehyung é um caçador de alta funcionalidade pra nós... visto que já ganhou mais de 15 bilhões de agas em recompensas.

— Uhm. — É, ele era bravo, não dava pra negar.

— Mas ele tem precedentes não muito honrosos na marinha: fuzileiros.

— De fato... — Olhou pra cima, se lembrando. — Ele comentou algo sobre, por alto...

— Ele era um almirante.

— Oi?!?! — Almirante? O Taehyung!?

— Pois é... — Ouviu Jin suspirando. — E o único registro a que tenho acesso é de que ele pediu pra ser deposto de repente e sem motivo plausível aparente, o que claramente não é nem metade da história... Foi uma perda e tanto pra marinha inteira, o que deixou o nome dele bastante manchado aqui dentro.

— Uhum...

— E como se não bastasse isso, alguns rumores não muito agradáveis sobre ele chegaram aos nossos ouvidos recentemente.

— Rumores?...

— Exatamente: nada confirmado, mas pode ser que ele esteja envolvido em negócios do mercado profundo.

— Mh.

— O que foi, Jimin? Você viu alguma coisa que...?

— Não. — O alfa respondeu, firme e sem vacilar, mas com um músculo tremente entre as sobrancelhas. — Só... deixa isso comigo.

— Claro, estamos contando com você.

Os bipes da chamada encerrada ecoaram pelo vasto salão central da Blueberry por um tempo: Jimin olhando fixamente através da vidraça à frente, Yeontan olhando pra ele sem nem piscar.

Blueberry - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora