Indgno

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— Uah!... — Yoongi bocejou longa e sonoramente, entrando no salão de controle da Agust, aonde Namjoon trabalhava separando arquivos num dos bancos de co-pilotagem.

— Dormiu o suficiente, capitão? — Certamente o viu chegando no seu campo de visão de quase trezentos e sessenta. — Precisamos de você full pra próxima missão.

— Ah. — Taehyung não estava ali, era o momento adequado. — Acho que dormi bastante sim. — Sentiu a estática crepitando entre os dedos, se sentando próximo ao híbrido de lagarto. — Como estão as coisas?

— Taehyung está lá embaixo. — Respondeu: seus olhos verde cintilantes ainda no painel de arquivos aberto à sua frente. — Vai dar tudo certo: ele e o Tannie são uma dupla incrível.

— Cérebro e coração, né... — Passou o braço pelos ombros do rapaz. — Ele ainda está de mau humor?

— Um poco. — Parou o que estava fazendo por um instante: mesmo sem precisar, queria olhar pro seu capitão nos olhos dessa vez; também sabia que ele gostava de ver suas pupilas em forma de fendas. — Ele se sente culpado desde que descobriu que as pessoas morrem com a abstinência daquela fruta.

— Ele é muito jovem. — Passou as costas dos dedos pelo lado do rosto do rapaz, sentindo as escamas verdes que desciam desde as têmporas, ficando menores e sumindo antes de chegar no pescoço. — Muito jovem pra entender o quão importantes pra nós foi ele ter encontrado mirtilo na Terra.

— Eu também sou jovem. — Retrucou, contendo o arrepio que a corrente elétrica escapando dos dedos de Yoongi estava lhe causando.

— Eu sei. — Sorriu: aquele seu sorriso de sempre, lindo porém perigosamente indecifrável. — Mas você é maduro... sabe que tudo que faço é por vocês. — Tocou-lhe os lábios grossos com o indicador, levemente. — Não sabe?

— Umh. — Concordou. De fato, compartilhava de todos os ideais que fizeram o híbrido de água viva imortal fazer o que fazia. Sabia do mal que os humanos puros eram para os híbridos, e era muito grato a Yoongi por resgatar a quantidade de híbridos de conseguia. — Mas... — Mas Taehyung era gentil demais, e pôr aquelas mortes nas costas dele era simplesmente muito cruel. — Pelo menos diga a ele que não tem culpa.

— Ele não tem. — Se levantou, como que perdendo repentinamente o interesse em esfregar o indicador na sua boca. — E vai ter que descobrir isso sozinho.

— Hah! — Taehyung acordou no susto de um pesadelo. — Ha... — Tocou no próprio peito ofegante; uma gota gelada de suor lhe escorrendo da têmpora.

— Tae? — Jimin entrou no quarto, olhando-o preocupado. — Tudo bem?

— Ah... — Limpou o excesso de suor do pescoço com a mão direita. — Tudo bem...

Jimin olhou bem pro capitão por um instante: ele estava tremendo, desde os lábios até as pontas dos dedos das mãos robóticas. Andou até a cama, se sentando na beirada e o abraçando pelos ombros.

— Jim...mh. — Taehyung apertou os olhos quando o tenente repentinamente afastou-lhe os cabelos azuis da testa e beijou ali. — O- o que foi?

— Foi só um pesadelo. — Ele disse: seus olhos muito azuis olhando os seus gentilmente. — Tá tudo bem agora.

— Eu nem disse nada! — Corou fortemente.

— Tem coisas que não precisa dizer. — Sorriu largamente, acariciando seu rosto com as costas dos dedos.

— Hare!... — Afastou sua mão discretamente, desviando o olhar. — Meu cio acabou, ok? Não precisa mais ser meloso comigo.

— Mas o próximo é daqui alguns meses, não?

Taehyung olhou novamente pros olhos azuis, então baixou-os novamente pro próprio colo, soltando um suspiro. Jimin pegou suas mãos nas dele, aproximando o rosto do seu, devagar, mas insistente, até poder roçar os lábios nos seus. Àquela altura já não conseguia mais rejeitar o toque, então logo deslizou a língua nos lábios fartos, pedindo por mais timidamente a cada pequena mordida na sua boca.

— Jimin. — Tocou-lhe a testa na sua, afastando os lábios por um instante. — Eu quero que você me entregue pra marinha quando nossa missão acabar. — Buscou sua camisa com as mãos e apertou. — Eu fiz coisas das quais realmente me envergonham, então, nem que sejam pelos motivos errados, eu-

— Taehyung. — O interrompeu, segurando seu queixo entre o indicador e o polegar com certa firmeza. — Pode fazer os pedidos egoístas que quiser: eu não me importo. — Deixou um selo nos seus lábios, depois mais um. — Eu já me decidi sobre o que eu quero. — "Eu quero você", beijou-o, com afinco e longamente. "E eu quero até o final."

— Mh... — Sentiu uma lágrima escorrendo do seu olho direito, e aquilo era uma droga: era uma droga porque ele não merecia tanto, e o alfa estava lhe dando muito mais do que ele se achava digno.

Blueberry - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora