Capítulo 28: Little Talks

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Quarta-Feira, 01 de abril de 2020

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Quarta-Feira, 01 de abril de 2020.

    Há dias em que não dormimos, e sim desmaiamos. Seja por conta duma rotina puxada de trabalho, exercícios físicos em excesso, cansaço emocional, ou mesmo um pouco de sono acumulado, independentemente da causa, é certo que quase todo mundo já sofreu um desses apagões.

    Eram seis da manhã quando Mashiro despertou com o celular vibrando contra sua bochecha. Havia um pouco de baba na tela do aparelho, o que não era algo muito surpreendente já que, na noite anterior, ela simplesmente caiu no sono enquanto trocava mensagens com Kensei.

    Ergueu o tronco, esfregou os olhos enquanto bocejava longamente. O número na tela não era conhecido, mas ao notar o código de área, uma enorme euforia tomou seu peito.

— Moshi moshi — atendeu com expectativa.

— Mashiro-Chan? — disse a voz do outro lado da linha. — Feliz aniversário!

Obaasan?! — gritou, reconhecendo a voz envelhecida e suave que lhe felicitava. — Que saudades!

    Lágrimas brotaram dos olhos de Mashiro, e tanto ela quanto a mulher do outro lado da linha ficaram em silêncio por um momento.

Obaasan, como está? Tem comido bem? Estão cuidando direito de você? — questionou com ansiedade.

— Estou bem, não se preocupe — respondeu a senhora em tom gentil. — Midory foi ao mercado, tenho alguns minutos sozinha, como está Mashiro-Chan? E os estudos?

— Vão bem, estou tirando boas notas, pretendo fazer doutorado...

— Muito bom, muito bom — elogiou, parecendo orgulhosa. — Está precisando de alguma coisa? Tenho algum dinheiro guardado...

— Não, estou bem, quase não uso o dinheiro da reserva e os juros sempre cobrem as despesas esporádicas, não se preocupe.

    Conversaram por alguns minutos sobre as matérias que Mashiro estava estudando e algumas trivialidades, até a mulher apressar o ritmo de fala subitamente.

— Mashiro-Chan, aproveite seu aniversário, saia com seus amigos, coma algo gostoso — aconselhou, falando mais depressa. — Esse celular é novo, consegui comprá-lo com a ajuda de um vizinho, se precisar de alguma coisa me ligue que eu te retorno quando puder. Midory está chegando, preciso desligar.

— Cuide-se bem — disse Mashiro, segundos antes de a ligação ser encerrada.

    A conversa havia sido relativamente rápida, e o encerramento abrupto, mas Mashiro estava, senão contente, ao menos satisfeita, pois já fazia quase nove meses desde que ouvira a voz de Rina Sora pela última vez, e saber que ela estava viva e bem era um alívio enorme.

    Apesar de chamá-la de obaasan — vovó — não possuíam laços sanguíneos. Em breve, Rina completaria 81 anos, sua saúde era frágil, e Mashiro tinha plena consciência de que as pessoas não viviam para sempre. Queria visitá-la, ou pelo menos telefonar-lhe com mais frequência, mas infelizmente havia um impedimento: Midory.

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