9. O cortiço

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SETEMBRO DE 1836,

O DUQUE SAI PARA UM PASSEIO ESCONDIDO.

Sam estava sentado à mesa da cozinha enquanto fitava um pedaço de pão na sua mão. Ele não conseguia comer, e isso era algo de se preocupar quando era dito a respeito de um glutão como ele.

Apesar de todo o seu receio, a sua noite com o duque tinha sido... bem, tinha sido incrível. A sensação de ter as grandes mãos de Dean percorrendo seu corpo, a língua, os lábios e os dentes dele explorando-o fora algo que ele não sabia que podia sentir em tão grande dose, e isso acontecendo enquanto Sam permanecia vendado só aumentava ainda mais as sensações. Ser possuído daquela forma tinha sido ainda melhor do que Sam imaginara, doera um pouco no começo, mas depois apenas o prazer restou. Então Dean tinha pedido que ele ficasse, os dois tinham repetido a dose e Sam o tinha cavalgado enquanto seus lábios mantinham-se unidos em um beijo desesperado. Depois o duque havia caído no sono e Sam ficara lá ao lado dele, vendo-o dormir e com os pensamentos girando.

Durante vinte e cinco anos, Samuel Hildegart tinha se escondido.

Sam tinha fingido que aquela parte sua que sentia atração por homens não existia, tinha achado por muito tempo que era doente e tinha suprimido aquilo, tinha dito a si mesmo que uma hora passaria, ele tinha se deitado com mulheres ocasionalmente, porque aquilo era esperado de um rapaz maior de idade, mas nunca tinha sentido prazer como sentira na última noite. Foi apenas depois de entrar para o Serviço de Inteligência Real que Sam conquistou um pouco de independência e passou a ter alguns encontros escondidos com outros rapazes, mas nunca chegando ao sexo, porém aquele era Samuel Smith, era sempre esse o nome que ele usava no Moça de família e que dava aos seus casos de uma noite.

Sam tinha se escondido por vinte e cinco anos e se reprimido, mas ele sentia que não podia mais fazer aquilo depois daquele passo que dera na última noite. Ele era tão homem quanto qualquer outro, não era doente, apenas preferia homens às mulheres, e estava tudo bem, Sam já tinha aceitado aquilo e não queria mais esconder-se. Sam queria poder dizer à sua família que nunca se casaria com uma dama, queria ser aceito e compreendido por eles, queria gritar ao mundo que finalmente estava liberto e que agora podia dizer que compreendia a si mesmo. Se um duque dizia a qualquer um que era um sodomita, que era homossexual, por que Sam não podia fazer o mesmo? Ele não tinha um título ou uma fortuna para zelar, era apenas um lorde de pouca importância e não se importava com a sociedade.

Pela primeira vez, Sam sentia-se livre, mas era um tipo de liberdade limitada. Ele queria poder finalmente ser totalmente livre, e o primeiro passo para aquilo era revelar à sua família quem ele realmente era.

A campainha na parede soou e Sam olhou para o quadro, vendo o sino dos aposentos do duque chacoalhando. Ele não sabia se já estava preparado para enfrentar o duque depois da última noite e agir como se nada acontecera e ser profissional, mas Sam não tinha outra opção, ele era o criado pessoal do duque e era o dever dele estar lá para ajuda-lo pela manhã. Sam tinha fugido antes do sol nascer e Dean acordar, saindo de fininho da cama dele, e esperava que não fosse chamado, já passava das sete e meia, o duque estava acordando uma hora mais tarde, e ele nunca precisara da ajuda de Sam antes.

Ele inspirou fundo para tomar coragem e se levantou, então começou a subir a enorme escada dos criados até o terceiro andar do castelo. Os ombros empertigados e o queixo erguido, as luvas calçadas e o uniforme perfeitamente passado, Sam entrou no quarto do duque exalando profissionalismo depois que bateu à porta e sua entrada foi autorizada.

- Bom dia, Vossa Graça. – Ele saudou, passando direto pela cama, onde Dean estava sentado contra a cabeceira com o torso para fora dos cobertores e uma expressão de sono.

O amor do agenteOnde histórias criam vida. Descubra agora