15. Os quadros

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OUTUBRO DE 1836,

"DEVE SABER QUE ODEIO SER PREJUDICADO, SR. SMITH."

A rotina do duque era sempre a mesma, Sam já a tinha memorizado e sabia perfeitamente como driblar a atenção dele e dos criados pelo castelo. Sam acordava todas as manhãs na cama de Dean e voltava a agir como se nada tivesse acontecido e eles não tivessem passado a noite juntos, Dean tomava seu café da manhã e ia para o salão de treinos, então ele tomava um banho e depois ia para o seu passeio pelo jardim com a duquesa, que vinha tendo um grande período de clareza mental nas últimas semanas, mas Dean ainda não permitia que ninguém além dos enfermeiros, o médico ou ele mesmo falasse com ela, então depois o duque passava o resto da manhã no seu escritório, ia ao porão para reuniões com seus homens durante a tarde e recebia advogados e administradores. Então o dia finalizava com Sam e Dean juntos no quarto dele.

Sam estava frustrado com a sua investigação inconclusiva, ele não encontrava provas que incriminasse Dean, mas também não encontrava de onde podia ter vindo as denúncias que Calvin afirmava ter recebido sobre o envolvimento de Dean com o tráfico. Ele ouvira Dean e George falarem sobre outro carregamento de drogas no dia anterior e sua certeza da inocência do duque fora por água abaixo, Sam já não sabia mais o que pensar ou fazer, mas ele precisava resolver logo aquele caso e colocar um fim naquela dúvida.

Havia também a questão de que Sam não estava mais curtindo tanto o fato de ter que se esconder e sempre ter cuidado com a possibilidade de alguém vê-lo com Dean, ele tinha decidido se assumir e viver sua vida sem medo, mas continuava se escondendo. Mas Sam não podia cobrar nada de Dean sobre assumirem uma relação enquanto ele mesmo estivesse mentindo para o Filho do Diabo sobre sua investigação e quem ele realmente era, ele precisava resolver aquilo primeiro. E apesar disso, no fundo, Sam tinha medo de que Dean não o entendesse, que pensasse que Sam tinha aceitado aquilo tudo apenas pela investigação e que os sentimentos de Sam fossem falsos.

E Sam tinha sentimentos por aquele duque.

Ele cansara de se enganar e tentar mentir.

Sam ansiava pela noite e pela próxima vez que veria Dean, passava o dia tentando cruzar com ele e arrumava desculpas para ir ao salão de treinos dele e vê-lo se exercitar. A cada dia que ele acordava e pegava Dean olhando-o dormir, sentado em uma poltrona perto da lareira e com aquela sua expressão indecifrável no rosto, era como se Sam sentisse o mundo parar e voltar a girar, seu coração fazia uma pausa nas batidas, parecendo precisar de um tempo para se acostumar com aquilo tanto quanto a mente de Sam. E então, a coisa mais estranha vinha acontecendo na última semana, Dean via-o acordar e abria um sorriso que, para qualquer outra pessoa seria imperceptível, mas que, para o Filho do Diabo, era quase como um amplo sorriso.

Duas semanas tinham se passado desde que Sam tinha ido ao porão, Dean o tinha levado nas duas semanas para as reuniões e Sam começava a gostar dos homens dele. O duque tinha saído disfarçado mais uma vez na última semana e Sam o seguira, apenas para o ver fazer o mesmo que fizera da primeira vez, distribuindo doces, dinheiro e comida para as crianças e ajudando os idosos, ele passara horas na casa de Owen daquela vez.

O prazo de Sam estava escorrendo pelo ralo enquanto ele brincava de namorado com o duque e flertava com o Filho do Diabo, Sam já tinha investigado cada caixa que chegara e saíra do porão, tinha ouvido conversas atrás de portas e descobrira os segredos das reuniões do duque e o motivo dos gritos da torre sul, que haviam cessado depois que a duquesa mudou o tratamento e estava tendo melhoras significativas. O único lugar que Sam ainda não investigara naquele castelo e que era terminantemente proibido era a antessala privada dos aposentos do duque, então ele decidira que iria para lá naquela manhã. Dean passava horas da sua semana lá e Sam ainda tinha a esperança de que poderia encontrar algo lá, mas se não encontrasse, teria que dar um jeito de investigar o escritório de Dean.

O amor do agenteOnde histórias criam vida. Descubra agora