16. Os cuidados

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OUTUBRO DE 1836,

"EU NÃO VOU DEIXÁ-LO SOZINHO."

Correndo pelos corredores do castelo e passando por criados assustados, Sam tentava seguir Dean enquanto ele corria cada vez mais rápido em direção à torre da duquesa, mas era impossível alcançá-lo, Dean parecia um corredor profissional disputando uma maratona. E então ele começou a subir as escadas da torre sul, pulando dois degraus de cada vez, e Sam precisou parar ao pé da escada, sem fôlego.

Na verdade, Sam nem sabia porque estava ali, porque tinha seguido o duque, mas ele apenas vira Dean sair correndo e saíra atrás dele, mal pensara direito e só se pôs em ação. Ele nunca tinha visto Dean parecer tão desesperado quanto estava naquele momento ao sair do escritório depois de receber a notícia, Sam queria estar perto e poder apoiá-lo caso precisasse, mas não tinha a disposição física de Dean para aquelas escadas e para a corrida. Sam precisava voltar a treinar logo, seu corpo já estava voltando a ser sedentário novamente.

Harvey o alcançou e pousou uma mão no ombro de Sam, os dois parados ao pé da escada.

- Sei que suas intenções são boas, mas é melhor não ficar perto dele no momento. – disse o homem. – Mal é impulsivo e imprevisível, precisa do próprio espaço para processar as coisas.

- Mas eu... – Sam mal conseguia falar, estava ofegante. – Eu só...

- Eu o conheço há dezoito anos, – Harvey falou. – Conheço ele e sei o que é melhor. Dê um tempo e um pouco de espaço para ele.

Sam engoliu em seco e assentiu, então começou a subir a escada e ignorou o chamado de Harvey. Dean podia precisar de tempo e espaço, mas Sam estaria por perto para o caso de ele precisar de algo além disso.

Depois de uma enorme escadaria subindo três andares, Sam saiu em um hall acarpetado em branco com uma única porta na parede em frente. A porta estava aberta e Sam podia ver a cama de dossel da duquesa, onde Dean estava sentado na beirada e acariciava o rosto da mãe adormecida enquanto o médico e os enfermeiros observavam.

- Eu informei sobre os riscos que ela correria. – O médico disse. – A doença dela é muito séria, Vossa Graça, e o tratamento possui muitos efeitos colaterais.

Dean ficou em silêncio, apenas olhando para a mãe, e Sam observou-o da porta.

- Se suspendermos a medicação, ela pode voltar? – perguntou o duque depois de um momento. – Ela pode acordar?

O doutor hesitou.

- Não há como saber. – respondeu ele. – Sua Graça está em coma e pode nunca acordar, ou então pode acordar, mas não ter mais memória.

- O que pode ser feito? – Dean indagou.

- Infelizmente, nada. – Foi a resposta do doutor.

Ninguém no quarto disse nada e nem sequer respirou alto demais. Aquele silêncio pesou cada vez mais. Sam queria aproximar-se e confortar Dean, mas não sabia se seria bem recebido, então apenas ficou parado ali na porta e observou a cena.

- Tentei tudo que havia ao meu alcance para evitar os efeitos colaterais, Vossa Graça, mas a nova medicação é experimental e muito arriscada. – disse o doutor, parecendo com medo. – Eu avisei ao senhor. Agora não posso fazer mais nada.

Dean voltou o olhar para o doutor e, pelo seu tom de voz, Sam sabia que ele tinha aquele seu olhar mortal.

- Pode mantê-la viva. – Declarou ele. – E vai fazer isso.

- Milorde, eu...

- Não quero as suas desculpas. – Dean disse em um tom de voz tão frio que até Sam se encolheu. – Você. Vai. Mantê-la. Viva.

O amor do agenteOnde histórias criam vida. Descubra agora