NOVEMBRO DE 1836,
"EU QUERO SER LIVRE."
Dean odiava aquele lugar com todas as suas forças. Ele tinha se enfiado em meio ao movimento absurdo de Harper Street quando todas as damas pareciam ter saído para comprar fitas de cetim, tomar um chá ou comprar presentes de Natal. Não só estivera na capital, como também estivera cercado de pessoas que o reconheciam e o olhavam de maneira estranha, como isso era possível, Dean não fazia ideia, já que ele mal saíra de Boyce Castle nas últimas duas décadas, mas alguém devia reconhece-lo e espalhar a fofoca para as outras pessoas.
Ele tinha subido uma estreita escada na lateral de uma loja em uma rua paralela e encontrado duas portas, uma de frente para a outra, então ele batera naquela indicada no seu papel, mas não houvera resposta nem mesmo com todas as suas batidas insistentes, então Dean acabara desistindo.
Por sorte – e graças à Fred e Munro –, ele tinha outro endereço, onde uma jovem senhora com duas crianças loiras a tiracolo lhe informara que a pessoa por quem ele procurava não estava na cidade. Sua busca acabara de se tornar ainda mais difícil do que Dean imaginava, mas ele esperava que isso contasse a seu favor em um futuro muito próximo.
Dean abandonara Harvey e Fred, que lhe acompanharam até ali, e embarcou em um navio naquela tarde, com a promessa de que chegariam em alguns dias ao destino. Mas aquilo também não deu em resultado e ele acabou dando de cara em mais uma porta, fazendo-o se sentir como um lobo perseguindo um coelho assustado que se enfiava em qualquer buraco para fugir do seu predador.
Prestes a desistir da sua busca infrutífera, Dean acabou sendo abordado por um homem, o mordomo da casa onde ele batera, e o homem lhe deu um quarto endereço onde ele deveria procurar, com a certeza de que encontraria a pessoa que procurava naquele endereço. Era meio óbvio, Dean concluiu quando tinha alugado uma carruagem para os dias seguintes de viagem, que uma casa de temporada estaria vazia em pleno novembro.
Se ele fosse um homem que acreditava na existência de Deus e fosse religioso, estaria rezando para que aquela sua busca tivesse o objetivo que ele esperava. Mas ele sabia que Deus não passava de uma mera invenção humana, Dean preferia fazer ele mesmo sua sorte ou destino, como outros chamavam, e garantir pessoalmente que conseguiria aquilo que queria.
Depois de vinte e oito anos, o temido duque de Hovedan tinha se deparado com algo que não poderia tomar, algo que não conseguiria com manipulações ou ameaças. Talvez estivesse mesmo na hora de Dean aprender a conseguir as coisas de uma maneira menos imponente e medonha, mas será que ele conseguiria fazer isso?
Ele esperava que sim.
Por dois dias inteiros, Sam adiara aquela conversa que precisava ter com a sua mãe. Ele sabia que Margot não reagiria bem àquela notícia e não queria ter que enfrentar as possíveis consequências que aquilo teria, mas estava na hora.
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O amor do agente
Historical FictionLivro 5 da série Os Hildegart. Determinado a colocar um fim no seu período trabalhando como espião para a Coroa de Egleston, Samuel Hildegart aceita sua última missão em um castelo localizado em um ducado costeiro com ilhas paradisíacas perfeitas p...