6. A proposta

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SETEMBRO DE 1836,

"NÓS DOIS SABEMOS QUE NÃO VAI DIZER NÃO."

Era meio da tarde quando Sam e os outros criados concluíram aquela listagem, havia coisas para serem feitas que manteriam a criadagem ocupada por meses, salas formais para serem reformadas, buracos nos telhados e janelas quebradas para todos os lados. O jardim coberto continuava sendo o principal projeto, os criados ainda não tinham terminado de tirar todas as roseiras desordenadas dos canteiros, aquilo ainda levaria mais um dia ou dois.

Apesar de não querer ficar no mesmo ambiente que o duque e se ver tentado a pôr seu próprio pescoço em risco, Sam estava caminhando em direção ao escritório dele enquanto Oliver ia fofocando ao seu lado. No momento, o criado contava sobre a doença da duquesa e a morte do antigo duque, que, de alguma forma, estavam entrelaçados.

- Sua Graça tinha apenas dez anos na época. – Dizia ele. – Contam que houve uma invasão de bandidos no castelo e eles pegaram a duquesa e seu marido no escritório antigo, aquele no andar principal, ouve muitos gritos da duquesa e um disparo. Foi Sua Graça quem encontrou os pais lá, sua mãe fora agredida pelos bandidos, que bateram sua cabeça contra a parede e socaram seu corpo, ela ficou sem memória depois daquela noite, vive com a mente ruim e foi confinada na torre sul pois já não é mais uma pessoa estável, o antigo duque, pai de Sua Graça, estava morto no chão em uma poça de sangue e com um tiro na cabeça. O antigo mordomo o encontrou lá e o tirou do escritório, chamando a guarda depois, mas os bandidos já tinham fugido.

- Mais alguém viu os bandidos dentro do castelo? – Sam indagou, seu instinto investigativo farejando algo errado naquela história.

- O antigo mordomo e a Sra. Clio dizem ter visto cinco homens fugindo pelos fundos do castelo, mas ninguém fala muito sobre isso. – Oliver contou. – Foi algo muito triste. Sua Graça herdou o título com apenas dez anos, perdeu o pai e, de certa forma, a mãe também, tudo na mesma noite. Essa noite é um assunto proibido no castelo.

- E o que, exatamente, a duquesa tem? – Sam perguntou, subindo um lance de escadas.

Oliver deu de ombros.

- Ninguém sabe ao certo. Em um dia, ela acorda se lembrando de tudo e sai para uma caminhada pelos corredores, em outro dia acorda gritando e dizendo coisas sem sentido, não se lembra de ninguém e não há nada que a acalme, ela pensa que ainda está naquela noite em que foi agredida pelos bandidos. Sua Graça conseguia acalmá-la, mas conforme os anos foram passando, ele foi mudando e não é mais tão parecido com o menino que era naquela noite, então nem mesmo ele pode acalmar sua mãe. O médico aconselhou encerrá-la em um manicômio, o duque já tem um documento que constata a instabilidade dela, mas ele se recusa a fazer isso e mantém enfermeiros e médicos para cuidar dela no castelo.

Antes do que Sam gostaria, eles estavam à porta do escritório do duque. E não havia para onde ele correr naquele momento.

- Boa sorte aí dentro. – Oliver comentou.

Sam ergueu a mão e bateu à porta, ouvindo a autorização para entrar logo em seguida.

- Obrigado. – Ele murmurou para o criado e girou a maçaneta enquanto Oliver voltava a caminhar pelo corredor para cumprir seus afazeres.

Ao abrir a porta, Sam se deparou com o duque acompanhado de dois outros homens, ambos em pé pelo escritório. O primeiro que Sam notou era um homem alto de estatura esguia, cabelos negros e olhos azuis, ele trajava uma roupa informal que indicava que, provavelmente, era um dos trabalhadores do castelo ou do posto comercial. O outro homem era de altura mediana e tinha cabelos e olhos castanhos, ele se parecia mais com um advogado ou algo do tipo.

O amor do agenteOnde histórias criam vida. Descubra agora