17. O mistério

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OUTUBRO DE 1836,

SAM DESVENDA O MISTÉRIO DO FILHO DO DIABO.

Depois de uma semana que a duquesa estava em coma, ninguém mais tinha esperanças de que ela fosse acordar, exceto Dean, que passava horas e mais horas todos os dias ao lado da mãe, virava noites em claro e tinha mandado buscarem os melhores médicos do reino, sem sucesso algum. Sam passava algumas horas com ele velando o sono profundo da mãe e tentava alegrá-lo um pouco, mas ele acabou percebendo que Harvey tinha razão e o melhor a se fazer era dar espaço para que o duque lidasse com seus problemas da forma como estava acostumado a fazer.

Sam servia as refeições de Dean no quarto da duquesa e passava algumas horas com ele, os dois trocavam algumas palavras, mas a tensão e a irritabilidade de Dean eram evidentes. Ele garantia que Dean soubesse que ele estava ali, mas não forçava a sua presença, acompanhava o duque até seu quarto à noite e via a porta ser fechada na sua cara sem sequer uma palavra, então ouvia os gritos do duque durante os pesadelos na madrugada, às vezes Dean pedia que ele passasse a noite na sua cama, às vezes apenas ignorava Sam, e ele entendia os motivos do duque. Sam sabia que os criados desconfiavam da proximidade dos dois, fofocas deviam estar correndo pelo castelo, mas Sam não se importava, ele só queria estar ali para o caso de Dean precisar de apoio.

Era impossível Sam dizer naquele momento que não tinha sentimentos por Dean, ele sabia que provavelmente estava muito encrencado e que não terminariam bem se ele não concluísse sua investigação logo e contasse a verdade à Dean, mas Sam havia deixado sua investigação um pouco de lado na última semana.

Naquele momento, Sam estava acabando de recolher as louças do jantar no quarto da duquesa, Dean tinha descido para o seu quarto para tomar um banho depois de passar quase a tarde toda e o início da noite ao lado da mãe. Sam estava com os pensamentos longe quando o doutor colocou uma bandeja de metal sobre a mesa, dentro dela havia um vidro de coloração negra e uma seringa com agulha. O doutor pegou o vidro negro nas mãos e Sam reconheceu o nome estranho da droga no mesmo instante.

- Este é o remédio da duquesa? – Sam indagou, abandonando o seu trabalho e virando-se para o médico.

O homem baixinho e franzino arqueou uma sobrancelha.

- Sim. – falou ele. – Algum problema?

Ah, sim. Havia um grande problema.

- Essa droga não possui liberação para comércio e uso no reino. – Sam falou, preocupado.

O doutor ficou tenso e abandonou o vidro, olhou para a porta aberta, parecendo conferir se alguém os ouvia.

- Fale baixo! – exclamou ele, sussurrando. – Os enfermeiros não sabem sobre isso e nunca concordariam em cuidar da duquesa se soubessem o que isso significa.

- Mas o senhor sabe sobre isso, então. – Sam falou em um tom baixo e irritado. – Sabe que não deveria usar essa droga na duquesa. Os médicos reais não autorizaram seu uso por um motivo, ela é perigosa demais.

O doutor tocou o braço de Sam, desesperado.

- Eu sei de tudo isso perfeitamente. E alertei Sua Graça sobre cada um dos riscos desse tratamento. – O homem explicou. – Ele ameaçou a mim e a minha família se eu não concordasse em realizar esse tratamento na sua mãe, mesmo com todos os riscos que existem, então não me restou escolha a não ser concordar, mas eu pensei que ele não conseguiria comprar o medicamento. É obvio que ele conseguiu, de alguma forma, e eu tive que fazer o que ele me pediu, ou então minha família seria prejudicada pelo Filho do Diabo.

Sam encarava o doutor, sem acreditar nas palavras que ouvia.

Então uma engrenagem começou a girar na sua mente.

O amor do agenteOnde histórias criam vida. Descubra agora