12. O conde

480 47 21
                                    

SETEMBRO DE 1836,

"TALVEZ SAM ATÉ QUISESSE OUTRA PUNIÇÃO."

Segunda-feira era a folga de Sam.

Ele abriu os olhos ao acordar e viu onde estava, mas o mais surpreendente era a posição em que estava.

Aquela era a câmara ducal de Hovedan, a enorme e macia cama do duque, e Sam estava dormindo no centro dela, com o corpo de Dean muito colado ao seu. Sob os cobertores, ambos não vestiam uma peça de roupa sequer. Sam tinha cedido e passado a noite ali.

O sol começava a infiltrar-se por baixo das cortinas, o relógio sobre a lareira mostrava ser sete e dez da manhã. Sam, apesar de não querer, fez um esforço para tirar o braço de baixo do corpo de Dean e afastou-se lentamente para a beirada da cama.

- O que está fazendo? – a voz ensonada dele chegou aos ouvidos de Sam quando ele pousou os pés para fora da cama.

- Me levantando. – Sam falou sem se virar para olhá-lo. – O dia já amanheceu e você já está atrasado, Vossa Graça.

Ouvindo um grunhido e uma reclamação, Sam sentiu um braço forte envolver sua cintura.

- Não me chame assim. – Dean disse, mais uma ordem do que um pedido. – Eu odeio esse título.

Ele tentou puxar Sam para trás, mas Sam não deixou e levantou-se da cama antes que a habilidade de persuasão do duque o convencesse.

- Mas esse é o seu título. – Sam falou, caminhando para onde suas roupas estavam. – E nós concordamos que manteríamos as coisas profissionais durante o dia. Eu nem devia ter passado essa noite aqui, foi a última vez.

Outro grunhido veio da cama.

- Eu revogo o acordo, então. – Dean disse com seriedade. – Nada de profissionalismo durante o dia, deve me chamar pelo meu nome, ou então de "gostosão" ou "lindão". E vou poder possuí-lo onde quiser, sobre minha mesa de trabalho, em um armário no corredor ou na sala de jantar, seja dia ou noite.

Sam abriu um sorriso enquanto se vestia.

- Parece que alguém está de bom humor hoje. – comentou ele. Era realmente uma surpresa vê-lo daquela forma tão descontraída. – Mas nem isso pode me convencer a concordar com esse novo acordo absurdo.

Dean reclamou e levantou-se, indo para o banheiro. Sam fez o melhor que pode para que seu uniforme do dia anterior não ficasse tão amarrotado e usou um pouco da água do lavatório do duque para arrumar os cabelos antes que Dean começasse a se barbear, como todas as manhãs.

- Vou providenciar o seu desjejum e seu banho, Vossa Graça. – Sam disse enquanto calçava as luvas, forçando a profissionalidade para impor novamente aquela barreira. – Deseja algo mais antes que eu saia para a minha folga?

O olhar de Dean encontrou o dele pelo espelho.

- Folga? – indagou ele.

- Hoje é segunda-feira, minha folga. – lembrou Sam. – Deseja alguma coisa?

Ele meneou a cabeça em negativa, parando de barbear-se.

- Vou passar o dia ocupado, resolvendo algumas coisas na minha antessala privada. – disse ele. – Não quero ser interrompido.

Sam assentiu, pediu licença e fez uma mesura, saindo em seguida.

Os criados pareceram não notar que Sam usava o mesmo uniforme do dia anterior. Oliver, que tinha se tornado o aprendiz de mordomo e braço direito de Sam, assumiu as responsabilidades dele com os convites e possíveis visitas que nunca chegavam em Boyce Castle. Sam pediu que os criados terminassem de plantar as novas flores na estufa enquanto ele estivesse fora e mandou que não interrompessem o duque em hipótese alguma. A Sra. Clio estava na cozinha e autorizou a saída de Sam para a sua folga, então ele subiu para o seu quarto para se trocar e sair.

O amor do agenteOnde histórias criam vida. Descubra agora